Sociedade Brasileira de Mastologia marca presença no 11º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer

Albertshakirov

A importância da prevenção e tratamento precoce no combate ao câncer de mama no Brasil

Sempre que surge uma oportunidade de trazer à tona discussões sobre saúde pública, eu acredito que eventos como o Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) desempenham um papel crucial. Afinal, reunir especialistas para debater um dos maiores desafios da saúde, como o câncer, é algo que impacta diretamente a vida de milhares de brasileiros. Neste cenário, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) tem se destacado, levando adiante uma série de iniciativas e debates que envolvem a prevenção, a detecção precoce e a qualidade de vida das pacientes com câncer de mama.

A relevância do 11º TJCC para a mastologia

O TJCC é, sem dúvida, um dos maiores eventos no campo da oncologia e saúde no Brasil. Em sua 11ª edição, realizada no WTC Events Center, em São Paulo, o evento se dedica à Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, estabelecida pela Lei nº 14.758/2023. O que mais me chamou a atenção, e acredito que muitos compartilham dessa visão, é o fato de o congresso ir além da simples discussão de políticas públicas. Ele oferece um espaço para que especialistas possam compartilhar o que há de mais recente em termos de avanço médico, como bem exemplificado pela participação da SBM.

Quando pensamos em câncer de mama, que é o tipo mais comum entre as mulheres brasileiras, não podemos ignorar a importância de discutir temas como prevenção e detecção precoce. Este tipo de câncer, quando descoberto cedo, tem grandes chances de ser controlado e tratado com sucesso. E foi justamente isso que a SBM abordou em seu painel, intitulado “Transformando a jornada da paciente com câncer de mama – Somos todos responsáveis”, que contou com transmissão online para todo o Brasil.

Os avanços e desafios no tratamento do câncer de mama

Para mim, um dos grandes destaques desse painel foi o foco nos avanços médicos que possibilitam melhores resultados no tratamento e na qualidade de vida das pacientes. A mastologista Sandra Gioia, que é presidente do Departamento de Políticas Públicas da SBM, colocou muito bem que o câncer de mama, embora seja uma doença séria, hoje é controlável e até curável em muitos casos. Claro, isso depende diretamente de ações voltadas para a prevenção, o diagnóstico precoce e, claro, o tratamento adequado.

Ainda assim, é impossível ignorar os desafios que o Brasil enfrenta nesse campo. Não adianta termos avanços na medicina se não houver estrutura e políticas públicas adequadas para colocar esses avanços em prática. Sandra mencionou algo muito importante: os múltiplos atores envolvidos no processo. Afinal, a luta contra o câncer de mama não é uma responsabilidade exclusiva dos médicos. É uma missão que envolve gestores de saúde, governos, e, claro, a sociedade como um todo. A SBM, sem dúvidas, tem cumprido seu papel em unir esses diferentes atores e promover discussões valiosas, como no caso desse congresso.

Testagem genética: um caminho promissor

Algo que me impressionou bastante foi o destaque dado à testagem genética para a detecção de mutações, principalmente as relacionadas ao gene BRCA1 e BRCA2. Para quem não está familiarizado com o tema, essas mutações aumentam significativamente o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama e ovário. De acordo com a própria SBM, essas alterações genéticas podem elevar em até 80% as chances de desenvolvimento do câncer de mama. A testagem genética, nesse sentido, aparece como uma medida preventiva que pode salvar muitas vidas.

Porém, há um ponto crítico que não podemos deixar de mencionar: embora existam políticas que permitem a realização desse teste pelo SUS em alguns estados, apenas Goiás conseguiu implementá-lo até o momento. Isso, para mim, é um claro exemplo de como, muitas vezes, a burocracia e a falta de estrutura acabam atrasando medidas que poderiam fazer uma enorme diferença na vida de milhares de mulheres.

O desafio do SUS e a desigualdade no acesso ao tratamento

É fato que o SUS oferece um sistema de saúde que, em teoria, deveria garantir o atendimento a todos os brasileiros. Porém, como a própria mastologista Rosemar Rahal apontou, a realidade é que a cobertura mamográfica no Brasil é bastante limitada. Mesmo que existam aparelhos suficientes para atender a demanda, apenas 30% da população-alvo está sendo de fato rastreada. Isso é extremamente preocupante, pois, na prática, significa que muitos casos estão sendo diagnosticados em estágios avançados, o que reduz drasticamente as chances de cura.

E aqui surge uma grande questão: por que essa disparidade tão grande entre o SUS e a saúde suplementar? Rosemar traz dados que ilustram bem essa diferença. Enquanto no SUS apenas 21,1% das pacientes iniciam o tratamento em até 30 dias após a biópsia, esse número sobe para 45,4% no sistema privado. Isso sem falar nos casos em que o tratamento demora mais de 60 dias para começar, afetando quase metade das pacientes atendidas pelo SUS.

