Voluntários que moldam o futuro: professores compartilham experiências e dicas sobre ensino nas periferias
Envolver-se em projetos educacionais como professor voluntário pode ser uma experiência transformadora, tanto para os alunos quanto para os próprios voluntários. Ao assumir o papel de educador em comunidades carentes, o voluntário não apenas transmite conhecimentos essenciais, mas também constrói conexões de empatia, inspira mudanças e contribui para o desenvolvimento coletivo. A prática de ensinar oferece ao voluntário um forte senso de propósito e realização, ao mesmo tempo em que ajuda a moldar o futuro de jovens que, frequentemente, enfrentam grandes barreiras para acessar uma educação de qualidade.
A seguir, cinco professores voluntários da ONG A Liga Digital – uma organização sem fins lucrativos que oferece cursos gratuitos de e-commerce, marketing digital e programação para jovens das favelas e periferias brasileiras – compartilham suas experiências e valiosas dicas sobre como se destacar nesse papel fundamental na formação educacional de comunidades marginalizadas.
1. Combine a paixão pelo ensino com o aprendizado constante
Rodrigo Rio, um dos professores voluntários da organização, acredita que a combinação da paixão pelo ensino com a busca contínua por aprendizado são fatores essenciais para um bom desempenho como educador voluntário. Segundo ele, a paixão é o combustível que mantém os educadores motivados, mesmo diante dos desafios diários. “Quando você realmente se importa com o impacto que pode causar na vida dos alunos, isso se reflete no seu método de ensino e na sua dedicação”, afirma Rodrigo. “Ensinar nos tira da inércia e, de acordo com a pirâmide do aprendizado, nos permite aprender ainda mais. Quando ensinamos, fortalecemos e transformamos o conhecimento. Nosso propósito é uma combinação de paixão e a busca constante por aprendizado contínuo”, revela.
Essa filosofia não só transforma a experiência de ensino, mas também fortalece a própria formação do voluntário, que encontra no processo de ensinar uma forma de aprimorar seus próprios conhecimentos e habilidades. A prática de ensino, portanto, se torna uma via de mão dupla, beneficiando tanto o educador quanto o aluno.
2. Adapte-se às necessidades dos alunos
Cada aluno tem seu próprio ritmo e estilo de aprendizagem, o que exige uma flexibilidade constante do educador. Cynthia Prado Andrade de Menezes, também professora voluntária da Liga Digital, destaca a importância de compreender a individualidade de cada estudante. “É fundamental entender que cada aluno é único. Devemos ser flexíveis e estar dispostos a ajustar nossas abordagens para garantir que todos tenham a oportunidade de aprender de maneira eficaz”, explica Cynthia.
Esse compromisso com a adaptação às necessidades específicas dos alunos é um dos principais fatores que contribui para o sucesso do aprendizado. Ao personalizar a forma de ensino, os voluntários conseguem superar as dificuldades que muitos jovens enfrentam, seja por questões de acesso à tecnologia, por lacunas educacionais ou mesmo pelas dificuldades emocionais e sociais presentes em suas vidas.
3. Mantenha-se atualizado
Em um mundo cada vez mais dinâmico, onde a tecnologia e as metodologias educacionais evoluem rapidamente, a necessidade de atualização constante é inegociável. Rodrigo Maruxo, outro professor da ONG, reforça a importância de estar sempre em sintonia com as últimas tendências e conhecimentos da área educacional e tecnológica. “Estamos lidando com um campo em constante evolução. Participar de workshops, cursos e até mesmo estudar por conta própria são práticas que ajudam a manter nossos conhecimentos afiados e relevantes”, comenta Rodrigo.
Manter-se atualizado não só amplia o repertório do educador, mas também o torna apto a transmitir conteúdos mais profundos e atualizados aos seus alunos, o que, por sua vez, amplia as perspectivas e as oportunidades para esses jovens, muitas vezes carentes de informações atualizadas sobre o mercado de trabalho.
4. Estabeleça um ambiente acolhedor
Para que o aprendizado seja eficaz, é fundamental que os alunos se sintam à vontade no ambiente educacional. Patrícia Knipl, professora voluntária da Liga Digital, ressalta que um espaço acolhedor e seguro é indispensável para a construção do conhecimento. “Quando os alunos se sentem confortáveis e valorizados, eles se tornam mais engajados e dispostos a aprender. É nosso dever criar esse espaço acolhedor para todos”, diz Patrícia.
A criação de um ambiente positivo e inclusivo não só favorece a aprendizagem, mas também promove o bem-estar dos alunos, que se sentem apoiados e estimulados a participar ativamente. A sensação de pertencimento e aceitação é um alicerce importante no processo educativo, e quando o educador trabalha para fomentar essa sensação, os resultados podem ser surpreendentes, tanto no aspecto acadêmico quanto emocional.
5. Seja paciente e persistente
O caminho do ensino, especialmente em comunidades carentes, nem sempre é fácil. Thiago Sarraf, outro professor da Liga Digital, acredita que paciência e persistência são qualidades fundamentais para quem decide atuar como educador voluntário. “Às vezes, pode ser desafiador, mas a paciência e a persistência sempre trazem resultados. É gratificante ver o progresso dos alunos ao longo do tempo”, conclui Thiago.
O processo de ensino e aprendizagem envolve altos e baixos, e muitas vezes é necessário que o educador se mantenha firme diante das dificuldades. Porém, quando se observa o progresso de um aluno, mesmo que pequeno, a sensação de missão cumprida e de transformação pessoal e social é imensa. A paciência, aliada à persistência, torna-se um dos maiores aliados do professor que se dedica a causar impacto na vida de seus alunos.
Considerações Finais
O voluntariado educacional é, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de impactar positivamente a sociedade. Para os professores voluntários da ONG A Liga Digital, a experiência de ensinar não é apenas sobre transmitir conhecimento, mas também sobre transformar vidas, estabelecer laços de empatia e promover um futuro melhor para jovens em situação de vulnerabilidade social.
Por meio de suas histórias e ensinamentos, esses educadores destacam a importância de combinar paixão com aprendizado contínuo, adaptar-se às necessidades dos alunos, manter-se atualizado, criar um ambiente acolhedor e ter paciência e persistência. Esses princípios não só são aplicáveis a qualquer educador voluntário, mas também são essenciais para qualquer pessoa que deseje contribuir para um futuro mais justo e igualitário, onde a educação seja uma ferramenta de transformação real.
Como afirma Rodrigo Rio, “Nosso propósito é uma combinação de paixão e a busca constante por aprendizado contínuo”. Ao seguir essas orientações e com o compromisso de transformar vidas, os educadores voluntários desempenham um papel fundamental na construção de um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.