Por Rafael Ramos
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva revela que a maioria da população brasileira está preocupada com o possível fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito e depende dessa modalidade de pagamento para lidar com emergências financeiras. Este artigo discutirá os resultados da pesquisa e a importância do cartão de crédito na vida dos brasileiros.
O Instituto Locomotiva recentemente conduziu uma pesquisa que lança luz sobre a preocupação crescente entre os brasileiros em relação ao possível fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito. Os resultados dessa pesquisa, realizada entre 30 de agosto e 11 de setembro de 2023, mostram que 80% dos entrevistados afirmam que acumulariam mais dívidas caso essa forma de pagamento deixasse de existir.
O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, destacou que a principal preocupação não está no parcelamento em si, mas sim nos juros que seriam aplicados caso o parcelamento fosse feito apenas com juros. Ele argumenta que, nesse cenário, as pessoas, em especial as de menor poder aquisitivo, teriam que pagar mais caro por suas compras, o que agravaria ainda mais a situação financeira de quem já enfrenta dificuldades.
A pesquisa revelou também que 78% dos brasileiros comprariam menos se não pudessem parcelar suas compras sem juros. As categorias mais afetadas por essa mudança seriam eletrodomésticos, eletroeletrônicos, passagens aéreas, hospedagem, educação e cursos.
O cartão de crédito desempenha um papel crucial na vida dos brasileiros, especialmente em situações de emergência. Cerca de 67% da população é contrária ao fim do parcelamento sem juros no cartão, e entre aqueles que possuem cartão e utilizam essa modalidade de pagamento, esse número sobe para 77%.
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, destaca a importância do cartão de crédito como uma extensão do salário para as pessoas de baixa renda. Para muitos, o cartão é uma ferramenta que ajuda a equilibrar o orçamento e garantir que o dinheiro chegue até o final do mês.
A pesquisa também revelou que 51,8 milhões de brasileiros teriam que parcelar uma despesa de emergência no valor de R$ 500 no cartão de crédito hoje. Isso demonstra o quão crucial essa modalidade de pagamento se tornou para lidar com imprevistos.
A maioria esmagadora dos brasileiros concorda que o pagamento sem juros é o que possibilita a compra de bens materiais, com 75% dos entrevistados afirmando que, sem essa modalidade, consumiriam menos. Apenas 11% discordam que o cartão de crédito faça diferença no planejamento financeiro.
É importante destacar que o parcelamento sem juros no cartão de crédito é mais comum em categorias como eletrodomésticos, viagens e eletrônicos. Nos últimos doze meses, 76% dos que compraram eletrodomésticos e 71% dos que adquiriram eletrônicos optaram por parcelar suas compras sem juros.
Para muitos brasileiros, o parcelamento sem juros é a forma de realizar sonhos e projetos que, de outra forma, seriam inalcançáveis. Sem essa opção, 74% dos entrevistados afirmaram que não conseguiriam concretizar seus planos.
Atualmente, tanto o Governo quanto o Congresso estão buscando maneiras de reduzir os juros do cartão de crédito e a inadimplência. Um projeto em tramitação no Congresso propõe um prazo de 90 dias para que os bancos estabeleçam um limite para os juros no rotativo. No entanto, o projeto não aborda o parcelamento de compras sem juros. Recentemente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mencionou a possibilidade de criar uma tarifa para desencorajar o parcelamento sem juros. A continuidade ou não desse tipo de pagamento tem sido alvo de debates entre grandes bancos, varejistas e fintechs.
A pesquisa do Instituto Locomotiva deixa claro que o parcelamento sem juros no cartão de crédito desempenha um papel fundamental na vida dos brasileiros, especialmente para aqueles que enfrentam dificuldades financeiras. O possível fim dessa modalidade de pagamento preocupa a maioria da população, que vê nela uma ferramenta essencial para lidar com imprevistos e realizar seus sonhos. Como as discussões sobre o futuro do parcelamento sem juros continuam, é importante considerar as implicações financeiras e sociais dessa decisão.