Um Terço das Peritas Sofrem Assédio Sexual no Trabalho: Um Retrato Preocupante da Realidade na Polícia Científica

Um terço das peritas criminais já sofreu assedio sexual
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Um Levantamento do Sindicato dos Peritos Criminais Revela a Gravidade do Assédio e Discriminação Enfrentados por Mulheres na Polícia Técnico-Científica

É difícil imaginar que, em pleno século 21, ainda tenhamos que lidar com histórias de assédio e discriminação tão perturbadoras quanto as reveladas recentemente pelo Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (SINPCRESP). Confesso que, ao me deparar com esses dados, senti um misto de tristeza e indignação. Como podemos permitir que nossas peritas, profissionais altamente capacitadas e dedicadas, enfrentem tamanha hostilidade no ambiente de trabalho?

Segundo o levantamento, realizado entre março e agosto de 2024, quase um terço (31,68%) das peritas criminais paulistas afirmaram ter sofrido assédio sexual no ambiente de trabalho. E isso é só o começo de uma realidade sombria que essas mulheres enfrentam diariamente. Os números não mentem: 39,47% relataram agressões verbais, 2,63% agressões físicas e mais da metade (55,26%) afirmaram ser vítimas de assédio moral.

As Vozes Silenciadas

Uma das coisas que mais me chocou foi o relato de uma perita, que preferiu manter o anonimato por razões óbvias. Ela compartilhou uma experiência que ilustra bem o quão tóxico pode ser o ambiente na Polícia Técnico-Científica. “Estava na minha sala trabalhando quando meu superior me perguntou, do nada, se eu não estava cansada do meu marido e disse que ele estaria disponível. Diante da minha negativa indignada, ele foi embora”, contou.

Imagina só a coragem que essa mulher precisou reunir para seguir em frente após uma situação dessas! O mais triste é que ela, como muitas outras, se questionou se havia feito algo errado, quando, na verdade, a culpa era toda do agressor. E como se não bastasse, ela ainda foi submetida a agressões verbais e assédio moral por parte de outro colega. “A sensação era horrível, sentia muita vergonha e não tinha mais vontade de ir trabalhar”, desabafou.

Esses relatos trazem à tona uma questão fundamental: a falta de canais de denúncia eficazes e a ausência de campanhas de conscientização dentro da instituição. Isso nos faz pensar que os números reais de assédio e discriminação podem ser ainda maiores do que os apresentados na pesquisa. E, sinceramente, acredito que são.

A Discriminação na Polícia Científica

O estudo também escancarou o problema da discriminação dentro do ambiente policial. Mais de 73% das peritas entrevistadas disseram ter sofrido algum tipo de discriminação no trabalho. E a coisa só piora. O excesso de trabalho e as más condições laborais também foram apontados como fatores críticos. Uma das peritas destacou a falta de canais institucionais para denúncias, algo que deveria ser corrigido com urgência. O presidente do SINPCRESP, Bruno Lazzari, enfatizou essa questão, apontando-a como um problema grave.

É inacreditável pensar que em uma profissão tão essencial, onde a precisão e a dedicação são vitais, as profissionais ainda tenham que enfrentar discriminação e assédio. Essas mulheres merecem, no mínimo, respeito e suporte para exercerem suas funções sem medo ou constrangimento.

Assédios Vertical e Horizontal: Uma Realidade Alarmante

Outro dado que me chamou bastante atenção foi a distribuição dos casos de discriminação e assédio, que ocorrem tanto no nível vertical quanto no horizontal. Isso quer dizer que as peritas enfrentam problemas vindos de todos os lados: superiores, colegas de mesmo nível hierárquico, e até mesmo de chefias indiretas.

A pesquisa revelou que 64,28% das discriminações foram causadas pela chefia imediata, enquanto 66,6% dos casos de bullying e acobertamento de bullying foram perpetrados por colegas de mesmo nível hierárquico. Quando se trata de assédio sexual, impressionantes 78,51% dos casos foram cometidos por colegas do mesmo nível. Já no caso de assédio moral, 71,42% foram causados pela chefia imediata, 42,85% pela chefia indireta e 28,57% por colegas de mesmo nível.

