Expressão Reflete os Efeitos da Sobrecarga Digital na Saúde Mental
A expressão “Brain Rot”, que em tradução literal significa “atrofia cerebral”, foi escolhida como a palavra do ano de 2024 pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (2) e reflete o impacto do consumo excessivo de conteúdos superficiais nas redes sociais, um fenômeno que tem ganhado atenção crescente na sociedade moderna.
Embora o termo tenha ganhado popularidade apenas em 2024, ele remonta a mais de um século. Desde 2004, o Dicionário Oxford elege uma palavra do ano com o objetivo de capturar o espírito ou os desafios predominantes da sociedade no período. Neste caso, o conceito de “brain rot” se destaca por representar a sensação de esgotamento mental ou intelectual amplamente associada ao uso desregulado de plataformas digitais.
O Que é o “Brain Rot”?
De acordo com especialistas, “brain rot” é uma expressão que descreve o desgaste cognitivo e emocional causado pela exposição contínua a informações de pouca relevância ou superficialidade. Essa sobrecarga digital afeta a capacidade de concentração, provoca frustração e pode desencadear sintomas como ansiedade e insônia.
“O brain rot é uma manifestação moderna de sobrecarga digital, onde o excesso de informações sem relevância afeta as capacidades cognitivas e prejudica o equilíbrio emocional. O indivíduo fica preso em um ciclo de consumo sem propósito, o que gera frustração e até sintomas de ansiedade”, explica Vinicius Pedreira, psiquiatra e professor do curso de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS).
Relação com Outros Transtornos
Além de suas implicações diretas, o brain rot está associado a outros transtornos psicológicos. Um exemplo notável é a nomofobia, caracterizada pelo medo de ficar desconectado da internet ou sem acesso ao celular. A interação entre esses dois fenômenos cria um ciclo vicioso, onde o consumo desenfreado de conteúdos superficiais intensifica a dependência digital.
“A relação entre brain rot e nomofobia é evidente: enquanto o consumo constante de conteúdos superficiais esgota a mente, o medo de ficar desconectado reforça esse ciclo vicioso. Isso mostra o quanto a saúde mental está sendo impactada por hábitos digitais desregulados”, destaca Pedreira.
Impactos na Saúde Mental
Os efeitos do brain rot vão além do desgaste mental. A dependência de dispositivos digitais e a falta de desconexão adequada podem levar a problemas mais graves, como ansiedade crônica, insônia e alterações de humor. Para muitos, a rotina diária está cada vez mais marcada por um fluxo interminável de estímulos que sobrecarregam a mente.
“A saúde mental é diretamente afetada pelo estilo de vida digital. O brain rot não é apenas uma expressão moderna, mas um reflexo de como o excesso de estímulos digitais pode comprometer a qualidade de vida. Por isso, é essencial promover o uso consciente da tecnologia e, em casos mais graves, buscar ajuda profissional”, reforça o professor da UNIFACS.
Estratégias para Combater o “Brain Rot”
Especialistas apontam que a conscientização e a adoção de limites são passos fundamentais para reduzir os efeitos negativos do brain rot. Algumas estratégias simples, mas eficazes, incluem:
- Estabelecer horários de desconexão: Criar momentos do dia sem uso de dispositivos eletrônicos pode aliviar a mente e promover o descanso.
- Priorizar interações presenciais: Encontros físicos e conversas olho no olho contribuem para um senso maior de conexão e pertencimento.
- Buscar atividades que promovam foco e relaxamento: Práticas como meditação, leitura e exercícios físicos ajudam a equilibrar a saúde mental e emocional.
Essas medidas são ainda mais importantes em um contexto onde a dependência digital continua a crescer. Para Vinicius Pedreira, a chave está em encontrar um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e o bem-estar pessoal.
O Papel da Tecnologia no Estilo de Vida Atual
O avanço tecnológico trouxe inúmeros benefícios, mas também resultou em desafios inéditos, como o brain rot. A escolha da expressão como palavra do ano é um alerta para os efeitos adversos do estilo de vida digital contemporâneo. Ela destaca a necessidade urgente de reavaliar como as pessoas consomem informações e interagem com o mundo virtual.
Reflexão e Conscientização
A palavra do ano de 2024 não apenas aponta para uma tendência linguística, mas também serve como um convite à reflexão sobre a saúde mental e os hábitos digitais. O brain rot evidencia o impacto que o consumo descontrolado de conteúdos superficiais pode ter no bem-estar individual e coletivo.
Conforme o mundo avança, a conscientização sobre os perigos do esgotamento mental e a busca por práticas saudáveis de desconexão tornam-se prioridades. Afinal, preservar a saúde mental em meio à era digital não é apenas uma escolha, mas uma necessidade essencial.