Sabemos que o ar é vital para nossa sobrevivência, mas às vezes esquecemos o impacto que sua qualidade pode ter sobre nossa saúde. Com a intensificação das queimadas em diversas partes do Brasil, a poluição do ar se tornou um grande vilão para quem já enfrenta problemas respiratórios ou simplesmente quer manter a saúde em dia. A boa notícia é que, com alguns cuidados, podemos minimizar os efeitos negativos desse cenário. Vamos falar sobre isso?
Quando o Ar Seca e a Poluição Aumenta
A cada ano, vemos notícias sobre queimadas que devastam regiões do país. Em meio ao fogo e à destruição ambiental, outro problema se agrava: a qualidade do ar. Esse é um alerta constante feito por especialistas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e da Academia Brasileira de Rinologia (ABR), que chamam a atenção para os impactos diretos à saúde, especialmente nas vias respiratórias.
Não é novidade que a poluição decorrente das queimadas carrega partículas nocivas que afetam diretamente nossos pulmões e vias nasais. Entre os sintomas mais comuns estão irritação nas vias aéreas, dificuldade para respirar, coriza, ressecamento da mucosa nasal e até a redução da capacidade filtrante do nariz – nosso primeiro sistema de defesa contra essas impurezas. E para quem já sofre de condições como asma e rinite alérgica, o cenário é ainda pior.
Como as partículas tóxicas flutuam no ar, as populações mais vulneráveis – como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias prévias – são as que mais sofrem. Isso sem falar que o sistema imunológico já fragilizado encontra nessas condições um terreno fértil para complicações.
O Que Diz a Ciência
Conversando com especialistas da ABORL-CCF, eles explicam que o nariz e os seios da face, que normalmente têm a função de filtrar o ar que respiramos, ficam sobrecarregados quando o ar está poluído e seco. Imagine o nariz como uma barreira natural, que precisa lidar com partículas poluentes e com a baixa umidade ao mesmo tempo. Um desafio e tanto!
Otavio Piltcher, presidente da ABR e membro da ABORL-CCF, explica que “as partículas da poluição e a baixa umidade exigem muito do nariz e seios da face, causando inflamação no sistema respiratório. Esses danos ao revestimento interno das vias aéreas prejudicam o preparo do ar inspirado, que é fundamental para uma função respiratória adequada.”
Umidade do Ar: O Equilíbrio é Essencial
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), diversas regiões brasileiras estão enfrentando um período de baixa umidade, com níveis inferiores a 20%. Para quem não está familiarizado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a umidade do ar fique em torno de 60%. Abaixo disso, nosso nariz já não consegue equilibrar a umidade e filtrar adequadamente o ar que entra no corpo.
Os estados mais afetados incluem Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rondônia. Ou seja, uma boa parte do Brasil está sentindo os efeitos diretos dessa queda na qualidade do ar.
Agora, você pode estar se perguntando: como posso me proteger diante de um cenário assim?
Dicas Práticas para Aliviar os Sintomas
Não podemos controlar o clima ou impedir que as queimadas aconteçam, mas podemos, sim, adotar medidas para minimizar os impactos na nossa saúde respiratória.
Uma das orientações mais repetidas pelos especialistas é evitar a exposição a ambientes externos durante os picos de poluição. Mas sabemos que, muitas vezes, isso não é possível. Então, a dica de ouro é o uso de máscaras adequadas, como as N95, que são projetadas para filtrar até as menores partículas de poluição.
Além disso, manter-se bem hidratado é fundamental. Como as condições secas ressecam nossas vias respiratórias, beber bastante água ajuda a compensar essa perda de umidade.
Outro truque que muitas pessoas ainda não adotaram – mas deveriam! – é a lavagem nasal. Eu mesmo era cético até experimentar. Usar soluções salinas para lavar o nariz regularmente pode ser uma ótima maneira de limpar as impurezas e manter a mucosa nasal hidratada. E aqui vai uma dica extra: lave o nariz na medida em que sentir necessidade, mas sem exageros, como alerta o presidente da ABR. Lavagens excessivas podem causar mais danos do que benefícios.
Como Fazer a Lavagem Nasal Corretamente?
Se você nunca fez uma lavagem nasal antes, pode parecer um pouco estranho no início, mas garanto que é bem simples! E, acredite, o alívio que ela traz compensa qualquer desconforto inicial.
- Primeiro, incline-se para frente. A cabeça deve estar levemente voltada para o lado. A ideia é facilitar a saída da solução pela narina oposta.
- Aplique o soro na narina elevada. Isso faz com que a solução circule pelas vias nasais e saia do outro lado, levando impurezas e aliviando a irritação.
- Atenção à pressão! A solução deve ser aplicada com suavidade. O objetivo é o fluxo contínuo, não a força.
- Desconforto? Pare imediatamente! Se sentir qualquer incômodo durante a lavagem, interrompa o processo e reveja se está fazendo corretamente.
Evite introduzir algodões, papéis ou qualquer objeto rígido no nariz, pois isso pode agravar a situação, formando crostas ou até provocando sangramentos e infecções. O uso inadequado da técnica, especialmente em crianças e idosos, pode trazer mais prejuízos do que benefícios.
Para quem quer saber mais, a ABORL-CCF disponibilizou um “Manual de Lavagem Nasal na Criança e no Adulto“. E o melhor: é gratuito! Nele, você encontra um guia detalhado, com os diferentes tipos de dispositivos que podem ser usados, como garrafas apropriadas e seringas.
Mais Hidratação: Géis e Nebulizações
Além da lavagem nasal, outra forma de manter o nariz hidratado é o uso de géis específicos para a mucosa nasal. Esses géis formam uma barreira protetora, evitando o ressecamento excessivo. E para quem prefere métodos mais tradicionais, a boa e velha nebulização também ajuda bastante. Eu mesmo uso e sinto uma grande diferença, especialmente em dias mais secos.
A Importância de se Manter Informado
A ABORL-CCF, com seus 75 anos de atuação, é uma referência quando falamos de saúde respiratória no Brasil. Além de cursos e congressos para médicos, a associação está sempre preocupada em oferecer informações acessíveis à população, como no caso do manual de lavagem nasal. É muito importante que, em tempos de crise ambiental, como os que estamos vivendo, possamos contar com entidades sérias que nos orientem sobre os melhores cuidados.
E, claro, nunca é demais reforçar: se você sentir que os sintomas respiratórios estão piorando, não hesite em buscar ajuda médica. Afinal, cuidar da saúde é prioridade sempre!
Considerações Finais
Vivemos tempos desafiadores, com a poluição se intensificando devido a questões ambientais que muitas vezes fogem ao nosso controle. No entanto, é reconfortante saber que podemos adotar práticas simples, como a lavagem nasal e a hidratação, para aliviar os impactos desse ar seco e poluído. Mantendo a casa fechada, utilizando máscaras e bebendo água regularmente, conseguimos cuidar melhor da nossa saúde respiratória e da nossa qualidade de vida.
Espero que essas dicas tenham sido úteis para você. E lembre-se: um pequeno cuidado diário pode fazer toda a diferença, especialmente quando falamos da nossa saúde respiratória. Fique atento às mudanças climáticas e sempre busque a orientação de especialistas para garantir que você está fazendo o melhor pelo seu corpo.
Se precisar de mais dicas ou quiser compartilhar sua experiência com esses cuidados, deixe seu comentário!