Por Rafael Ramos
O setor de tecnologia, historicamente dominado pelo sexo masculino, está testemunhando uma mudança significativa nos últimos anos, com um aumento notável na participação e ascensão de mulheres. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre os anos de 2015 e 2022, houve um expressivo crescimento de 60% na presença feminina no campo da tecnologia. Entretanto, esse avanço ainda não é suficiente, já que o setor continua sendo majoritariamente composto por 83,3% de profissionais do sexo masculino. Neste artigo, exploraremos essa tendência ascendente e apresentaremos o exemplo inspirador de Andressa Vergutz, cofundadora da startup curitibana Easy 360.
Mulheres na Tecnologia: Desafiando Estereótipos
Mesmo diante de desafios significativos, diversas profissionais estão superando as barreiras que historicamente limitaram a participação feminina no setor de tecnologia. É fundamental destacar esses exemplos de sucesso, pois eles desempenham um papel importante em encorajar jovens mulheres a considerar uma carreira na área. Andressa Vergutz é um desses exemplos notáveis. Ela é a cofundadora e head de tecnologia da Easy 360, uma startup com sede em Curitiba, que desenvolveu uma plataforma online para otimizar a gestão de empresas industriais e introduziu um curso pioneiro para a profissão de planner industrial no Brasil.
Andressa possui um doutorado em Ciência da Computação pela UFPR e acumulou experiências acadêmicas em instituições renomadas, como a University of Ottawa, no Canadá, e a Northeastern University, nos Estados Unidos. Em sua função de liderança na Easy 360, ela é a principal responsável por áreas cruciais, como ciência de dados, Inteligência Artificial (IA), algoritmos de Machine Learning (aprendizado de máquina), Internet das Coisas (IoT) e gestão do desenvolvimento da solução Easy.
Barreiras Enfrentadas por Mulheres na Tecnologia
Andressa Vergutz ressalta que ainda existe uma carência significativa de incentivo para as mulheres, especialmente as mais jovens, considerarem carreiras em tecnologia. Essa falta de incentivo começa desde a educação básica, estendendo-se ao ambiente familiar e de trabalho. Muitas vezes, quando as mulheres optam por seguir carreiras tecnológicas, deparam-se com barreiras iniciais, como preconceitos na educação, onde colegas de classe e professores duvidam de sua capacidade para resolver problemas complexos de lógica. No ambiente de trabalho, em discussões técnicas e na tomada de decisões para solucionar problemas, as opiniões das profissionais muitas vezes são desconsideradas e subestimadas.
Andressa observa: “Uma mulher e um homem podem expressar a mesma ideia, mas a mulher precisa comprovar que possui conhecimento sobre o que está expondo, enquanto o homem, se não souber, ainda é ouvido e aceito. Para a mulher, muitas vezes, isso a prejudica tanto que ela é excluída de futuras discussões. Em geral, não se enxerga mulheres em posições técnicas que exijam pensamento lógico, mas o lado feminino aguça a atenção para detalhes que frequentemente passam despercebidos quando comparados ao perfil masculino.”
Diversidade na Tecnologia
Andressa enfatiza que a tecnologia é uma área para todos, independentemente do sexo. Ela argumenta que a diversidade é fundamental, trazendo inclusão, perspectivas diversas e pensamento criativo para qualquer setor, incluindo a tecnologia. As mulheres podem desempenhar papéis essenciais em várias áreas tecnológicas, desde programação, banco de dados e design de software até redes, inteligência artificial e análise de dados.
Ela destaca: “Nós, mulheres, temos a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, criar designs mais detalhados e realizar uma gestão de produtos mais cuidadosa. Somos detalhistas, e isso beneficia muito o campo da tecnologia. Mas é importante ressaltar que a capacidade depende mais do perfil da pessoa do que do sexo. É necessário superar a barreira de que não somos capazes e de que somos frágeis. As mulheres são tão capazes quanto os homens, e isso depende mais do esforço e dedicação de cada indivíduo.”
Promovendo a Participação Feminina na Tecnologia
Para que mais mulheres possam seguir o exemplo de Andressa e prosperar no setor de tecnologia, é crucial realizar uma divulgação mais eficaz dessa área para o público feminino. A tecnologia deve ser acessível desde cedo nas escolas, incentivando as jovens alunas a se envolverem em projetos tecnológicos. Nas empresas, é necessário oferecer programas de qualificação para atrair mais mulheres para o campo da tecnologia e incentivar o progresso na carreira das que já estão nele.
Andressa conclui: “As oportunidades não chegam até as meninas nas escolas, especialmente na rede pública. Elas precisam saber que a tecnologia oferece um vasto mundo de oportunidades que vão muito além da programação. Precisamos divulgar tudo o que envolve o campo da tecnologia desde cedo nas escolas, em casa, nas mídias digitais e em outros meios de comunicação. As mulheres precisam saber que existem diversas opções e que elas podem se destacar na área de tecnologia.”
Conclusão
A presença crescente e o destaque das mulheres no setor de tecnologia são testemunhos de sua resiliência e capacidade de superar desafios. Andressa Vergutz, cofundadora da Easy 360, é um exemplo inspirador desse progresso. No entanto, ainda há trabalho a ser feito para promover a igualdade de gênero nesse setor vital. A diversidade é essencial para impulsionar a inovação, e é responsabilidade de todos nós criar um ambiente inclusivo onde mulheres possam prosperar na tecnologia. À medida que mais mulheres são encorajadas a seguir esse caminho, o setor de tecnologia se tornará ainda mais rico em perspectivas e talentos.