Rodrigo Goldacker: Explorando a interseção entre tecnologia, cultura e influência digital através da literatura

Afinal, o que realmente nos conecta no mundo digital de hoje? Essa pergunta é o ponto de partida para muitos debates que permeiam as obras de Rodrigo Goldacker, finalista do Prêmio Amazon de Literatura Jovem, que vem se destacando por sua habilidade em explorar a interseção entre tecnologia, cultura e influência digital em seus ensaios. Em seu mais recente trabalho, “NFT’s, influencers e a música […] do artista […]”, Goldacker vai além da superfície, proporcionando reflexões profundas sobre como esses temas se entrelaçam e afetam a sociedade contemporânea. E vou te contar, a leitura não poderia ser mais instigante.

A origem do livro: uma reflexão digital que virou físico

Essa jornada literária começou com uma simples publicação no Medium. Aliás, quem acompanha Rodrigo (@rodrigoldacker) na plataforma sabe bem o quanto ele tem a dizer. São mais de 200 textos e uma comunidade de mais de 1.500 seguidores fiéis que acompanham suas reflexões desde 2016. A obra “NFT’s, influencers e a música […] do artista […]” foi inicialmente uma dessas publicações, mas sua relevância e profundidade a levaram a ganhar uma versão física em 2022 pela Editora Casatrês.

A ideia de transformar esse ensaio em um livro nasceu da própria observação de Rodrigo sobre como a tecnologia e a arte estão se fundindo de maneiras nunca antes vistas. Confesso que, pessoalmente, fiquei bastante intrigado com a forma como ele aborda a ascensão dos NFTs e a influência dos criadores de conteúdo na indústria da música.

NFTs e influenciadores digitais: Uma nova realidade para a música

Quando pensamos em NFTs (Tokens Não-Fungíveis), muitas vezes vêm à mente imagens digitais ou colecionáveis, mas a verdade é que eles estão transformando muito mais do que isso, e a indústria musical não ficou de fora dessa onda. No livro, Rodrigo explora justamente esse ponto: como os NFTs, ao lado das estratégias dos influenciadores digitais, estão reconfigurando o conceito de propriedade intelectual e valor artístico no ambiente virtual.

Ele começa com uma análise técnica e imersiva sobre a criatividade e as barreiras no mercado artístico, desaguando em um questionamento instigante sobre como coisas aparentemente simples, como a forma de assinar uma música, podem se tornar uma barreira de acesso. Foi justamente a curiosidade em torno de um artista que utilizava uma sequência de caracteres impronunciáveis como assinatura de suas músicas que levou Goldacker a essa reflexão. Ele se pergunta: “Por que complicar algo de propósito? Por que restringir o acesso?”

Essa indagação ressoa profundamente. Eu mesmo já me perguntei como essas novas tecnologias podem ser tão promissoras, mas ao mesmo tempo ainda restritas para muitos. E é exatamente isso que Goldacker destaca – as oportunidades digitais ainda não são para todos, seja por falta de acesso, conhecimento ou até mesmo por escolha consciente de quem cria.

A mercantilização da cultura e o papel do influenciador digital

Outro ponto de destaque na obra é a reflexão sobre a mercantilização da cultura. Rodrigo, com sua vasta experiência como redator e escritor acadêmico, aborda com maestria como as tendências digitais estão afetando o mercado artístico. Fiquei impressionado com a clareza com que ele fala sobre o impacto dos influenciadores na forma como consumimos arte e cultura hoje.

Como publicitário formado pela Faculdade Cásper Líbero, ele enxerga muito bem o poder que as redes sociais e os influenciadores têm em moldar percepções e influenciar comportamentos. Para Rodrigo, a cultura, que antes parecia imune às regras do mercado, está cada vez mais se tornando uma mercadoria, com valores atribuídos muitas vezes mais por sua exposição digital do que por seu conteúdo artístico intrínseco.

Aí eu paro e penso: até onde isso vai nos levar? Será que, no futuro, o valor de uma obra será medido apenas por sua popularidade em vez de sua profundidade artística? São perguntas que surgem com a leitura e que, sem dúvida, fazem parte do que Rodrigo quer nos provocar a pensar.

