
Entenda as mudanças obrigatórias a partir de maio de 2025 e como sua empresa pode se preparar para garantir a saúde mental dos colaboradores
Um Novo Capítulo na Saúde do Trabalhador
Se você acompanha as transformações no mundo corporativo, já deve ter percebido que a saúde mental deixou de ser um tabu para se tornar uma prioridade estratégica. E não é para menos: dados do Ministério da Previdência revelam que os afastamentos por ansiedade e depressão triplicaram na última década, saltando de 90 mil em 2015 para 307 mil em 2024 . Nesse cenário, a atualização da NR-1 chega como uma resposta urgente — e necessária — para redefinir as responsabilidades das empresas.
A partir de maio de 2025 , as organizações precisarão se adequar às novas diretrizes da Norma Regulamentadora nº 1, que passa a incluir orientações específicas para prevenção de riscos psicossociais . Como sempre destaco em meus artigos, a legislação trabalhista brasileira está em constante evolução, mas desta vez o foco está em algo mais profundo: o bem-estar integral do colaborador .
Para entender melhor essa mudança, quero explorar o contexto histórico da NR-1, seus impactos nas empresas e como ela pode revolucionar a forma como enxergamos a saúde mental no ambiente de trabalho. Afinal, estamos falando de algo que vai muito além de cumprir normas legais: estamos falando de construir um futuro onde o ser humano seja verdadeiramente valorizado.
O que é a NR-1? Um Breve Contexto Histórico
A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) foi criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para estabelecer as disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho. Desde sua implementação, a NR-1 tem sido a base para a elaboração de políticas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, definindo as responsabilidades tanto dos empregadores quanto dos trabalhadores.
No entanto, até recentemente, o foco estava quase exclusivamente em riscos físicos, como quedas, máquinas perigosas e problemas ergonômicos. Com a formalização da portaria MTE 1.419/24, a NR-1 dá um salto significativo ao incluir explicitamente os riscos psicossociais como parte integrante do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Essa mudança reflete uma compreensão mais moderna do que significa “segurança no trabalho”. Hoje, sabemos que pressões emocionais excessivas, falta de reconhecimento, assédio moral e sobrecarga de tarefas podem causar danos tão graves quanto um acidente físico.
“A inclusão dos riscos psicossociais na NR-1 é um marco histórico”, afirma Raquel Grieco , advogada especialista em direito trabalhista do escritório Bosquê & Grieco Advogados . Concordo plenamente com ela: essa atualização reconhece que a saúde mental é tão importante quanto a física e que negligenciar esse aspecto pode ter consequências desastrosas para as empresas e para a sociedade.
O que Muda com a NR-1?
A NR-1 amplia seu escopo para abordar não apenas riscos físicos, mas também pressões emocionais e psicológicas . Entre as principais mudanças, destaco:
- Identificação de Riscos Psicossociais : As empresas devem mapear fatores como pressão por metas abusivas, sobrecarga de trabalho, falta de autonomia e ambientes hostis.
- Implementação de Medidas Preventivas : Políticas claras contra assédio moral, promoção de equilíbrio entre vida pessoal e profissional e acesso a suporte psicológico.
- Treinamento de Líderes e Colaboradores : Capacitação para identificar sinais de esgotamento mental e promover um ambiente saudável.
Segundo Raquel Grieco , essas mudanças não são apenas formais, mas práticas:
“Exigir um comprometimento mais claro das empresas em relação à implementação de medidas de segurança e saúde reforça a responsabilidade do empregador e a fiscalização das condições de trabalho, o que pode gerar um impacto positivo na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais”.
Concordo com ela e acrescento: essa mudança é uma oportunidade para repensarmos o papel das empresas na construção de um ambiente de trabalho mais humano.
Por Que Isso Importa? Os Dados que Não Podem Ser Ignorados
Os números falam por si: além do aumento alarmante nos afastamentos, pesquisas apontam que 70% dos trabalhadores brasileiros já relataram sintomas de burnout em 2023 (dados da International Stress Management Association). Para mim, essas estatísticas não são apenas números, mas um chamado à ação:
“Empresas que negligenciam a saúde mental estão pagando um preço alto — não só em multas, mas em produtividade e reputação. A NR-1 é uma oportunidade para repensarmos o valor humano no ambiente corporativo”.
Além disso, estudos mostram que colaboradores em ambientes saudáveis são 21% mais produtivos e têm índices de absenteísmo reduzidos em até 40% . Isso prova que cuidar da saúde mental não é apenas um dever ético, mas também um diferencial competitivo.
Um Futuro Mais Saudável (e Produtivo) Começa em 2025
A atualização da NR-1 não é apenas uma obrigação legal, mas um marco na valorização do capital humano. Ao priorizar a saúde mental, as empresas não só cumprem normas, mas constroem ambientes onde colaboradores se sentem respeitados e motivados .
Como sempre digo:
“Números mostram o problema, mas a empatia aponta a solução. Que a NR-1 seja o início de uma revolução silenciosa — onde o sucesso não se mede apenas em lucros, mas em sorrisos genuínos no final do expediente”.