Conversas, Debates e Muita Literatura: O Que Esperar do Festival Caju de Leitores
A gente já consegue sentir no ar o cheiro da mata, misturado com o encantamento das palavras, prenúncio de que está chegando mais uma edição do Festival Caju de Leitores. Aquele friozinho na barriga de quem ama a literatura indígena e sabe que está prestes a viver momentos inesquecíveis. O evento, que já está em sua terceira edição, acontece nos dias 3 e 4 de setembro na Oca Tururim, situada na Aldeia Xandó, em Caraíva, Porto Seguro (BA). Só de pensar que daqui a uma semana a literatura indígena estará mais viva do que nunca, já me enche de entusiasmo!
A Chegada de Lucia Tucuju e a Importância da Literatura Indígena
O festival contará com a participação de 21 convidados, incluindo personalidades locais e de outras regiões do Brasil, que prometem enriquecer esse encontro literário único. E sabe quem será a primeira a chegar? A talentosa e inspiradora Lucia Tucuju! Ela desembarca no dia 31 de agosto para uma formação em Literatura Indígena, que acontecerá no Centro de Cultura de Porto Seguro. Essa formação será realizada em parceria com o Caju de Leitores e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), uma iniciativa que reforça a importância do evento e sua missão de promover a cultura indígena.
Lucia Tucuju não é só uma escritora; ela é também atriz, poetisa e contadora de histórias. Sua presença já antecipa que teremos momentos mágicos e enriquecedores. Ao lado de outras duas mulheres incríveis, Auritha Tabajara e Aline Kayapó, ela formará um trio de contadoras de histórias que vão fazer as manhãs do Festival Caju de Leitores brilharem ainda mais. Imagina só que privilégio assistir a essas mulheres trazendo à tona suas raízes, seus contos e suas vivências para inspirar as novas gerações?
Programação do Festival: Um Mergulho na Cultura Indígena
A programação do Festival Caju de Leitores está de tirar o fôlego, e não é só pela quantidade de atividades, mas pela riqueza cultural que cada uma delas representa. Logo cedo, às 8h da manhã, a Oca Tururim abre suas portas para receber o público. Mas o verdadeiro início se dá com a cerimônia de Awê e uma oração tradicionais do povo Pataxó, conduzidas pelo Centro Cultural da Aldeia Xandó, que acontecem às 9h. Esse momento, além de marcar o começo das atividades, nos conecta de forma profunda com as raízes e a espiritualidade indígena, algo que, na correria do dia a dia, muitas vezes esquecemos de valorizar.
Ainda no dia 3 de setembro, teremos a oportunidade de participar de uma oficina que promete ser uma experiência transformadora. Tucunã Pataxó, um desenhista e tatuador talentoso, irá conduzir uma oficina de pintura corporal. Aqui, não estamos falando apenas de arte visual, mas de uma verdadeira imersão nos grafismos indígenas, que carregam em si histórias, significados e uma conexão profunda com a natureza e a ancestralidade. Já deu para sentir que essa oficina vai muito além de aprender a pintar, né?
Mas, se você acha que a programação para por aí, está muito enganado. Uma das grandes novidades desta edição é a participação mais ativa dos alunos da Escola Indígena Pataxó Xandó. Sob a direção de Nargela Carvalho, co-anfitriã do evento ao lado do escritor Sairi Pataxó, esses jovens prepararam apresentações culturais que prometem nos fazer refletir e nos encantar. Teremos teatro, leitura de redações e ações sobre meio ambiente e cultura tradicionais, tudo para enriquecer ainda mais a experiência do festival. E o mais legal é ver como esses jovens estão se empoderando de suas próprias culturas e tradições, levando-as para o futuro com orgulho e criatividade.
Tarde de Debates e Reflexões: Aprofundando-se nos Territórios Indígenas
Se a manhã já promete ser intensa, a tarde do dia 3 de setembro não fica para trás. A partir das 14h, o Centro Cultural da Reserva Porto do Boi será palco para discussões que vão nos fazer pensar sobre o que realmente significa “Território”. A temática central do Festival Caju de Leitores deste ano é “Territórios – O Brasil é Terra Indígena”, um tema que, por si só, já nos provoca a refletir sobre nossa história, nossas raízes e, principalmente, sobre o futuro que queremos construir.
A primeira mesa de debates, intitulada “Território Identidade”, contará com a presença de Juerana Pataxó, Janice Cardoso e Txatxu Pataxó. Esse encontro promete ser profundo, discutindo como nossos corpos são formas e meios de expressão de identidade, cultura e resistência. E, para reforçar a importância desse tema, Raoni Pataxó, uma liderança de destaque, fará uma apresentação cultural que, com certeza, vai nos deixar ainda mais envolvidos com a discussão.
Logo após, a mesa “Conceito de Território” irá abordar um tema crucial nos dias de hoje: como o modo de vida indígena pode ser uma resposta à crise climática que enfrentamos. Com a participação de grandes nomes como Ailton Krenak, Edson Kayapó, Tapy Pataxó e Ahnã Pataxó, essa mesa promete trazer insights valiosos e, quem sabe, novas perspectivas sobre como podemos aprender com os povos indígenas a cuidar melhor do nosso planeta.
