O 22º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) em parceria com a B3 – Bolsa do Brasil, trouxe à tona discussões cruciais sobre o papel do Brasil como uma potência agroambiental e sua participação estratégica na transição energética global. O evento, que ocorreu no Sheraton WTC Hotel e teve uma transmissão virtual acompanhada por mais de 4000 internautas, reuniu líderes e especialistas para explorar as interseções entre a economia verde, a governança e as perspectivas para o futuro.
A Economia Verde e a Complexidade da Transição Energética
O ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, enfatizou a inevitabilidade da transição para uma economia verde. Ele observou que embora a jornada possa ser desafiadora, o Brasil deve permanecer comprometido com essa mudança, pois a economia mundial está cada vez mais focada em critérios ambientais e sociais. Azevedo também destacou a importância de uma visão integrada para que o Brasil possa contribuir efetivamente para a definição do marco regulatório global.
Desafios e Oportunidades para o Agro Brasileiro
Paulo Hartung, presidente-executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBA), ressaltou as ameaças e oportunidades enfrentadas pelo setor agropecuário brasileiro. Ele enfatizou que a emergência climática é um desafio que precede a pandemia e que o Brasil possui vantagens únicas, como uma matriz energética diferenciada e vastas áreas de terra para produção de alimentos sem derrubar florestas nativas. Hartung enfatizou a importância de alinhar a narrativa do Brasil com suas reais potencialidades e responsabilidades ambientais.
Agro na Geopolítica Global e Governança
Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destacou o papel fundamental do agro no cenário geopolítico. Ele apontou o Brasil como um santuário na produção alimentar global e enfatizou a necessidade de envolvimento conjunto, por parte do Congresso e de entidades, para impulsionar acordos bilaterais mais justos. Turra também ressaltou a importância de o Brasil se apresentar como uma fonte confiável de produção alimentar, energia limpa e combustíveis sustentáveis.
Governança, Transparência e Sustentabilidade
A governança no setor agropecuário é vital para construir confiança, inovação e transparência. Grazielle Parenti, da Syngenta, destacou a importância de trazer critérios ambientais e sociais para o centro do mercado e enfatizou a necessidade de uma conversa mais próxima entre o campo e a cidade. Ricardo Nishimura, da Jacto, destacou a necessidade de alinhar agendas internas para criar um propósito de longo prazo e avançar em direção à sustentabilidade.
Desafios e Oportunidades na Infraestrutura e Regulamentação
Paulo Sousa, presidente da Cargill, ressaltou a urgência de investimentos constantes, um marco regulatório claro e previsibilidade para o aprimoramento da infraestrutura. Ele enfatizou que, embora o Brasil seja líder na produção agrícola, ainda precisa lidar com questões como armazenamento e logística. Ainda, Sousa apontou para a necessidade de abordar o desmatamento ilegal, que pode prejudicar a imagem do Brasil em termos ambientais e resultar em barreiras comerciais.
Contribuindo para uma Nova Narrativa
Os participantes do congresso enfatizaram a necessidade de combater ilegalidades, avançar na governança e apresentar fatos que comprovem a produtividade e responsabilidade ambiental do agro brasileiro. O Cadastro Ambiental Rural (CAR) em São Paulo foi apontado como um exemplo positivo que poderia ser replicado em todo o país para aumentar a transparência e a segurança jurídica.
Liderança e Compromisso Futuro
No encerramento do congresso, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG, enfatizou a importância do Brasil liderar a regulamentação do mercado de carbono e expandir sua produção de alimentos e energia. Ele destacou o diferencial da ciência tropical brasileira e a necessidade de um foco claro nesses objetivos para impulsionar o setor agroambiental.
Homenagens às Lideranças do Agronegócio
O evento também prestou homenagem a líderes notáveis no agronegócio. José Luiz Tejon Megido, jornalista especialista em agronegócio, recebeu o Prêmio Ney Bittencourt de Araújo – Personalidade do Agronegócio, enquanto o pesquisador da Embrapa, Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, foi agraciado com o Prêmio Norman Borlaug – Sustentabilidade. Ambos os homenageados enfatizaram a importância de tocar os corações das pessoas com mensagens de sustentabilidade e inovação.
Conclusão
O 22º Congresso Brasileiro do Agronegócio ressaltou a posição única do Brasil como uma potência agroambiental e a importância estratégica de sua participação na transição energética global. O evento enfatizou a necessidade de alinhar as ações do país com a economia verde, promover a sustentabilidade, fortalecer a governança e apresentar fatos sólidos para consolidar a liderança do Brasil no cenário agropecuário mundial. Através desses esforços, o Brasil está bem posicionado para contribuir para um futuro mais sustentável e próspero.