Artistas à Beira da Extinção? O Impacto da IA na Criação Artística

Por Rafael Ramos

Com a ascensão dos modelos de Inteligência Artificial (IA) Generativa, como o ChatGPT, o acesso a uma vasta gama de conhecimento sintetizado tornou-se mais acessível do que nunca. Tarefas que antes exigiam horas de trabalho árduo, como sumarizar textos, traduzir idiomas, resolver problemas matemáticos complexos e até mesmo gerar imagens, agora são simplificadas ao simples ato de digitar palavras e apertar “enter”. No entanto, esse avanço tecnológico levanta a questão: estariam os artistas à beira da extinção?

Um ponto importante a ser considerado é que os modelos generativos de IA não existiriam sem os artistas reais. Cada texto ou imagem gerados artificialmente se baseiam nos milhões de exemplos que foram usados em seu treinamento. Nada é criado “do zero”. Se um modelo é capaz de emular a escrita de Shakespeare, isso se deve ao fato de que ele teve acesso aos textos do renomado poeta. Além disso, estudos mostram que modelos sucessivamente treinados com conteúdo gerado por IA tendem a produzir resultados menos diversos. Isso reforça a ideia de que a originalidade dos artistas continua sendo crucial para que os modelos alcancem bons resultados.

Esse aspecto levanta uma outra discussão importante: a dos direitos autorais. As bases de dados usadas para treinar os modelos generativos incluem uma ampla variedade de materiais encontrados publicamente na internet e em outras fontes. Contudo, tem havido alegações de que material proprietário está sendo utilizado sem o devido consentimento, como no caso da escritora Sarah Silverman, que entrou com um processo legal contra a OpenAI, a criadora do ChatGPT, e a Meta (anteriormente conhecida como Facebook). Silverman alega que seus textos foram obtidos de maneira ilegal e utilizados sem sua autorização, configurando assim uma violação da lei de propriedade intelectual.

É notável o crescimento do movimento de artistas que se opõem ao uso de suas obras no treinamento de modelos de IA. Em resposta a protestos, a Stability AI, criadora do Stable Diffusion, permitiu que os artistas optassem por não ter suas obras utilizadas na versão mais recente da ferramenta, resultando na remoção de 80 milhões de imagens da base de dados. Isso, por um lado, reduz a diversidade da IA, mas, por outro, representa um passo positivo em direção ao consentimento e à justa compensação pelo trabalho dos artistas. Esses embates trazem à tona a necessidade de uma revisão das leis de direitos autorais, uma vez que empresas estão lucrando milhões de dólares com o trabalho de pessoas que não recebem uma remuneração adequada.

Por fim, é importante ressaltar que os modelos generativos de IA são, essencialmente, replicadores do que aprenderam. Não há um processo de criação, nem uma mensagem ou posicionamento artístico por trás das obras geradas. É pura matemática. Até o momento em que a IA for capaz de gerar mentes ou almas genuinamente similares às humanas, os artistas ainda terão um longo reinado criativo pela frente. A criatividade humana continuará sendo insubstituível, mesmo em um mundo cada vez mais dominado pela IA.

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top
Aluf dá Show de Moda na Abertura do SPFW com Participação Especial da Orquestra Sinfônica Heliópolis TEDx Praia do Forte: Descubra o Poder da Sustentabilidade e Empoderamento em um Mundo em Transformação Navio Roupa Nova 40 Anos: Uma Viagem Mágica pelos Mares da Música Brasileira 7 Jogos leves para celulares fracos (Android 1GB RAM / Mobile) Explorando a Nova Parceria: Belle Belinha e Kine-Chan Agitam as Redes Sociais Sabores Sem Glúten no Nikkey Palace Hotel Como funciona o sorteio da Loteria Federal, saiba como concorrer aos prêmios 12 Cidades para incluir numa viagem para a Tailândia  Projeto de Lei: Regulamentação da Inteligência Artificial