
O Prontuário Eletrônico como Pilar da Saúde Moderna
A digitalização da saúde no Brasil não é mais uma tendência — é uma realidade irreversível. No centro dessa transformação está o prontuário eletrônico , uma ferramenta que substitui pilhas de papel por dados organizados, acessíveis e seguros. Mas, como em toda revolução, há desafios. Enquanto instituições de saúde buscam eficiência, desenvolvedores de software enfrentam uma corrida por certificação , um selo que atesta qualidade e conformidade com padrões internacionais.
Neste artigo, mergulhamos fundo no universo dos prontuários eletrônicos , explorando como a certificação está redefinindo o mercado, com base em entrevistas exclusivas, dados reais e análises de especialistas como Luiz Virginio, Coordenador de Certificação de Sistemas da SBIS (Sociedade Brasileira de Informática em Saúde). Prepare-se para entender por que esse tema é vital para gestores, profissionais de saúde e empresas de tecnologia.
A Ascensão do Prontuário Eletrônico no Brasil: Contexto e Números
Do Papel ao Digital: Uma Transição Necessária
O Brasil ainda enfrenta desafios na digitalização da saúde. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), apenas 45% dos hospitais públicos utilizavam sistemas de prontuário eletrônico até 2022. Porém, o crescimento é exponencial: a previsão é de que esse número chegue a 75% até 2025 , impulsionado por investimentos governamentais e pressão por eficiência.
O Papel da SBIS na Padronização
A SBIS é a principal entidade por trás da certificação de sistemas de saúde no Brasil. Desde 2010, a instituição estabeleceu critérios rigorosos, alinhados a normas internacionais como a ISO 13111. Virginio explica: “A certificação não é um luxo, mas uma necessidade para garantir que os sistemas atendam a requisitos mínimos de segurança e interoperabilidade”.
Dado estatístico: Em 2023, a SBIS certificou 120 sistemas de prontuário eletrônico , um aumento de 35% em relação ao ano anterior.
Por Que a Certificação Virou um Requisito Inegociável?
Melhoria Contínua dos Sistemas
A certificação não é um fim, mas um meio para aprimorar produtos. Virginio destaca que os critérios da SBIS abrangem desde a usabilidade até a proteção de dados . Por exemplo, sistemas certificados devem garantir:
- Criptografia de ponta a ponta para registros sensíveis;
- Backup automático em múltiplas localidades;
- Interface intuitiva para profissionais de saúde.
Um caso real: Em 2022, um hospital de São Paulo evitou um ataque de ransomware graças a um sistema certificado que detectou a ameaça em minutos.
Diferenciação no Mercado: O Selo da Confiança
Em um mercado com mais de 200 sistemas de prontuário eletrônico disponíveis, como destacar-se? Virginio é categórico: “O selo de certificação é um divisor de águas”. Um estudo da consultoria HealthTech Brasil revelou que 78% dos gestores de hospitais priorizam fornecedores certificados em processos de licitação.
Exemplo prático: A empresa MedSystem, especializada em sistemas para clínicas odontológicas, viu suas vendas aumentarem 40% após obter a certificação SBIS em 2021.
Exigências Regulatórias: Uma Questão de Sobrevivência
A legislação brasileira está mais rigorosa. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), por exemplo, exige que sistemas de saúde garantam a privacidade de pacientes. Virginio alerta: “Empresas sem certificação estão automaticamente fora de licitações que mencionam conformidade com a LGPD”.
Dado impactante: Em 2023, 32% das licitações públicas para sistemas de saúde no estado de São Paulo foram vencidas por empresas certificadas, contra apenas 9% em 2019.
Processo de Certificação: Passo a Passo
Etapa 1: Pré-Requisitos
Antes de solicitar a certificação, as empresas devem:
- Alinhar seu sistema às normas da SBIS;
- Realizar auditorias internas para identificar gaps;
- Preparar documentação técnica detalhada.
Etapa 2: Avaliação Técnica
A SBIS realiza testes rigorosos, incluindo:
- Testes de penetração para avaliar segurança;
- Simulações de uso por profissionais de saúde;
- Verificação de conformidade com padrões como IHE (Integrating the Healthcare Enterprise).
Etapa 3: Manutenção do Selo
A certificação não é permanente. Virginio explica: “Empresas precisam renovar o selo a cada dois anos, comprovando atualizações e melhorias contínuas”.
Desafios e Barreiras para as Empresas
Custo Financeiro
A certificação exige investimento. Pequenas empresas gastam, em média, R$ 150 mil para adaptar seus sistemas, incluindo contratação de especialistas em segurança e revisão de código.
Resistência Cultural
Muitos desenvolvedores ainda veem a certificação como “burocracia”. Virginio rebate: “Quando um sistema falha, quem paga o preço são os pacientes. A certificação salva vidas”.
Complexidade Técnica
Integrar sistemas legados à nova realidade digital é um obstáculo. A SBIS oferece mentorias e workshops para auxiliar empresas nesse processo.
Estudo de Caso: Como a Certificação Transformou uma Startup
A HealthTech VitaSys , fundada em 2018, quase faliu por não conseguir vencer licitações. Após obter a certificação SBIS em 2022, a empresa:
- Aumentou sua carteira de clientes em 200% ;
- Fechou parcerias com redes de hospitais privados;
- Expandiu operações para três países da América Latina.
“Sem a certificação, seríamos apenas mais uma startup no mar de opções”, afirma Ana Castro, CEO da VitaSys.
O Futuro: Prontuário Eletrônico e Inovação Tecnológica
Inteligência Artificial e Machine Learning
Sistemas certificados já integram IA para prever riscos de doenças e personalizar tratamentos. Virginio prevê: “Em cinco anos, o prontuário eletrônico será uma ferramenta preditiva, não apenas reativa”.
Blockchain para Segurança
A tecnologia blockchain pode revolucionar a privacidade de dados. Projetos piloto no Hospital Sírio-Libanês já testam registros imutáveis em blockchain, reduzindo fraudes.
Telemedicina e Acesso Remoto
Com a regulamentação da telemedicina, sistemas certificados precisarão garantir acesso seguro a prontuários de qualquer local.
Certificação como Estratégia de Longo Prazo
O prontuário eletrônico é muito mais que um banco de dados — é a espinha dorsal da saúde digital. A certificação, por sua vez, é a garantia de que essa espinha dorsal é forte o suficiente para suportar os desafios do futuro. Como bem resume Virginio: “Quem não se adaptar, ficará para trás”.
Para empresas, o caminho é claro: invista em certificação, priorize a segurança do paciente e nunca subestime o poder de um selo que transmite confiança.