Segundo Dia de Festival: Explorando o Território Digital e Cultural
O segundo dia do Festival Caju de Leitores, 4 de setembro, não será menos impactante. Serão realizadas mais duas mesas de debate que prometem mexer com nossas ideias e provocar reflexões importantes. A primeira delas, “Território Digital”, vai nos levar a pensar sobre o papel das mídias na propagação das ideias e ações indígenas. Com a participação de Tukumã Pataxó, Samela Sateré Mawê, Daniel Pataxó e Túlio Foi Pescar, essa mesa vai nos mostrar como os jovens indígenas estão utilizando as plataformas digitais para reivindicar seus direitos, compartilhar suas culturas e lutar por um futuro mais justo e sustentável. Eu, como alguém que também adora estar nas redes, estou curioso para ver como essas vozes jovens estão moldando o mundo virtual.
E para fechar o festival com chave de ouro, nada melhor do que uma celebração cultural! O músico e compositor Akurinã Pataxó se apresentará, nos envolvendo com sua música e mostrando como a arte é uma forma poderosa de resistência e preservação cultural. Em seguida, teremos uma mesa de debate sobre “Território Cultural”, com um foco especial na língua Patxôhã. A mesa contará com a presença de Akurinã, do Pajé Niomaktxi, da Professora Iane e de Tohõ Pataxó. A língua é uma das ferramentas mais poderosas de preservação cultural, e essa discussão vai nos mostrar o quão vital é manter viva essa forma de expressão.
Expectativa para o Festival: Um Encontro Transformador
A expectativa para o Festival Caju de Leitores não poderia ser mais alta. Nargela Carvalho, uma das responsáveis pela organização, espera receber cerca de mil pessoas durante os dois dias do evento. E não é só isso, ela percebe que o interesse pelo festival cresce a cada edição, tanto entre as aldeias e escolas da região quanto entre os moradores locais e turistas. “É emocionante ver a literatura indígena conquistando novos públicos e consolidando nosso evento no calendário nacional”, afirma Nargela. E eu não poderia concordar mais! Ver a cultura indígena ganhando destaque e espaço é realmente algo que aquece o coração.
Joanna Savaglia, idealizadora e produtora do evento, também destaca a importância de ter Ailton Krenak no festival. Para ela, a presença desse ícone é um presente para todos os espectadores. Além disso, Joanna acredita que o evento oferece uma oportunidade única de ouvir os indígenas compartilhando suas experiências e conhecimentos sobre os diferentes territórios humanos. “Estamos entusiasmados para que todos possam desfrutar do evento e participar das trocas de conhecimento, refletindo a abertura e valorização da diversidade de vozes e saberes presentes no Caju de Leitores deste ano”, diz Joanna. E não tenho dúvida de que essas reflexões sociais e ambientais que Krenak e os demais trarão serão transformadoras para todos nós.
Como Chegar ao Festival: Dicas para Aproveitar ao Máximo
Se você, assim como eu, ficou morrendo de vontade de participar do Festival Caju de Leitores, é importante se planejar. A Aldeia Indígena Xandó está localizada no distrito de Caraíva, a 70 km de Porto Seguro, e faz divisa com a Vila de Caraíva. Se você vem de longe, o caminho mais prático é via Porto Seguro, que pode ser acessado de avião ou ônibus. De lá, você pode contratar um serviço de transfer, alugar um carro ou pegar um ônibus que o levará até o porto das canoas para atravessar o Rio Caraíva.
Eu recomendo agendar o serviço de transfer com antecedência para evitar perrengues. Agora, se você optar pelo ônibus, o ponto de partida é Arraial D’Ajuda. Lá, é preciso fazer a travessia de balsa pelo Rio Buranhém. Os ônibus partem em horários específicos, então é bom ficar atento: de segunda a sábado às 7h, 12h e 15h, e aos domingos às 7h e 15h. Chegando em Caraíva, a travessia de canoa sai a cada 10 minutos e custa R$10 por pessoa por trecho. Ah, e não se esqueça do ecoticket, uma taxa voluntária de R$20, que é cobrada pelo Conselho Comunitário de Caraíva para apoiar melhorias na região. A Oca Tururim, onde acontecerá o evento, é acessível a pé ou de buggy, e há placas indicativas para ajudar na chegada.
Realização do Evento: Gratuito e para Todos
O Festival Caju de Leitores é uma realização da Savá Cultural, patrocinado com incentivo da Lei Rouanet e pelo Ministério da Cultura. E o melhor de tudo? É um evento totalmente gratuito! Isso mesmo, você pode participar de todas essas atividades incríveis sem gastar nada. Para mais informações e para conferir a programação completa, acesse o site oficial do festival em www.cajuleitores.com.br ou siga o Instagram @cajuleitores.
Serviço: Tudo que Você Precisa Saber
O que: Festival Caju de Leitores
Tema: Territórios – O Brasil é Terra Indígena
Quando: 3 e 4 de setembro (terça e quarta-feira)
Onde: Oca Tururim, Aldeia Xandó, TI Barra Velha, Caraíva, Porto Seguro, Bahia
Horário: das 9h às 20h
Classificação: Livre
Informações adicionais: O evento é GRATUITO e terá atividades lúdicas para o público infanto-juvenil e mesas e rodas de conversa para o espectador juvenil-adulto.
E aí, já se imaginou caminhando por Caraíva, ouvindo histórias ancestrais e refletindo sobre o papel que os povos indígenas têm na nossa sociedade? Eu, com certeza, não vejo a hora de participar desse festival. Vamos juntos celebrar a literatura indígena e nos deixar inspirar por essas vozes tão ricas e cheias de sabedoria!