Nesta quinta-feira, 5 de outubro, a Academia Sueca, em Estocolmo, anunciou o laureado do Prêmio Nobel de Literatura de 2023. Jon Fosse, renomado escritor e dramaturgo norueguês, foi agraciado com esta honra literária. A Academia Sueca justificou a escolha ao afirmar que o prêmio foi concedido a Fosse “por suas peças e prosa inovadoras que dão voz ao indizível.”
O anúncio desse prestigioso reconhecimento literário trouxe uma mistura de emoções para Jon Fosse, que, em um comunicado, expressou estar “impressionado e um pouco assustado.” Ele enfatizou que vê esse prêmio como uma celebração da literatura em sua forma mais pura, destacando que sua obra é movida pela busca da excelência literária sem concessões.
Jon Fosse é conhecido por escrever na versão menos comum das duas variantes oficiais da língua norueguesa, o Nynorsk. Para ele, o prêmio é um reconhecimento não apenas de sua contribuição à literatura, mas também da importância desse idioma e do movimento cultural que ele representa. Em suas palavras, o prêmio é dedicado ao próprio idioma norueguês.
O autor nasceu em 1959, na cidade de Haugesund, na costa oeste da Noruega, e fez sua estreia literária em 1983 com o romance “Raudt, svart” (“Vermelho, preto,” sem publicação no Brasil). Fosse é frequentemente comparado ao renomado autor Samuel Beckett, sendo considerado o equivalente norueguês do século XXI. Sua vasta obra inclui ficção, poesia, ensaios, mais de 40 peças teatrais e livros infantis.
A Academia Sueca destacou a forte ligação de Jon Fosse com sua terra natal, tanto linguisticamente quanto geograficamente, combinada com suas técnicas artísticas modernistas, como uma característica marcante de sua escrita.
Sua obra-prima na prosa é a série “Septology” (sem tradução em português), concluída em 2021, composta por “Det andre namnet” (“O segundo nome”), “Eg er ein annan” (“Eu sou outra pessoa”) e “Eit nytt namn” (“Um novo nome”). Em sua dramaturgia, Fosse ganhou destaque com a peça “Nokon kjem til å komme” (1996; “Alguém vai chegar”), conhecida por seus temas de expectativa assustadora e ciúme paralisante.
No Brasil, a Companhia das Letras publicou recentemente “É a Ales,” uma obra que explora temas de amor e perda por meio das memórias de Signe, uma mulher que espera seu marido desaparecido após sair de barco em um fiorde.
Esta premiação de Jon Fosse segue o prêmio concedido à francesa Annie Ernaux em 2022. Com mais de 20 livros publicados, Ernaux é conhecida por seus romances autobiográficos e livros de memórias que abordam questões de classe e gênero. Ela foi homenageada pelo seu compromisso com a “coragem e acuidade clínica com que revela as raízes, estranhamentos e inibições coletivas da memória pessoal”, conforme declarado pela Academia.
A lista recente de laureados com o Prêmio Nobel de Literatura inclui nomes notáveis, como Abdulrazak Gurnah da Tanzânia em 2021, Louise Glück dos Estados Unidos em 2020, Peter Handke da Áustria em 2019 e Olga Tokarczuk da Polônia em 2018.
É importante notar que os vencedores do Prêmio Nobel deste ano receberão um prêmio monetário adicional de 1 milhão de coroas suecas, elevando o valor total para 11 milhões de coroas suecas. Essa medida foi anunciada pela Fundação Nobel, que administra os prêmios.
O Prêmio Nobel, criado pelo químico e inventor da dinamite Alfred Nobel, é um dos mais prestigiosos reconhecimentos do mundo. Os prêmios em física, química, medicina, literatura e paz foram estabelecidos com o propósito de homenagear aqueles que contribuíram significativamente para o benefício da humanidade. Mesmo que a rigidez das regras tenha evoluído ao longo do tempo, o compromisso com a excelência continua a ser o foco principal dessa distinta honraria.