
Dados revelam crise invisível que custa bilhões aos cofres públicos e expõe milhões a doenças evitáveis. Especialista aponta soluções urgentes.
A Crise que Ninguém Vê (mas Todos Sentem)
Quando falamos em “crise sanitária”, muitos imaginam hospitais lotados ou vírus desconhecidos. Mas há uma epidemia silenciosa corroendo o Brasil: a falta de saneamento básico. Dados do Instituto Trata Brasil (2024) , baseados no SNIS (2022), mostram que 100 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de esgoto e 35 milhões vivem sem água potável . Isso não é apenas um número — é uma sentença de vulnerabilidade para famílias inteiras.
Enquanto escrevo este artigo, lembro-me de uma visita a uma comunidade no interior de Minas Gerais, onde crianças brincavam próximas a córregos poluídos. A realidade, infelizmente, se repete em 3.971 municípios do país. E os impactos vão além do desconforto: eles definem quem adoecerá, quem faltará ao trabalho e até quantos bilhões serão drenados do SUS.
Doenças da Água Suja: Um Custo de Vidas e Recursos
A conexão entre saneamento precário e saúde pública é direta. Em 2024, o Ministério da Saúde registrou 175 mil internações por doenças relacionadas à água contaminada — uma queda de 8% em relação a 2023, mas ainda um número alarmante. Entre as enfermidades mais comuns estão:
- Diarreia infecciosa (responsável por 40% das internações infantis em áreas sem esgoto)
- Hepatite A (transmitida por água não tratada)
- Leptospirose (associada a enchentes e esgoto a céu aberto)
Segundo a OMS , cada dólar investido em saneamento economiza US4emgastosmeˊdicos.NoBrasil,poreˊm,ocaˊlculoeˊinverso:acadaano,∗∗R 3,5 bilhões são gastos** para tratar doenças evitáveis ligadas à falta de infraestrutura hídrica.
“O Marco Legal foi um Passo, mas é Só o Começo”
Para Sibylle Muller , CEO da NeoAcqua, empresa referência em soluções sustentáveis de água e esgoto, o país precisa acelerar o passo. “O Marco Legal do Saneamento (2020) trouxe avanços, mas a universalização do saneamento exigirá investimentos estratégicos, especialmente em tecnologias descentralizadas” , afirma.
Ela destaca que sistemas compactos de tratamento — como os ETEs modulares — podem ser instalados em regiões onde redes tradicionais são inviáveis. “Em áreas rurais ou periféricas, essas soluções reduzem custos e poluição, mas dependem de parcerias entre setor público e privado” , explica.
Por Que o Saneamento Decide o PIB?
A crise não é só humanitária — é econômica. Um estudo da FGV (2023) revelou que municípios com cobertura de esgoto acima de 80% têm 12% mais produtividade nas indústrias locais. Isso ocorre porque:
- Menos absenteísmo : Funcionários saudáveis trabalham mais.
- Turismo fortalecido : Cidades com saneamento adequado atraem mais visitantes.
- Valorização imobiliária : Imóveis em áreas com infraestrutura custam até 30% mais.
Por outro lado, a cada 1% de aumento na cobertura de esgoto, o PIB per capita cresce 0,35%. “É um ciclo virtuoso: saúde pública robusta gera economia forte” , resume Sibylle.
Soluções para Ontem: Tecnologia, Educação e Parcerias
A NeoAcqua, com 23 anos de expertise, já implementou 487 projetos em 18 estados brasileiros, desde estações de tratamento para indústrias até sistemas autônomos para condomínios. “Não existe modelo único. Em áreas remotas, por exemplo, usamos biofiltros que operam com energia solar” , detalha a CEO.
Mas a tecnologia sozinha não basta. Campanhas de educação sanitária, como as realizadas pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) , reduziram em 22% os casos de esquistossomose em comunidades rurais do Nordeste. “Quando as pessoas entendem os riscos da água contaminada, mudam hábitos” , diz Sibylle.
Um Pacto Pela Água (e Pelo Futuro)
O Brasil tem pressa. Com o Plano Nacional de Saneamento Básico (2025-2033) , a meta é universalizar o acesso até 2033, mas faltam R$ 220 bilhões em investimentos. A saída?
- Incentivos fiscais para empresas que adotem tecnologias verdes.
- PPP’s (Parcerias Público-Privadas) focadas em regiões críticas.
- Tarifas de água justas , que não punam a população de baixa renda.
Como diria minha avó: “Água limpa é sinônimo de dignidade” . E, convenhamos, um país com 12% do PIB comprometido com saúde pública não pode mais tratar o saneamento como um luxo.
Para saber mais sobre soluções em saneamento, visite: NeoAcqua