A Influência das Marcas na Autoimagem dos Brasileiros: Uma Reflexão Necessária

Anna Azem, Julia Guilger e Ivan Scarpelli, sócios da Dubu. Crédito: Fernando Cavalcanti

Introdução: A Responsabilidade das Marcas na Autoimagem

Você já parou para pensar em como as marcas influenciam a forma como nos sentimos em relação aos nossos corpos? Um estudo recente conduzido pela consultoria Dubu, especializada em estratégias para marcas e negócios, trouxe à tona uma questão intrigante: 83% dos brasileiros acreditam que as marcas têm responsabilidade sobre como as pessoas se sentem em relação aos seus corpos. Para mim, essa descoberta não é apenas reveladora, mas também um convite para repensarmos o papel das marcas em nossas vidas.

A pesquisa, chamada “Sem Cabimento”, foi realizada com 500 brasileiros, entre 16 e 50 anos, de todas as regiões do país. O objetivo? Entender como diferentes setores e marcas influenciam a percepção que temos de nossos corpos e aparências. Os resultados, como veremos a seguir, são tão diversificados quanto a própria população brasileira.

O Impacto Positivo e Negativo dos Setores

Quando falamos de influências positivas, é interessante notar que os setores de saúde e bem-estar, moda e vestuário, e alimentos e bebidas estão no topo da lista. Não é surpresa que o setor de saúde e bem-estar tenha sido citado por 41% dos entrevistados como o mais positivo. Afinal, esse setor é diretamente relacionado à manutenção e melhoria da saúde física e mental, aspectos que estão intrinsicamente ligados à forma como percebemos nossos corpos.

Já o setor de moda e vestuário, citado por 38% dos participantes, também desempenha um papel crucial. A moda tem o poder de transformar a nossa autoimagem, oferecendo roupas que podem nos fazer sentir mais confiantes e à vontade em nossa própria pele. No entanto, esse mesmo setor também pode ser um dos maiores vilões, como veremos a seguir.

Por outro lado, quando se trata de influências negativas, o setor de mídia e entretenimento é o grande destaque, liderando a lista com 54% das menções. E isso, para mim, faz todo o sentido. Vivemos em um mundo onde as mídias estão constantemente bombardeando nossas mentes com imagens de corpos “perfeitos”, muitas vezes inatingíveis. Essa pressão é sentida com ainda mais força pela geração Y, com 57% considerando a influência negativa, e pela geração Z, com 53%.

A Falta de Identificação com a Publicidade

Um dado que realmente me chamou a atenção no estudo foi o fato de que 88% dos entrevistados afirmaram não se identificar ou apenas se identificarem parcialmente com os modelos e atores que aparecem nas propagandas. Isso significa que apenas 12% das pessoas se veem realmente representadas na publicidade. Essa falta de identificação não é apenas frustrante; ela pode ser extremamente danosa para a autoestima.

Como homem que viveu a transição das mídias tradicionais para as digitais, percebo que a publicidade, muitas vezes, ainda perpetua estereótipos ultrapassados, não refletindo a diversidade real dos corpos. Essa desconexão entre o que é mostrado nas propagandas e a realidade da maioria das pessoas contribui para a perpetuação de padrões inatingíveis. Para as marcas, esse é um sinal claro de que precisam repensar suas estratégias de comunicação.

O Papel das Marcas no Respeito à Diversidade Corporal

A pesquisa da Dubu também destacou as marcas que, segundo os entrevistados, estão fazendo um bom trabalho em relação à imagem corporal. Entre a geração Y, Natura, Boticário, Nike, Nestlé e Adidas foram as mais citadas. É interessante notar que marcas de cosméticos, como Natura e Boticário, têm investido pesado em campanhas que celebram a diversidade, algo que é muito bem-visto pelos consumidores.

Já entre a geração Z, Nike, Natura, Boticário, Ambev e Nestlé se destacaram. A Nike, em particular, parece ter conquistado uma boa reputação entre os jovens por sua abordagem inclusiva e pelo apoio a causas sociais que envolvem a aceitação corporal e a saúde mental.

Mas, mais do que apenas serem reconhecidas por seus nomes, as marcas precisam entender que as expectativas dos consumidores estão mudando. As pessoas querem ver iniciativas que realmente respeitem a diversidade corporal, como produtos que se adaptem a diferentes tipos de corpos e campanhas publicitárias que não manipulem as imagens para criar um ideal de beleza irreal.