Essas estatísticas mostram que o desafio não está apenas em garantir o acesso ao diagnóstico, mas também em assegurar que o tratamento seja iniciado no tempo certo. A SBM defende a aplicação rigorosa da Lei nº 12.732 de 2012, que determina o início do tratamento em até dois meses. E, sinceramente, é frustrante perceber que, mesmo com essa lei, tantas mulheres ainda enfrentam dificuldades para começar o tratamento dentro do prazo estabelecido.

Nutrição e atividade física: fatores essenciais na jornada das pacientes

Uma discussão que considero extremamente relevante, e que foi abordada no painel da SBM, é o impacto que nutrição e atividade física têm na saúde das mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Estudos recentes indicam que a prática de exercícios moderados pode ter um efeito antitumoral, especialmente em determinados subtipos da doença. Não posso deixar de concordar com essa visão, pois, além de proporcionar benefícios físicos, atividades como caminhadas e treinos leves também ajudam a melhorar a saúde mental das pacientes.

Acredito que essa é uma área em que ainda temos muito a avançar, principalmente em termos de conscientização. Infelizmente, muitas pessoas ainda subestimam o poder que um estilo de vida saudável pode ter na prevenção e no tratamento de doenças. A associação entre uma alimentação balanceada e a prática regular de exercícios não apenas ajuda a prevenir o câncer, mas também reduz as chances de recorrência da doença. E isso não é pouca coisa.

As barreiras ainda existentes no diagnóstico e tratamento

Um ponto que considero fundamental, e que foi bem discutido no congresso, são as barreiras que ainda impedem muitas mulheres de receberem o diagnóstico e o tratamento que precisam. Além da já mencionada desigualdade entre o SUS e a saúde suplementar, há também questões ligadas à logística e ao acesso aos serviços de saúde, principalmente em regiões mais remotas do Brasil.

É fácil esquecermos que o Brasil é um país de dimensões continentais. A realidade de uma mulher que vive em uma grande capital, com acesso a hospitais especializados, é completamente diferente da realidade de quem vive no interior. Muitas vezes, essas mulheres enfrentam viagens longas para realizar exames simples, como uma mamografia, o que acaba desestimulando a busca por diagnóstico precoce.

Principais Temas do Painel da SBM no 11º TJCC

O painel da Sociedade Brasileira de Mastologia trouxe uma série de discussões que considero essenciais para o avanço do combate ao câncer de mama no Brasil. Entre os temas abordados, destaco os seguintes:

1. Nutrição e atividade física estão revolucionando os cuidados médicos

Apresentado pelo nutricionista e empresário Daniel Cady, esse tema traz à tona a importância de um estilo de vida saudável no tratamento do câncer de mama. O impacto positivo de exercícios moderados e uma alimentação balanceada já é amplamente reconhecido.

2. Impacto da mudança de estilo de vida nas sobreviventes do câncer

Sob a apresentação de Daniel Buttros, professor da Unesp, este tema discute os benefícios de mudanças nos hábitos diários das pacientes, contribuindo para uma maior sobrevida e melhor qualidade de vida.

3. Medicina de precisão para todos: é possível?

A mastologista Rosemar Rahal trouxe uma visão promissora sobre a medicina de precisão e a aplicação de tratamentos mais personalizados para as pacientes. Uma abordagem que, sem dúvida, pode transformar a maneira como lidamos com o câncer de mama.

4. Barreiras e oportunidades na jornada da paciente

Por fim, Carlos Ruiz, mastologista do HC FMUSP/ICESP, abordou as dificuldades enfrentadas pelas pacientes, desde o diagnóstico até o tratamento, além de sugerir oportunidades para melhorar esse cenário.

Reflexões finais

Eu, particularmente, vejo eventos como o TJCC e a atuação da SBM como faróis de esperança em um cenário que, muitas vezes, pode parecer desanimador. É evidente que o Brasil ainda enfrenta enormes desafios quando o assunto é a saúde pública. Mas ao ver especialistas dedicados como os da Sociedade Brasileira de Mastologia trabalhando para transformar a realidade de tantas mulheres, é impossível não sentir um otimismo renovado.

Se quisermos realmente vencer essa batalha, precisamos de um esforço conjunto, que envolva não só o governo, mas também a sociedade civil e os profissionais de saúde. Só assim conseguiremos garantir que todas as mulheres tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, independentemente de onde vivam ou de sua condição financeira.

Para mais informações sobre o congresso e o trabalho da SBM, acesse Sociedade Brasileira de Mastologia.


Espero que essa reflexão tenha trazido mais clareza sobre a importância desse evento e sobre os desafios que ainda precisamos enfrentar para transformar a jornada de tantas mulheres no Brasil.

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