Nesta terça-feira, 18, o Governo Federal entregou o novo arcabouço fiscal para o Congresso Nacional. Nesta quarta-feira, 18, já foi possível ver uma reação pessimista do mercado: o dólar bateu R$5,06, o que refletiu a desconfiança dos investidores em relação ao texto.
Diante disso, Bruno Monsanto, assessor de investimentos e sócio da RJ+ Investimentos, preparou o material abaixo com orientações sobre como proteger a carteira de investimentos diante da nova regra fiscal.
Como defender sua carteira de investimentos com o texto final da nova regra fiscal
Além de “não convencer” o mercado de que a nova regra fiscal vai cumprir seu papel, por diversas razões, como: i) não ancora expectativas de inflação; ii) não garante que a saúde das contas públicas será sustentável a longo prazo; iii) para o governo gastar tudo o que pretende e a conta fechar, as receitas precisam crescer, e muito. Sem aumento da carga tributária, a receita só pode aumentar com uma economia pujante, com altas taxas de crescimento e aumento da produtividade – o que, não parece ser o cenário que temos pela frente. E ainda, uma “surpresa”: fiscal pode trazer mais de 10 itens fora dos limites de gastos. Então, precisamos estar muito atentos aos prováveis desdobramentos na economia, considerando que o texto passe pelo congresso.
É sabido que o Governo vai gastar mais, e, muito provavelmente, aumentar impostos. Temos então o primeiro impacto – risco de pressão inflacionária aumenta. Vejamos as últimas projeções do Boletim Focus (Bacen) para o IPCA.
Há três semanas seguidas, a projeção do mercado para o IPCA em 2023 vem aumentando. Para 2024, já são duas semanas consecutivas de projeção revisada para cima.
Para garantir ganhos reais (acima da inflação), os títulos de renda fixa IPCA+ podem ser boas opções. Mas as opções são muitas. Desde os mais populares, emitidos por bancos – CDBs, LCAs e LCIs, o próprio Tesouro IPCA+, ou os títulos de crédito privado (Debêntures, CRIs e CRAs) – que costumam oferecer rentabilidades mais interessantes e isenção de I.R. Mas atenção ao risco do emissor. Esses títulos não contam com o FGC.
Olhando para a taxa de juros, podemos esperar que a Selic inicie o ciclo de cortes, provavelmente no segundo semestre, conforme aprontam projeções do Focus.
Pode ser uma boa hora para prefixar parte do portfólio a taxas em torno de 12%, 14% a.a., por exemplo. A Selic parece estar no final do ciclo de alta, com mais chances de cair do que subir nos próximos anos. Essa taxa adquirida agora, enquanto a Selic está alta, tende a ficar com uma equivalência maior em relação ao CDI. Por exemplo, um prefixado de 13,5% a.a. equivale a aproximadamente 100% do cdi. Supondo que no final de 2024 a Selic esteja em 10% a.a., essa mesma taxa seria então equivalente a 136% do cdi. Mas atenção. Os prefixados prometem uma taxa que, no momento do investimento pode parecer bem interessante. Mas existe aí um custo de oportunidade, ou seja, em algum momento o mercado pode oscilar e essa taxa deixar de ser tão atrativa. Por exemplo, se adquirimos um pré de 13,5% com uma expectativa de IPCA a 6%, esperamos ter um ganho real de 7,5%. Mas, se a inflação for a 10%, nosso ganho real passaria a ser de apenas 3,5%. E claro, quanto maior o prazo do título, maior o seu risco.
Os pós-fixados atrelados à Selic/CDI continuam sendo uma boa opção principalmente para a reserva de liquidez do portfólio, afinal ainda temos juros de 13,75% e, mesmo com a expectativa de cortes, estes devem ser feitos de forma gradual.
E para quem tem mais apetite a risco, os fundos multimercados e as ações, sempre podem trazer ganhos mais parrudos. Vale lembrar que estratégias assim, devem ser consideradas sempre com visão de longo prazo. Mas não cometa este erro: escolher um fundo multimercado ou de ações, ou mesmo uma carteira de renda variável, com base apenas no histórico de rentabilidade. Um gráfico bonito em 12 meses não diz muita coisa sobre a capacidade do gestor de continuar entregando bons resultados.