Oportunidades para um Relacionamento Melhor

Para mim, um dos pontos mais interessantes do estudo foi a identificação de áreas onde as marcas podem melhorar o relacionamento com os consumidores em relação aos corpos. Entre as principais causas citadas pelos entrevistados estão o apoio à saúde física e mental, o respeito à diversidade corporal, o fim da manipulação de imagens na publicidade, e a promoção de campanhas mais inclusivas.

Ivan Scarpelli, sócio e cofundador da Dubu, ressaltou a importância de as marcas criarem experiências que valorizem a multiplicidade dos corpos. E eu concordo plenamente. Cada pessoa é única, com suas próprias características e histórias. Portanto, as marcas que conseguirem abraçar essa singularidade, em vez de tentar moldar todos em um único padrão, estarão muito mais próximas de conquistar a confiança e a lealdade dos consumidores.

Um exemplo disso pode ser visto nos segmentos de esportes e cosméticos, que, segundo a pesquisa, são os mais reconhecidos pela proximidade e relevância em relação aos corpos. Esses setores têm se destacado pela capacidade de oferecer produtos que não apenas atendem às necessidades dos consumidores, mas que também celebram a diversidade.

Reflexões Sobre a Pesquisa “Sem Cabimento”

A pesquisa “Sem Cabimento” tem um nome curioso, e a história por trás desse nome é ainda mais intrigante. Inspirada em um experimento realizado em 1945 pelo ginecologista Robert L. Dickinson e pelo artista Abram Belskie, a pesquisa remete a uma época em que se tentava definir o que seria um corpo “normal”. Dickinson e Belskie criaram esculturas de um homem (Normman) e uma mulher (Norma), baseadas em medidas estatísticas, com o objetivo de representar corpos comuns.

Porém, como o experimento revelou, essas esculturas estavam longe de representar a diversidade real dos corpos humanos. Nenhuma das mais de 3,8 mil mulheres que participaram do concurso de comparação de medidas se aproximou dos padrões de Norma. Esse experimento histórico nos faz questionar: o que define um corpo “normal”? E mais importante, por que tentamos tanto nos encaixar em padrões que, muitas vezes, são inalcançáveis?

Anna Beatriz Azem, sócia e cofundadora da Dubu, destacou que esse experimento levanta questões importantes sobre racismo, identidade e o papel das mulheres na sociedade. Eu acrescentaria que ele também nos faz refletir sobre o papel das marcas em perpetuar ou desafiar esses padrões. As marcas têm um poder enorme nas mãos, e com esse poder vem a responsabilidade de promover uma imagem corporal que seja inclusiva e realista.

Conclusão: Um Convite à Reflexão

Os dados da pesquisa “Sem Cabimento” não apenas nos oferecem um panorama da relação dos brasileiros com suas autoimagens, mas também nos desafiam a repensar o papel das marcas em nossas vidas. Como consumidor e alguém que já foi afetado pelas mensagens da mídia e publicidade, vejo essa discussão como crucial para o futuro das marcas e para o bem-estar de todos nós.

As marcas que desejam permanecer relevantes precisam ouvir os anseios dos consumidores e agir de acordo. Isso significa respeitar a diversidade, apoiar a saúde mental e física, e, acima de tudo, ser autênticas em suas comunicações. Afinal, somos todos diferentes, e essa é a beleza da vida. As marcas que entenderem isso e se adaptarem a essa realidade terão um futuro brilhante pela frente.

A pesquisa realizada pela Dubu é um lembrete poderoso de que, apesar de todos os avanços, ainda temos um longo caminho a percorrer em termos de aceitação e respeito à diversidade corporal. Para mim, fica claro que o futuro pertence às marcas que forem corajosas o suficiente para desafiar os padrões estabelecidos e criar um espaço onde todos possam se sentir incluídos e respeitados.

E você, como enxerga a influência das marcas em sua vida e na forma como você se vê? Essa é uma conversa que todos precisamos ter, não só com as marcas, mas também com nós mesmos. Afinal, a mudança começa dentro de cada um de nós.


Se você se interessou pelo tema e deseja saber mais sobre como as marcas podem influenciar nossas vidas de maneiras positivas, recomendo a leitura de outros artigos disponíveis em Master Maverick. Vamos juntos refletir e promover mudanças significativas no mundo ao nosso redor!

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