A Interoperabilidade como Base para uma Gestão Eficiente no Setor de Saúde
O setor de saúde, assim como qualquer outro ramo, não ficou imune às transformações digitais. A cada ano, a tecnologia ocupa mais espaço e, se usada corretamente, pode trazer benefícios imensuráveis, especialmente quando falamos de segurança e eficiência na gestão de cuidados com pacientes. Para entender melhor o impacto das inovações tecnológicas e o papel da interoperabilidade nesse cenário, conversei com Arthur Dinóla, Diretor da CLOUDSAÚDE, e o Dr. José Branco, Diretor Médico da mesma instituição.
Durante nossa conversa, ficou claro que o futuro da saúde está diretamente ligado à capacidade dos equipamentos e sistemas de “conversarem” entre si. É sobre isso que eles chamam de interoperabilidade – a conexão entre as máquinas e tecnologias que permitem uma visão mais holística e rápida dos pacientes, especialmente em setores críticos como as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Não é apenas uma questão de modernização tecnológica, mas sim de salvar vidas e otimizar recursos de forma sustentável. Vamos destrinchar os pontos mais relevantes dessa entrevista a seguir.
O Impacto da Interoperabilidade nas Unidades de Terapia Intensiva
Ao perguntar a Arthur Dinóla como a interoperabilidade entre as tecnologias médicas pode melhorar a eficiência e a qualidade dos cuidados em UTIs, a resposta foi clara: o sistema atual funciona de forma isolada. Imagine que cada equipamento médico opera de maneira independente, sem compartilhar informações com os outros. Isso gera uma falta de visibilidade geral, onde as decisões clínicas podem ser comprometidas pela ausência de dados completos.
A interoperabilidade surge, então, como uma solução capaz de mudar esse cenário. “O futuro da saúde passa pela interação entre os equipamentos”, disse Dinóla, ressaltando a importância de otimizar os protocolos de segurança e de fornecer aos profissionais uma visão global do estado do paciente. Eu, pessoalmente, acho impressionante como essa ideia simples de interligar sistemas pode ter um impacto tão profundo. Estamos falando de profissionais que poderão acessar, em tempo real, informações que antes estariam dispersas em vários sistemas, garantindo uma tomada de decisão muito mais precisa.
O Dr. José Branco complementou esse ponto, trazendo à tona um problema que, ao meu ver, é realmente preocupante: cerca de 75% dos equipamentos dentro de uma UTI não “conversam” entre si. Ele mencionou que um dos maiores desafios é justamente reduzir essa porcentagem. Para mim, isso exemplifica o quão longe ainda estamos de alcançar uma conectividade plena. E não é por falta de tecnologia, mas talvez pela falta de alinhamento entre os players do mercado de saúde. Essa desconexão entre equipamentos pode custar caro, não apenas financeiramente, mas em termos de vida.
Desafios Técnicos e Clínicos na Implementação de Novas Tecnologias em UTIs
A conversa também abordou os desafios técnicos e clínicos ao introduzir tecnologias inovadoras em ambientes críticos, como as UTIs. Dinóla foi direto ao ponto: o maior obstáculo é garantir que esses avanços tecnológicos não interrompam o trabalho dos profissionais que estão na linha de frente, nem afetem os fluxos de processos existentes. A ideia é garantir que a tecnologia agregue valor ao cuidado e, ao mesmo tempo, facilite a vida dos médicos e enfermeiros, não o contrário.
Para mim, a grande sacada aqui está na palavra “interoperabilidade”. Estamos falando de máquinas que precisam compartilhar informações em tempo real, possibilitando diagnósticos rápidos e precisos. Esse conceito é fascinante porque, além de otimizar o tempo dos profissionais, oferece uma visão completa do paciente, algo que antes era difícil de alcançar.
José Branco, por sua vez, destacou que as UTIs são o “centro nervoso” de qualquer hospital. É onde estão os casos mais graves e, por isso, qualquer falha ou atraso na comunicação de informações pode ter consequências devastadoras. Ele foi muito feliz em fazer uma analogia com o sistema bancário. Assim como todos os caixas de um banco estão interligados, permitindo transações rápidas e eficientes, o setor de saúde também precisa dessa interligação. Afinal, quando vidas estão em jogo, qualquer segundo conta. Acho essa comparação bastante esclarecedora e pertinente. Ela realmente coloca em perspectiva a urgência de se adotar essas tecnologias em um ambiente tão sensível quanto a UTI.
