No último domingo, dia 1º, uma médica que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Ipiranga, localizado na Zona Sul de São Paulo, viu-se envolvida em uma situação controversa que culminou em sua detenção por suspeita de desacato a policiais militares. O incidente ocorreu quando uma equipe da Polícia Militar dirigiu-se à referida unidade de saúde em busca de informações sobre o estado de saúde de um policial aposentado que havia sido internado na UTI.
A médica, por sua vez, recusou-se a fornecer o boletim médico solicitado pelos agentes da PM, alegando que a solicitação estava ocorrendo fora do horário de visitas e que, de acordo com os procedimentos do hospital, somente familiares teriam acesso às informações. Testemunhas presentes no local confirmaram a recusa da profissional em disponibilizar o documento.
Em seu depoimento prestado na delegacia, a médica relatou que foi algemada dentro das instalações do hospital e posteriormente conduzida em uma viatura policial. Ela também expressou sua preocupação com a situação dos pacientes da UTI, que teriam ficado sem atendimento enquanto ela era detida. A profissional de saúde lamentou o ocorrido afirmando: “Fui algemada e me colocaram no camburão. Me tiraram de dentro da UTI e os pacientes ficaram sozinhos.”
A Polícia Militar, por sua vez, alega que a acusação de desacato se deve ao fato de a médica ter arremessado um documento no rosto de um tenente da corporação. Em comunicado oficial, a PM informou que está investigando a conduta dos agentes envolvidos no incidente e que, caso sejam confirmados excessos, medidas serão tomadas. A médica, de 53 anos, foi detida na Avenida Nazaré, no bairro do Ipiranga, e o caso foi registrado como desacato. Após o registro, ela foi liberada, e o processo foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).
A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, em conformidade com a legislação vigente, reafirmou que o boletim médico somente pode ser disponibilizado a familiares, responsáveis legais ou mediante determinação judicial. Isso ressalta a importância da preservação da privacidade e do sigilo médico como princípios fundamentais na relação entre os profissionais de saúde e os pacientes.
O episódio envolvendo a médica da UTI do Hospital Ipiranga serve como um lembrete das tensões e desafios que podem surgir em situações em que a saúde e a segurança pública se encontram. É fundamental que todas as partes envolvidas atuem com respeito às leis e regulamentos aplicáveis, bem como com empatia em relação aos pacientes que dependem dos cuidados médicos. À medida que as investigações avançam, espera-se que se esclareça a verdade sobre o ocorrido e que medidas apropriadas sejam tomadas para garantir a justiça e a proteção dos direitos de todos os envolvidos.