Por Rafael Ramos
A gestão eficaz do “lead time” na indústria é um fator crítico para o sucesso operacional e financeiro de qualquer empresa de manufatura. Este artigo explora o significado do “lead time” e seu impacto profundo na produtividade e lucratividade, com base em um estudo revelador que destaca a importância de otimizar esse elemento fundamental na cadeia de produção.
O Que é “Lead Time”?
Em seu cerne, o “lead time” é o período entre o início de um processo industrial e a sua conclusão. Essencialmente, ele abrange todas as etapas desde a aquisição de matéria-prima até a disponibilidade do produto final para o estoque. Em um cenário industrial, existem várias manifestações do “lead time”, incluindo o “lead time” de reposição de insumos, o “lead time” industrial e o “lead time” de entrega. Este último está relacionado ao tempo necessário para entregar os produtos acabados aos clientes.
O Impacto Financeiro da Ineficiência no “Lead Time”
Ricardo Borgatti, um consultor experiente na área e co-fundador da Cogtive, plataforma de automação da gestão da produção fabril, identificou uma questão alarmante: a ineficiência na gestão do “lead time” pode reter até 30% do faturamento de uma indústria. Em um estudo recente que analisou casos de indústrias de manufatura, Borgatti observou que empresas com faturamentos que variam de R$ 300 milhões a mais de R$ 1 bilhão anualmente estão retendo entre R$ 15 milhões e R$ 300 milhões em fluxo de caixa devido a essa ineficiência.
O impacto financeiro é inegável e, de acordo com Borgatti, esse capital retido poderia ser mais bem utilizado para melhorar a saúde financeira das empresas e investir em oportunidades de crescimento. Portanto, a gestão eficiente do “lead time” deve ser considerada um diferencial estratégico para qualquer indústria.
Transformação por Meio da Automação
Um dos aspectos interessantes do estudo é a descoberta de que empresas que adotaram uma abordagem de gestão de materiais e fluxos de produção baseada no conceito de “lean manufacturing” (manufatura enxuta) conseguiram reduzir seu “lead time” em até 50%. Isso resultou em uma diminuição significativa nos estoques em processo e de produtos acabados.
Um exemplo notável é o da Apsen Farmacêutica, uma empresa familiar que transformou sua gestão do chão de fábrica com a ajuda da tecnologia da Cogtive. Com uma redução impressionante de 46% em seu “lead time” industrial, a Apsen demonstrou como a automação e a análise em tempo real podem revolucionar a eficiência operacional.
O “Lead Time” e seus Efeitos Profundos
O “lead time” não é apenas uma métrica interna; ele tem impactos profundos em toda a operação e reputação de uma empresa. Quanto mais longo o “lead time”, maior a necessidade de manter estoques para atender à demanda, o que gera custos adicionais, incluindo armazenamento e capital parado. Além disso, um “lead time” estendido pode prejudicar a satisfação do cliente e a competitividade, resultando em perda de vendas e danos à reputação da empresa.
Por outro lado, uma gestão eficiente do “lead time” pode proporcionar uma vantagem competitiva significativa. A capacidade de entregar produtos mais rapidamente do que a concorrência pode ser um diferencial valioso, especialmente em setores sujeitos a rápidas mudanças na demanda.
Conclusão: Desbloqueando o Potencial do “Lead Time”
Em resumo, o “lead time” é um fator crítico na indústria de manufatura que pode afetar profundamente a produtividade, os custos operacionais e a saúde financeira de uma empresa. A automação e a otimização da gestão do “lead time” podem liberar milhões de reais em capital de giro, fortalecendo a competitividade e permitindo investimentos em expansão, inovação e melhoria contínua.
Portanto, é fundamental que as empresas considerem o “lead time” não apenas como uma métrica operacional, mas como um elemento estratégico essencial para o sucesso a longo prazo na indústria de manufatura. Aqueles que buscam a eficiência nessa área estão posicionados para colher os benefícios de uma operação mais ágil e lucrativa.