Por Rafael Ramos
Na era digital em que vivemos, os golpes online têm se multiplicado a uma velocidade alarmante. Semanalmente, surgem novos métodos fraudulentos, demonstrando a crescente criatividade e sofisticação dos criminosos digitais. Estamos diante de um cenário em que não se trata mais de ações isoladas de golpistas amadores, mas sim de golpes massivos, orquestrados por grupos criminosos altamente organizados, cuja especialização se aprofunda a cada dia.
No entanto, entre tantos crimes digitais que assolam a sociedade, um deles se destaca por seu potencial devastador: o novo golpe do Pix, substancialmente diferente de todos os que surgiram até o momento. Francisco Gomes Junior, advogado especialista em direito digital e presidente da ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais e Consumidor), revela como essa nova modalidade criminosa relacionada ao Pix opera, bem como as medidas de proteção que todos nós devemos adotar.
O novo golpe do Pix é uma ameaça que se infiltra nos dispositivos móveis, instalando um vírus que concede acesso remoto às contas bancárias, permitindo aos criminosos assumirem o controle do smartphone da vítima. Essa invasão, que já causou estragos consideráveis em todo o país, é realizada por uma rede de criminosos especializados e é a segunda fraude mais registrada no Brasil em 2023, embora tenha sido detectada apenas há cerca de 8 meses.
De acordo com o especialista, os crackers, hackers dedicados a atividades criminosas, infectam o celular das vítimas por meio de falsas notificações e aplicativos fraudulentos. Um dos métodos comuns utilizados por eles é o envio de uma notificação informando a necessidade de atualizar o WhatsApp para uma nova versão. Ao clicar na atualização, um malware é instalado, permitindo que os criminosos coletem informações sensíveis, incluindo a geolocalização do dispositivo, o que lhes permite identificar os momentos mais propícios para acessar o aplicativo bancário da vítima.
Esse software espião pode monitorar o acesso às contas bancárias desde o momento inicial, antes mesmo da solicitação de senha. Com o controle remoto, os criminosos podem alterar destinatários em transações bancárias ou efetuar Pixs fraudulentos, esvaziando o saldo da conta da vítima.
O grande perigo desse golpe reside na sua automatização. Como é conduzido por meio de um software, os criminosos têm a capacidade de perpetrar a fraude em grande escala, abandonando a abordagem manual de um alvo por vez. É uma evolução notável nos golpes digitais.
Para se proteger contra esse novo golpe do Pix, é essencial que todos nós adotemos medidas de segurança rigorosas ao usar nossos dispositivos móveis. Evite clicar automaticamente em qualquer mensagem de atualização ou permissão de acessibilidade que você receber. Desconfie de todas as mensagens e examine-as com critério e cautela.
Francisco Gomes Junior enfatiza que nunca devemos atualizar aplicativos por meio de links recebidos em mensagens suspeitas. A maneira mais segura de atualizar um aplicativo é acessar a loja oficial onde ele foi baixado, verificar se há uma versão mais recente disponível e realizar a atualização diretamente por lá, sem utilizar links externos. Mesmo ao fazer isso, é importante tomar precauções nas lojas oficiais para evitar aplicativos falsos.
Por último, mas não menos importante, mantenha o sistema operacional de seu dispositivo sempre atualizado, instale um antivírus confiável e configure suas mensagens para bloquear automaticamente qualquer mensagem suspeita. Além disso, monitore regularmente sua movimentação bancária, identificando qualquer atividade suspeita o mais cedo possível.
Diante do perigo crescente do novo golpe do Pix e de outros golpes digitais, é fundamental que todos nós adotemos práticas de segurança rigorosas em nosso uso da tecnologia. Somente com conscientização e precaução podemos nos proteger contra as ameaças que se multiplicam na era digital. É hora de intensificar nossos cuidados e garantir a segurança de nossos dados e finanças.