Segurança dos Pacientes e Mitigação de Riscos
Quando se fala em tecnologia na saúde, a questão da segurança do paciente é sempre um tema delicado. Arthur Dinóla tocou em um ponto essencial: a segurança só é garantida quando as empresas de tecnologia e os fabricantes de equipamentos decidem trabalhar juntos, de maneira aberta. E esse, para mim, é um dos maiores desafios da interoperabilidade.
Hoje, muitas empresas ainda atuam de forma isolada, criando sistemas que não conversam com outros, o que pode resultar em falhas na coleta e no compartilhamento de dados. E quando falamos de segurança em saúde, qualquer falha nesse processo pode ser fatal. Dinóla defende que as informações geradas pelos equipamentos devem ser mostradas em centrais de monitoramento de forma íntegra e sem manipulação, o que permitirá uma análise em tempo real e uma tomada de decisão mais eficaz.
O Dr. Branco, por sua vez, trouxe uma visão que eu acredito ser revolucionária. Ele falou sobre a criação de uma central de monitoramento única, onde todos os alertas são analisados de maneira integrada. Atualmente, temos várias centrais com alertas isolados, o que pode confundir os profissionais. A ideia é integrar tudo isso em um só lugar, o que, na prática, significaria uma resposta mais rápida e assertiva, especialmente em situações críticas. Imagino o quanto isso pode ser útil não apenas em UTIs, mas também para pacientes que são monitorados em casa. A quantidade de vidas que podem ser salvas com uma simples centralização de informações é gigantesca.
O Futuro da Colaboração Entre Empresas de Tecnologia e Instituições de Saúde
Indo além da questão técnica, quis entender como Arthur Dinóla e o Dr. Branco enxergam o futuro da colaboração entre empresas de tecnologia e instituições de saúde. A resposta foi otimista, mas também cheia de desafios. Dinóla acredita que essa colaboração é vital para que o setor de saúde avance, principalmente quando falamos de integrar equipamentos e serviços. Para ele, os hospitais estão se tornando cada vez mais “enxutos”, o que significa que precisam de informações rápidas e precisas para otimizar seus processos. Acredito que esse é o caminho certo. Não adianta termos a tecnologia se ela não for usada de forma inteligente.
Branco foi ainda mais incisivo ao dizer que o aumento dos custos de saúde está obrigando as empresas a olharem com mais atenção para a interoperabilidade. Ele mencionou que o atual modelo de pagamento por volume não vai sobreviver por muito tempo, e que a única saída será através da tecnologia. E eu concordo totalmente. A gestão dos dados vai se tornar o ponto focal da certificação das instituições de saúde. Não vai mais se tratar de como os protocolos foram construídos, mas sim de como os dados estão sendo geridos e como isso impacta o atendimento ao paciente.
Alguns Pontos Fundamentais para o Futuro da Saúde:
- Interoperabilidade dos Equipamentos: A conectividade entre os sistemas precisa ser priorizada para garantir um cuidado eficiente e seguro.
- Centralização de Dados: A criação de uma central de monitoramento única pode revolucionar o atendimento em UTIs e no monitoramento remoto.
- Colaboração Entre Empresas: A resistência dos grandes players precisa ser superada para que os avanços tecnológicos sejam plenamente implementados.
- Redução de Custos: A tecnologia deve ser vista como uma aliada na redução de custos e desperdícios no setor de saúde.
- Aprimoramento da Segurança dos Pacientes: A troca de informações em tempo real pode ser crucial para garantir a segurança e reduzir a mortalidade em ambientes críticos.
Considerações Finais
A saúde é, sem dúvida, uma das áreas que mais se beneficiará da transformação digital. A interoperabilidade entre equipamentos médicos não é apenas uma questão de modernização, mas de sobrevivência. Quanto mais cedo conseguirmos integrar essas tecnologias, mais rápido teremos um sistema de saúde mais eficiente, seguro e, principalmente, sustentável.
Se formos pensar no Brasil, estamos à frente em muitas questões, mas ainda há um longo caminho a percorrer. É necessário que todas as partes envolvidas, desde os fabricantes de equipamentos até as instituições de saúde, estejam alinhadas com essa visão de futuro.
Eu, como observador e entusiasta da tecnologia, acredito que o futuro é promissor. Só resta saber quem estará disposto a abraçar essa revolução e quem ficará para trás.
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Esse texto foi inspirado por uma conversa com Arthur Dinóla e Dr. José Branco, diretores da CLOUDSAÚDE, uma empresa que está na vanguarda da saúde digital no Brasil, oferecendo soluções inovadoras para um setor que exige cada vez mais eficiência e segurança.