A sexóloga e terapeuta Cláudya Toledo ressalta a importância de estarmos atentos aos sinais emitidos por crianças e adolescentes vítimas de abuso. Vimos o caso recente que envolve o nome de várias celebridades de Hollywood, principalmente o de Puff Diddy, o rapper americano e executivo da indústria fonográfica. Dentre as acusações, regem tráfico humano e abuso sexual; podemos citar também a investigação envolvendo o ator Will Smith, suspeito de abusar sexualmente do seu filho adolescente Jaden Smith, com a participação do rapper citado, além de suspeitas relacionadas a supostos abusos praticados contra o cantor Justin Bieber, aos seus 15 anos. Todas estas denúncias estão sendo apuradas pelo Departamento de Investigações de Segurança Nacional (HSI) dos Estados Unidos.
É importante frisar que os casos de violência contra crianças e adolescentes tiveram um aumento considerável nos últimos anos em todo o mundo. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, estima-se que este número possa chegar a 1 bilhão, considerando casos de violência sexual, emocional, física e negligência. No Brasil, cerca de 102 mil pessoas passaram por essa situação no ano de 2022.
No Brasil e no mundo, este tipo de violência atinge especialmente crianças do sexo feminino, sendo que cerca de 60% das vítimas têm até 13 anos, caracterizando estupro de vulnerável, sendo tratadas como objetos sexuais. Em sua maioria, os casos ocorrem em ambiente familiar, explica a sexóloga.
“Com relação à faixa etária das vítimas, é possível observar que os maus-tratos ocorrem geralmente entre 5 e 9 anos, já a exploração sexual, dos 14 aos 17 anos, e o estupro entre 10 e 13.”
Com o aumento da conscientização e educação sobre este fato, as denúncias tendem a aumentar. Portanto, casos sempre ocorreram, mas a ampliação no número de registros se deve principalmente ao acesso à internet e outros canais de divulgação, facilitando a proximidade com a informação, complementa Cláudya Toledo.
“No Brasil, a violência sexual se mostra presente na vida de um significativo percentual de meninos e meninas que frequentam a escola. Dentre as meninas, uma em cada cinco adolescentes diz já ter sido tocada, manipulada, beijada ou ter tido partes do corpo expostas contra a sua vontade. E grande parte das meninas nessa idade já foram forçadas ao sexo, a maioria antes dos 14 anos. Os garotos também são alvos desse tipo de violência, mas em percentuais bem menores. Os agressores costumam ser pessoas próximas às vítimas.”
Em 2022, foram registrados aproximadamente um estupro a cada 8 minutos no país. Conforme o documento, o Sudeste, região mais populosa do Brasil, teve o maior número de ocorrências de estupro. Em seguida, ficou a Região Sul, já a região Centro-Oeste apresentou o menor número de episódios desse tipo de violência.
De acordo com a professora, sexóloga e terapeuta Cláudya Toledo, autora do livro Me nina, que aborda este assunto de maneira relevante e com dados estatísticos, “é importante quando se fala em abuso notar que a dinâmica familiar está disfuncional. Neste momento social, temos a legislação de abusos de incestos (abusos que ocorrem dentro da família), que desde 2013 está vigendo com dignidade. O importante é proteger a criança e a família. Como seres humanos, somos jovens nas questões humanas, assuntos delicados, denúncias envolvendo crianças e a falta de confiança que a criança sofre. O processo familiar é importante neste caso, pois a família disfuncional acaba expondo seus integrantes à sociedade. O essencial nestes casos é o manejo terapêutico e clínico terapêutico para o bem-estar social.”
Fontes: Agência Brasil, Agência IBGE e Folha USP.