As queimadas no Brasil têm se tornado uma pauta urgente nos últimos anos, mas o cenário de 2024 está particularmente alarmante. Como alguém que sempre tenta ver as coisas por uma perspectiva positiva, confesso que esse tema me causa grande inquietação. No entanto, também acredito que, ao reconhecer a gravidade da situação, podemos encontrar caminhos para mudança.
Aqui, vou trazer o que está acontecendo, compartilhar as reflexões de especialistas e levantar uma questão importante: como nós, enquanto sociedade, podemos transformar essa crise ambiental?
O Crescimento Explosivo das Queimadas
A primeira notícia que chama a atenção é a brutal realidade de que as queimadas no Brasil mais que dobraram em 2024. Para você ter uma ideia da seriedade da situação, um novo foco de incêndio é registrado a cada 2,4 minutos. É um ritmo alucinante que, para mim, soa como um grito de socorro da nossa natureza. E, se a Amazônia já está no centro dessas tragédias, representando 50,5% dos 145.027 focos de incêndio, é difícil não se preocupar.
Essa estatística me faz refletir sobre a nossa relação com o meio ambiente. Precisamos lembrar que a Amazônia não é só “o pulmão do mundo” – expressão já batida, mas verdadeira. Ela é parte vital do nosso ecossistema, algo que vai além da paisagem. Cada incêndio, por menor que seja, representa uma ferida na Terra que dificilmente cicatriza. E quando pensamos que em 2023, nesse mesmo período, houve “apenas” 70.679 incêndios, a gravidade da situação atual fica ainda mais evidente.
As unidades federativas mais afetadas – Mato Grosso, Pará e Amazonas – somam quase metade de todos os focos de fogo. Fico pensando como os moradores dessas regiões estão lidando com essa realidade. Para muitos, o fogo pode parecer uma técnica de manejo de terras, mas está claro que, diante das condições climáticas atuais, esse método tem um custo ambiental altíssimo.
A “Tempestade Perfeita”
Renata Piazzon, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, trouxe uma expressão que traduz muito bem o que estamos vivendo: uma “tempestade perfeita”. Estamos vendo a crise climática ganhar contornos cada vez mais severos com a seca prolongada e o efeito do El Niño, um fenômeno climático que causa mais calor e seca em diversas regiões.
Sabe aquela sensação de “impunidade” que muitas vezes sentimos em várias áreas da nossa vida cotidiana? Renata aponta que muitos dos incêndios são causados por criminosos que, sem grandes consequências, continuam a atear fogo em vegetações. Além do impacto ambiental, o fogo traz um prejuízo imenso para a saúde humana e para a economia, especialmente a do campo, que é vital para o nosso PIB.
O que me preocupa ainda mais é que o El Niño, por si só, já está causando prejuízos econômicos. O PIB da agropecuária recuou 2,9% no segundo trimestre de 2024, um golpe duro para culturas como soja e milho. A pergunta que fica é: se o clima está assim agora, como será nos próximos anos se nada mudar? Essa incerteza é angustiante.
A Falta de Recursos e Articulação
Renata Piazzon também traz uma crítica que considero fundamental. Ela aponta que, apesar dos investimentos recentes, ainda falta muito quando o assunto é prevenir e combater incêndios nas áreas rurais e de vegetação nativa. Eu não sou um especialista no combate a incêndios, mas entendo o básico: se não há gente suficiente para agir, se não há infraestrutura adequada, e se o governo não trabalha em conjunto, o cenário fica desolador.
Essa crítica à falta de articulação entre as diferentes instâncias do governo me faz pensar em como, às vezes, somos ineficazes em enfrentar problemas tão complexos. Parece que estamos sempre tentando “apagar incêndios” (literalmente) em vez de agir preventivamente.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) reforça essa visão com seus dados climáticos. No seu boletim trimestral, ficou claro que as chuvas permanecerão abaixo da média em quatro das cinco regiões do Brasil – Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Então, além de enfrentarmos a seca, temos menos água para combater os incêndios. É um ciclo vicioso que precisa ser interrompido.
Setembro: O Mês Crítico
Se agosto já foi um mês complicado, com mais queimadas do que em anos anteriores, setembro traz ainda mais desafios. Segundo Beto Mesquita, membro do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil, setembro é historicamente o mês com maior número de queimadas, especialmente na vegetação nativa.
A situação tende a se agravar, e é impossível não pensar que estamos à beira de um colapso ambiental. A natureza, que sempre foi generosa, está mostrando os limites da nossa exploração. E o que mais me preocupa é que tudo isso era previsível. A comunidade científica já alertava há anos sobre o prolongamento da seca e os efeitos do El Niño.
O Fator Humano nas Queimadas
Talvez o ponto mais doloroso de tudo isso seja a origem de muitos desses incêndios. De acordo com Beto Mesquita, a maioria deles é causada por ação humana. Isso, para mim, é uma revelação que pesa na consciência. Sabemos o que estamos fazendo, mas, mesmo assim, o problema continua. O fogo se alastra de maneira rápida por conta das condições climáticas – solo seco, vento forte e baixa umidade. É uma combinação explosiva que transforma práticas antigas de limpeza de pastagens em verdadeiros desastres.
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura: Uma Luz no Fim do Túnel?
Se tem algo que me dá esperança é ver iniciativas como a da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Este movimento reúne mais de 400 organizações de diferentes setores – desde agronegócio até academia – e busca soluções sustentáveis para equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.
Claro, é fácil ser cético. Muitas vezes, movimentos como esse acabam presos em discussões teóricas ou em políticas que demoram a sair do papel. Mas, se há algo que aprendi com o tempo, é que movimentos sociais têm poder. A mudança pode não acontecer da noite para o dia, mas o diálogo constante entre sociedade civil, empresas e governo é o que vai definir o futuro do Brasil.
O Que Podemos Fazer?
Agora, depois de analisar tudo isso, vem a questão que sempre martela na minha cabeça: o que podemos fazer? E aqui não estou falando apenas das grandes instituições ou do governo. Falo de nós, cidadãos comuns.
Uma coisa que aprendi ao longo dos anos é que pequenas ações, quando somadas, podem gerar grandes resultados. Podemos começar apoiando projetos de reflorestamento, pressionando nossos representantes para que priorizem o combate ao desmatamento e queimadas, e, claro, fazendo escolhas de consumo mais conscientes. Entendo que não é fácil mudar hábitos, mas cada pequena decisão conta.
Além disso, é importante espalhar a informação. O conhecimento é uma das maiores ferramentas que temos, e quando mais pessoas entendem a gravidade da situação, maiores são as chances de agirmos juntos.
Uma Reflexão Final
As queimadas de 2024 são um sinal de alerta. Um lembrete de que estamos em um ponto crucial da nossa relação com o planeta. Pode parecer clichê, mas acredito sinceramente que ainda há tempo para revertermos essa situação. Contudo, isso exige uma mudança de mentalidade coletiva.
É um caminho longo e desafiador, mas, se conseguirmos equilibrar desenvolvimento e preservação, podemos garantir um futuro melhor não só para o Brasil, mas para o mundo. Que cada um de nós faça sua parte, por menor que pareça. Afinal, como dizem: “Pequenos gestos, grandes mudanças”.
E você? Já parou para pensar no impacto das suas ações no meio ambiente? Que tal começarmos agora, juntos?