Vinho Tinto e o Poder Feminino: Como Mulheres estão Redefinindo o Mercado Brasileiro

De consumidoras ocasionais a protagonistas, mulheres lideram mudanças no consumo de vinhos tintos e diversificam o setor


Introdução: Um brinde à nova era do vinho no Brasil

Quando pensamos em vinho tinto, logo associamos a imagem a taças elegantes, jantares românticos ou até mesmo a um símbolo de sofisticação. Mas o que os números revelam em 2024 vai além dos estereótipos: as mulheres estão no comando. Segundo o relatório IWSR Brazil Wine Landscapes 2025 , elas representam 53% do mercado consumidor de vinhos no Brasil, um salto de 6% desde 2019. E o mais fascinante? Esse crescimento não se limita a estatísticas — ele reflete uma revolução cultural, onde o vinho tinto, antes visto como “bebida masculina”, ganha novos significados nas mãos de mulheres que ditam tendências.

Neste artigo, exploramos como o protagonismo feminino está transformando o consumo de vinhos tintos, brancos e rosés, além de destacar histórias de mulheres que, como Susana Balbo e Fabiana Bracco, estão escrevendo um novo capítulo na história da viticultura global. Vamos entender como esse movimento impacta o mercado, os hábitos dos brasileiros e o futuro da indústria.


A Ascensão Feminina no Mercado de Vinhos: Dados que Surpreendem

Mulheres lideram o consumo, mas não são as mesmas de antes

Em 2024, 53% das compras de vinho no Brasil são feitas por mulheres. O dado chama atenção não apenas pelo volume, mas pela diversidade de perfis. Enquanto 48% das consumidoras têm entre 25 e 44 anos, a faixa etária de 55 a 64 anos registrou um crescimento expressivo: de 14% em 2019 para 19% em 2024. Isso mostra que o vinho tinto — e outras variedades — deixou de ser um produto restrito a jovens ou a momentos específicos.

“Antes, as mulheres eram vistas como consumidoras ocasionais. Hoje, são elas que definem tendências”, explica Laura Barros, diretora de Marketing do Grupo Wine. Segundo ela, essa mudança reflete uma quebra de paradigmas: o vinho está mais acessível, democrático e, claro, alinhado aos novos hábitos femininos.

A queda do reinado do vinho tinto e a diversificação

Apesar de o vinho tinto ainda liderar as preferências, sua fatia no mercado caiu de 70% (2020) para 61% (2024). Quem ganha espaço são os brancos (20%) e rosés (8%). A Ideal BI aponta que as mulheres são as principais responsáveis por essa mudança. Elas buscam experiências, não apenas produtos. “Elas desafiam estereótipos e reescrevem narrativas”, completa Laura.


O Vinho Tinto na Era da Experimentação Consciente

Por que as mulheres estão abandonando o tradicional?

A resposta está na combinação de dois fatores: consciência e curiosidade . Enquanto o vinho tinto ainda é símbolo de elegância, as mulheres estão mais propensas a explorar rótulos menos convencionais. Um relatório do Grupo Wine revela que 65% delas priorizam “sustentabilidade” e “origem” na hora de comprar, enquanto 58% buscam vinhos que “contam histórias”.

Isso explica o crescimento de vinhos orgânicos, biodinâmicos e de pequenos produtores. “Elas não querem apenas beber; querem conectar-se com a cultura por trás da bebida”, afirma a sommelière Ana Cristina Silva.

O papel do enoturismo e da experiência

As mulheres também estão impulsionando o enoturismo. Vinícolas como a Susana Balbo Wines , na Argentina, e a Bracco Bosca , no Uruguai, investem em hospedagens boutique e experiências imersivas para atrair esse público. “Nossas hóspedes querem entender o processo, colher uvas e até participar de blendagens”, conta Susana Balbo, pioneira na produção de vinhos argentinos.


Mulheres que Transformam a História do Vinho

Susana Balbo: A “Rainha do Torrontés” que democratizou o vinho argentino

Aos 67 anos, Susana Balbo é uma lenda viva. Primeira enóloga da Argentina, ela revolucionou a indústria ao apostar na uva Torrontés, antes subestimada. Seu trabalho rendeu-lhe o título de “Lenda da Enologia” pelo crítico Tim Atkin e uma vaga no Decanter Hall of Fame . Hoje, além de produzir vinhos premiados, ela administra o Susana Balbo Unique Stays , um hotel que mistura luxo e educação vitivinícola.

“Minha missão é mostrar que o vinho não tem gênero. Ele é para todos que têm paixão”, diz Susana em entrevista exclusiva.

Fabiana Bracco: Sustentabilidade e inovação no Uruguai

No Uruguai, Fabiana Bracco transformou a vinícola familiar em um case de sucesso global. Após abandonar uma carreira em Relações Internacionais, ela assumiu os negócios da família em 2016 e, em apenas oito anos, expandiu as exportações para 21 países. Seu rótulo Gran Ombú Cabernet Franc foi eleito o melhor do Uruguai por cinco anos consecutivos.

Além disso, Fabiana criou a Viña Viva , uma pousada sustentável cercada por vinhedos. “Queremos que as pessoas vivam o vinho de forma holística, da terra à taça”, explica.


O Futuro do Vinho Tinto e a Influência Feminina

Tendências para os próximos anos

Se o vinho tinto ainda é maioria, o futuro pertence à diversificação. Estudos indicam que o consumo de vinhos orgânicos deve crescer 20% ao ano até 2025, impulsionado principalmente por mulheres. Além disso, plataformas de clube de vinhos, como o Clube Wine , registram aumento de 35% em sócias femininas.

“Elas não seguem modismos; criam-nos”, destaca Laura Barros. “Hoje, uma mulher de 60 anos pode preferir um rosé espumante, enquanto uma jovem de 25 anos explora um tinto encorpado. O mercado precisa acompanhar essa pluralidade”.

Desafios e oportunidades

Apesar dos avanços, desafios persistem. Ainda há uma sub-representação feminina em cargos técnicos da indústria, como enologia e gestão de vinícolas. No entanto, iniciativas como a Women in Wine , rede global de profissionais, buscam mudar esse cenário.


Conclusão: Um brinde à diversidade

O vinho tinto pode ter sido o símbolo de uma era, mas o futuro é plural. Mulheres estão redefinindo não apenas o que bebemos, mas como nos relacionamos com o vinho. Elas transformam uma bebida em uma experiência, um produto em uma filosofia. E, nesse processo, mostram que o verdadeiro luxo não está na taça, mas na liberdade de escolher.

Como diria Susana Balbo: “O vinho é democrático. Basta ter paixão”. E paixão é algo que, definitivamente, não falta às mulheres do vinho.

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