Atleta concluiu a rota desde a base até o pico da Pirâmide de Carstensz em 1 hora e 48 minutos, sem oxigênio suplementar
Conquistando mais um feito extraordinário em sua carreira de ultramaratonista, a brasileira Fernanda Maciel completou a rota desde a base até o pico da Pirâmide de Carstensz, a montanha mais alta da Oceania, em apenas 1 hora e 48 minutos. Foram dois recordes de FKT (Fastest Known Time) conquistados: o tempo total de subida e descida na montanha e o recorde feminino de subida, realizado em 1 hora e 4 minutos.
“Meu objetivo era fazer o percurso em 2h, e eu consegui em 1h48. Estou muito feliz, por ter feito bem mais rápido do que eu achava, além de ter feito em condições climáticas ruins, como neve, chuva e pedras bem escorregadias que me fizeram desacelerar. É uma montanha muito alta. Então, você está milhares de metros acima, tentando dar o máximo mental e fisicamente, e tem todo esse ambiente ao seu redor mostrando que é muito perigoso onde você está”, conta Fernanda.
A atleta percorreu, sem suporte de oxigênio suplementar, uma distância total de 4.300m, com um desnível positivo de 582mD+ e 1.164m de ganho acumulado. Esse feito marca o quinto pico concluído em sua jornada pelos maiores cumes do mundo: Kilimanjaro, Aconcágua, Monte Vinson, Elbrus e Carstensz.
“Eu estive escalando as maiores montanhas do mundo e Carstensz é uma delas, a maior da Oceania. Estava esperando por esse momento há tanto tempo e o que me convenceu a vir foi saber que é um enorme desafio chegar aqui. A montanha é bem diferente e técnica – percebi isso ao checar a rota. Muitos dizem ‘é fácil’ ou ‘é curto’, mas não é. É um caminho muito longo e técnico. As cordas são velhas e muitas, então você pode se confundir com qual corda usar, dependendo do lugar que você está”, relembra.
Localizada em meio a densas florestas tropicais, a Pirâmide de Carstensz possui um terreno rochoso com seções íngremes que requerem habilidades técnicas específicas de alpinismo. A ultramaratonista realizou 2.200m do percurso correndo e enfrentou a maior parte da escalada sozinha. Fernanda recebeu assistência do montanhista Carlos Santalena nas seções mais perigosas, como uma passagem alta e de linha tênue, em que ele a ajudou segurando uma corda fixada em dois pilares próximos ao cume para facilitar seu salto sem nenhum ferimento.
Conhecida por sua determinação, a mineira soma essa conquista da Pirâmide de Carstensz a outros recordes mundiais, como o de primeira mulher a subir e descer o Aconcágua, na Argentina, em menos de 24 horas, e o recente recorde no Monte Vinson, na Antártida, onde foi recordista mundial de subida mais rápida (6h40min) e de tempo somando tanto subida quanto descida (9h41min). Fernanda ainda é a primeira mulher a correr o Caminho de Santiago de Compostela (860km em 10 dias) e primeira colocada no Ultra Trail Mont Fuji (169km).
A conexão de Fernanda com causas sociais e o meio-ambiente já é antiga; a atleta brasileira, inclusive, já trabalhou como advogada ambiental antes de iniciar sua carreira esportiva. Por onde passa, Fernanda gosta de chamar a atenção para questões urgentes em alguns dos locais mais distantes do mundo.
“Meu objetivo não é apenas estabelecer recordes, mas mostrar a beleza e a resiliência desses ambientes. Espero que as pessoas possam ver o poder da natureza através das minhas jornadas e se sintam motivadas a protegê-la”, disse Fernanda.
Durante suas expedições, Fernanda também realiza ações sociais e de conscientização ambiental:
- Kilimanjaro: Visitou o Centro de Orfanato Kilimanjaro para apoiar crianças locais.
- Antártica: Colaborou com a Fundação de Ciência Antártica para estudar o impacto das mudanças climáticas no plâncton.
- Rússia: Apoio à organização “Crisiscenter.ru”, que auxilia mulheres sobreviventes de violência.
- Aconcágua: Trabalhou com autoridades de Mendoza na promoção da gestão sustentável de resíduos no parque, usando sua experiência como advogada ambiental para destacar o impacto ambiental dos escaladores.