Rodrigo Goldacker: um escritor moldado pela filosofia e pelo digital

O autor, nascido e criado em São Paulo, sempre soube que queria ser escritor. Desde os 12 anos, essa foi sua paixão, e ele se entregou de corpo e alma à escrita. No entanto, sua formação vai além das letras. Rodrigo é graduado em Publicidade e Propaganda, especializado em UX Writing e mestre em Comunicação. Ou seja, ele une a técnica da comunicação com a sensibilidade artística, criando uma obra robusta e envolvente.

Quando questionado sobre suas influências, ele menciona gigantes como Albert Camus, Carl Jung e Judith Butler. Filosofias densas e existenciais que transbordam em seus ensaios, romances e poesias. E eu não poderia deixar de citar sua admiração por Jack Kerouac, o porta-voz da geração beat, que é uma influência notável em sua forma de contar histórias. Além disso, autores como Clarice Lispector, Hermann Hesse e Franz Kafka também figuram entre suas referências, o que ajuda a entender de onde vem a profundidade e a complexidade de sua escrita.

De “Verde Verdade” a “Eu Só Existo às Terças-Feiras”

Rodrigo não é novato no universo literário. Sua obra mais recente, “Verde Verdade”, é uma homenagem ao seu avô e uma desconstrução dos tradicionais romances de estrada, um gênero que, para mim, sempre carregou um charme especial. Goldacker escreveu essa obra aos 18 anos, inspirado pela literatura beatnik, e nela explora a conexão humana de maneira única, fazendo o leitor viajar pelas relações de dois andarilhos.

Mas é com “Eu Só Existo às Terças-Feiras” que Rodrigo chegou à final do Prêmio Amazon de Literatura Jovem. Esse romance psicológico – que está sendo adaptado para audiobook – narra a vida de Viktor, um adolescente com sete personalidades, uma para cada dia da semana. A história é contada pela personalidade que só existe às terças-feiras, uma premissa que, ao meu ver, é absolutamente genial.

Essa trama nos coloca no centro da confusão e paranoia do protagonista, que precisa descobrir o que acontece nos dias em que ele não está presente, enquanto lida com os outros indivíduos que compartilham o mesmo corpo. O mistério e a conspiração se desenrolam de maneira divertida, mas também perturbadora, deixando o leitor ansioso por cada novo capítulo. Fiquei realmente imerso nesse universo de Viktor, e posso dizer que é uma leitura que desafia a percepção da realidade.

O futuro de Goldacker: poesia, ensaios e novas ficções

Se você acha que Rodrigo vai parar por aí, está muito enganado. Ele já tem novos projetos a caminho, incluindo um livro de poesias com poemas escritos entre 2022 e 2023, que será publicado pelo NADA∴Studio Criativo, além de um ensaio chamado “Ensaio das Expectativas Míticas” e um romance experimental, “O Prisioneiro e os Outros”.

Fiquei particularmente curioso sobre o projeto de terror que ele vem desenvolvendo desde 2018. Embora o primeiro ato já esteja pronto, Rodrigo admite que se trata de uma obra ambiciosa, e ele ainda não tem uma previsão de lançamento. Mas, conhecendo seu trabalho, posso garantir que será algo para ficar de olho.

A aventura de um escritor digital no mundo físico

Rodrigo Goldacker é, sem dúvida, um escritor que merece toda a atenção. Ele transita com fluidez entre o mundo digital e físico, trazendo para suas obras reflexões que são, ao mesmo tempo, contemporâneas e atemporais. A maneira como ele conecta tecnologia, arte e cultura é envolvente, e sua paixão pela escrita fica evidente em cada linha.

Para mim, foi um prazer conhecer mais sobre sua trajetória e obras. Se você, assim como eu, se interessa por como o digital está transformando o mundo, suas leituras são um convite irresistível para explorar essas novas fronteiras. E quem sabe, refletir sobre as mudanças que ainda estão por vir.

Seja nos ensaios, poesias ou romances, Rodrigo nos provoca a olhar o futuro com curiosidade, questionar as normas estabelecidas e, acima de tudo, perceber que o que nos conecta vai muito além de algoritmos e likes.


E aí, curtiu? Então que tal explorar as obras de Rodrigo e mergulhar nesse universo literário que está transformando o digital em arte? Eu garanto que você não vai se arrepender!

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