Esses números mostram claramente que o problema está enraizado em todos os níveis da instituição. O ambiente de trabalho deveria ser um espaço seguro e acolhedor, mas, infelizmente, para muitas dessas mulheres, ele se tornou um verdadeiro campo de batalha.

A Falta de Punições: Um Ciclo Vicioso

Agora, algo que me deixou ainda mais perplexo foi a total ineficácia das denúncias feitas por essas profissionais. De acordo com a pesquisa, 71,42% das denúncias feitas aos superiores não surtiram efeito algum. Isso é mais do que frustrante; é desesperador. Como pode uma instituição tão importante falhar tanto em proteger suas profissionais?

Uma das peritas chegou a ser transferida após denunciar um caso de assédio, como se a vítima fosse culpada pelo crime que sofreu. Isso é, sem dúvida, inadmissível. Parece que estamos vivendo em uma realidade distópica, onde o agressor sai impune e a vítima é penalizada. É exatamente esse tipo de atitude que perpetua o ciclo de violência e intimidação dentro da instituição.

Simpósio Contra o Assédio: Um Passo na Direção Certa

Diante de todos esses dados perturbadores, é fundamental que algo seja feito para mudar essa realidade. E, felizmente, parece que estamos começando a dar alguns passos na direção certa. A pesquisa será divulgada no 1º Simpósio de Combate ao Assédio no Serviço Público, que acontecerá nos dias 26 e 27 de agosto no Grande Auditório da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.

Esse simpósio, promovido pela Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo em parceria com o SINPCRESP, contará com a presença de figuras importantes, como a juíza da 69ª Vara do TRT, Patrícia Almeida Ramos; a Procuradora do Estado de São Paulo, Margarete Gonçalves Pedroso; o procurador da Alesp, Yuri Caralescov; o desembargador do TJ-SP, Henrique Nelson, além dos peritos criminais Eduardo Becker e Karla Campos, da atual diretoria do SINPCRESP.

Eventos como esse são essenciais para que possamos debater e buscar soluções concretas para esse problema. Mas é claro que só isso não basta. Precisamos de mudanças estruturais dentro da Polícia Técnico-Científica, com a criação de canais efetivos de denúncia, proteção real para as vítimas e, principalmente, punição severa para os agressores.

Reflexão: O Que Podemos Fazer?

Sabe, eu fico pensando: o que nós, como sociedade, podemos fazer para apoiar essas mulheres? Como podemos ajudar a criar um ambiente de trabalho mais seguro e justo para todas as peritas? A primeira coisa que me vem à mente é a necessidade de mais diálogo e conscientização. Precisamos falar mais sobre assédio e discriminação, não só dentro das instituições, mas em todos os espaços.

A segunda coisa é o suporte. As vítimas de assédio e discriminação precisam saber que não estão sozinhas. Precisamos fortalecer as redes de apoio e garantir que essas mulheres tenham a quem recorrer quando precisarem de ajuda. E, por último, mas não menos importante, precisamos pressionar as autoridades para que façam seu trabalho. Não podemos permitir que casos como esses sejam varridos para debaixo do tapete.

Conclusão: A Luta Continua

A pesquisa do SINPCRESP nos mostrou uma realidade dura, mas necessária de ser enfrentada. Como sociedade, não podemos nos dar ao luxo de fechar os olhos para o que está acontecendo dentro da Polícia Técnico-Científica. Essas mulheres dedicam suas vidas a um trabalho essencial para a justiça e a segurança pública. O mínimo que podemos fazer é garantir que elas tenham um ambiente de trabalho digno, onde possam exercer suas funções com segurança e respeito.

Acredito firmemente que, juntos, podemos mudar essa realidade. Pode parecer um desafio gigantesco, mas cada pequena ação conta. Precisamos continuar lutando por um mundo onde todas as pessoas, independentemente de gênero, possam trabalhar sem medo de assédio ou discriminação. E essa luta começa agora, com cada um de nós.

Se você quiser saber mais sobre como podemos combater o assédio no ambiente de trabalho e outras questões relacionadas, eu recomendo que você acesse o Master Maverick, onde você encontrará mais artigos e discussões sobre esse e outros temas importantes.

E você, o que acha de tudo isso? Compartilhe sua opinião e vamos continuar essa conversa. Afinal, só com diálogo e ação conseguiremos construir um futuro melhor para todos.

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