A importância de entender o ego na liderança e nas relações no ambiente corporativo
Você já parou para pensar o que leva alguém a buscar a companhia apenas daqueles que o elogiam? Ou por que um líder interrompe constantemente sua equipe em uma reunião, desvaloriza ideias e insiste em um caminho que favorece sua imagem pessoal, em vez de focar no benefício da empresa? Para Giovana Pedroso, TEDx Speaker e especialista em comunicação, a explicação pode estar no medo da morte do ego – uma das principais causas dos conflitos e desafios de comunicação no ambiente corporativo.
O conceito proposto por Giovana Pedroso tem como base a abordagem do psicólogo e consultor Karl Albrecht, que sustenta que todos os medos humanos, sejam reais ou imaginários, podem ser atribuídos a cinco grandes medos universais. No topo dessa lista está justamente o medo da morte do ego, um fator que pode ser observado cotidianamente nas dinâmicas de trabalho nas organizações.
O medo da morte do ego nas relações de trabalho
Giovana Pedroso explica que o medo da morte do ego é um dos principais responsáveis por comportamentos que minam a comunicação eficaz nas empresas. “Quando o profissional tem medo de ser comparado com os outros, ele prefere não se expor. Por outro lado, quando ele sente a necessidade de se afirmar constantemente, falando sobre como é bom ou o quão incríveis são suas ideias, o medo do ego está presente”, reflete. Segundo a especialista, essas atitudes podem ocorrer de maneira imperceptível, mas acabam sendo decisivas para o comportamento de uma pessoa no ambiente de trabalho.
Esses medos podem gerar respostas autoritárias, agressivas ou até o silêncio absoluto de um profissional, que prefere não se expor a correr o risco de ser comparado ou de ver sua imagem abalada. Giovana enfatiza que esses comportamentos não são conscientes, mas sim uma reação às inseguranças alimentadas pelo ego.
O papel da liderança na gestão do ego
A especialista aponta que o maior desafio é para os líderes, que devem estar atentos ao impacto da voz do ego em suas ações e decisões. “É preciso questionar o impacto do ego em cada atitude, principalmente nas relações com a equipe”, alerta. Segundo ela, a chave para uma liderança mais eficaz e para a construção de um ambiente de trabalho mais saudável está justamente em “baixar o volume” do ego. Quando isso é feito, os líderes conseguem se comunicar de maneira mais autêntica, o que contribui para a criação de relações mais produtivas.
“Silenciar o ego é um desafio constante, e certamente não é uma tarefa fácil”, explica Giovana Pedroso. “O ego pode minar a capacidade de aprender com os próprios erros, além de prejudicar a construção de um ambiente de confiança e colaboração”, complementa. Para ela, o líder deve estar ciente de que o ego destrói, pouco a pouco, a disposição das pessoas em se exporem de maneira autêntica, prejudicando o aprendizado coletivo.
Três razões para deixar o ego “fora da sala”
Giovana Pedroso compartilha três razões importantes para que os profissionais adotem a prática de deixar o ego “fora da sala”:
- As pessoas não estão tão focadas em você quanto parece: Muitas vezes, adotamos comportamentos retraídos ou exibicionistas por achar que todos estão prestando atenção em cada movimento nosso. A realidade, no entanto, é que as pessoas estão mais focadas em si mesmas do que naquilo que fazemos.
- O erro é uma parte inevitável da vida: Errar faz parte do processo de aprendizado. Se a reputação de alguém não for capaz de absorver esses erros, como o escritor Ryan Holiday observa, ela “simplesmente nunca valeu de nada”.
- O ego pode levar ao efeito “ouro de tolo”: Muitas vezes, trabalhamos incessantemente por um objetivo, mas ao alcançá-lo, não conseguimos aproveitá-lo porque estamos em uma corrida constante para chegar a uma linha de chegada que nunca se concretiza. O ego nos impede de desfrutar das conquistas, fazendo com que busquemos sempre mais, sem valorizar o que já foi alcançado.
Como deixar o ego “fora da sala”?
Para aqueles que desejam adotar uma comunicação mais orientada para as pessoas e menos dominada pelo ego, Giovana Pedroso sugere dois exercícios simples, mas eficazes.
1. Pergunte-se antes de falar
Antes de fazer uma apresentação ou tomar a palavra em uma reunião, Giovana sugere que os profissionais se perguntem: “Como posso tornar as coisas melhores, não somente para mim? Estou mais preocupado com isso ou mais empenhado em parecer o melhor?” Essas perguntas podem ser fundamentais para refletir sobre a verdadeira intenção por trás da comunicação e ajudar a focar no bem coletivo, em vez de nas próprias necessidades de validação.
2. Exercício de reflexão pós-fala
Se a oportunidade de reflexão não aconteceu antes de falar, é possível realizá-la depois. O exercício consiste em pegar um pedaço de papel, riscar a folha ao meio e escrever, de um lado, o que foi dito na reunião ou apresentação, e do outro, o que se estava realmente pensando naquele momento. Giovana acredita que esse exercício pode surpreender as pessoas, pois revela os pensamentos que governam suas próprias comunicações, muitas vezes sem que elas percebam.
“Com o tempo, você começará a perceber os padrões de comportamento que são impulsionados pelo ego”, explica a especialista. “Esse processo de reflexão constante é essencial para quem deseja uma comunicação mais autêntica e eficaz”, completa.
A comunicação orientada para as pessoas
A reflexão e o questionamento sobre o impacto do ego podem ser o primeiro passo para uma mudança significativa na forma como nos comunicamos no ambiente corporativo. Giovana Pedroso alerta que o ego tem um poder destrutivo, mas que, se bem compreendido e controlado, pode ser minimizado, criando um ambiente mais colaborativo, saudável e produtivo.
“Deixe o ego fora da sala”, conclui Giovana. “Ao fazer isso, você dará espaço para uma comunicação mais humana, mais verdadeira, e mais eficaz.”
Para saber mais sobre o tema, assista à palestra completa de Giovana Pedroso no TEDx Talks, intitulada “Deixe o Ego Fora da Sala”.