Nos últimos anos, o setor do agronegócio brasileiro tem sido palco de uma verdadeira revolução. E não falo apenas de avanços tecnológicos ou do aumento da produtividade, mas de uma mudança muito mais ampla e profunda. Estou falando sobre o impacto que as práticas de ESG (sigla para Environmental, Social, and Governance – ou, em bom português, Ambiental, Social e Governança) vêm trazendo para toda a cadeia produtiva, especialmente para a indústria de adjuvantes agrícolas. Esse mercado, que já era promissor, está passando por transformações guiadas por uma nova consciência de sustentabilidade e responsabilidade social.
Eu vejo essa tendência com muito otimismo, pois acredito que é uma forma de o agronegócio não apenas prosperar economicamente, mas também deixar um legado positivo para o planeta e para as pessoas.
O que é ESG e por que isso importa no agro?
Quando falamos de ESG, estamos nos referindo a um conjunto de critérios que avaliam o impacto das operações de uma empresa em três dimensões fundamentais: meio ambiente, sociedade e governança. Ou seja, não basta mais que as empresas sejam lucrativas – elas precisam ser responsáveis. E isso inclui desde o uso sustentável dos recursos naturais até o compromisso com as comunidades locais e a transparência nos negócios.
No contexto do agronegócio, que é uma das principais atividades econômicas do Brasil, isso ganha uma importância ainda maior. Afinal, estamos falando de um setor que depende diretamente de recursos naturais como água, solo e biodiversidade. Garantir a preservação desses recursos é essencial não só para a continuidade das operações, mas para o futuro de todos nós.
E, convenhamos, o mundo está cada vez mais exigente. Investidores, consumidores e até reguladores querem saber o que as empresas estão fazendo para minimizar seus impactos ambientais e sociais. Isso coloca as práticas de governança corporativa no centro das atenções, especialmente em uma indústria tão exposta como a agrícola.
O boom do mercado de adjuvantes no Brasil
Agora, voltando o foco para os adjuvantes agrícolas, podemos ver que esse mercado tem experimentado um crescimento impressionante. Em 2023, o Brasil já era responsável por cerca de 20% do mercado global de adjuvantes, com uma taxa de crescimento anual estimada em 7,5%. E isso não me surpreende, afinal, com a crescente demanda por práticas agrícolas mais sustentáveis e eficientes, esses produtos se tornaram essenciais para otimizar o uso de defensivos e fertilizantes.
O mercado global também segue essa tendência, com uma projeção de crescimento de 6,2% ao ano até 2028. Isso significa que o uso de adjuvantes, além de melhorar a eficiência dos insumos agrícolas, está sendo cada vez mais reconhecido como uma ferramenta fundamental para reduzir os impactos ambientais da agricultura.
Mas não para por aí. O mais interessante é como o ESG está moldando esse crescimento. Empresas do setor estão reestruturando suas cadeias de suprimento, exigindo maior transparência e sustentabilidade de seus fornecedores. Eu acho que isso é um grande avanço, pois mostra que a responsabilidade com o meio ambiente e a sociedade não é apenas uma moda passageira – é algo que veio para ficar.
Cerca de 40% das empresas do setor já revisaram seus fornecedores até 2023 para garantir conformidade com padrões ambientais e sociais. Isso inclui a preferência por matérias-primas certificadas e práticas de baixo impacto ambiental. Um ótimo exemplo é a Sell Agro, que exige o atestado de biodegradabilidade de todas as matérias-primas que utiliza. Essa é uma medida prática que faz toda a diferença para minimizar a contaminação do solo e da água.
A busca por inovação e sustentabilidade
Algo que me deixa realmente animado é ver o quanto a inovação tem sido um pilar central nesse processo de transformação. A indústria de adjuvantes está investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento para criar produtos que sejam mais eficientes e, ao mesmo tempo, menos prejudiciais ao meio ambiente. Uma das grandes apostas do setor são os adjuvantes biodegradáveis, que se decompõem naturalmente, evitando a contaminação dos recursos hídricos e do solo.
Além disso, muitas empresas estão focadas em reduzir as emissões de carbono ao longo de toda a sua cadeia de produção e distribuição. Isso inclui a otimização dos processos industriais para reduzir o consumo de energia e a adoção de fontes renováveis de energia. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), práticas agrícolas mais sustentáveis podem contribuir para reduzir até 20% das emissões globais de gases de efeito estufa. Isso me dá uma grande esperança de que o setor agrícola pode, sim, ser parte da solução para os desafios climáticos.
E a sustentabilidade vai além do meio ambiente. A eficiência no uso de recursos também tem sido uma prioridade. Soluções mais avançadas de adjuvantes podem reduzir o consumo de água na agricultura em até 30%, algo crucial em um país com tantas áreas sujeitas à escassez hídrica. Esse tipo de inovação não é apenas bom para os negócios, mas também para as futuras gerações.
O impacto social e a governança na prática
Outro aspecto do ESG que não podemos deixar de lado é o impacto social. Para mim, isso vai muito além de ser uma questão de imagem corporativa. Trata-se de reconhecer que as empresas têm um papel importante no desenvolvimento das comunidades onde estão inseridas. E isso é algo que a indústria de adjuvantes agrícolas está começando a abraçar de forma mais robusta.
Um exemplo que me chamou a atenção foi o fato de que, em 2022, o setor de adjuvantes no Brasil investiu mais de R$ 500 milhões em projetos sociais, beneficiando diretamente mais de 300 mil pessoas em áreas rurais. Esses projetos, que vão desde educação até capacitação profissional, são fundamentais para promover a inclusão e o desenvolvimento local. Para mim, é um sinal claro de que as empresas estão entendendo que o sucesso delas depende, em grande parte, do bem-estar das pessoas ao seu redor.
E quando falamos de governança, estamos entrando em um campo igualmente importante. Empresas comprometidas com o ESG estão adotando práticas que asseguram a conformidade com as leis e regulamentos, além de promoverem a transparência e a ética nos negócios. Não é à toa que mais de 60% das grandes marcas que atuam no setor de adjuvantes já possuem certificações como ISO 14001 (Gestão Ambiental) e ISO 45001 (Saúde e Segurança no Trabalho). Isso me deixa muito confiante de que o setor está no caminho certo para construir uma reputação sólida e confiável.
O futuro da indústria de adjuvantes
A incorporação dos princípios de ESG na indústria de adjuvantes agrícolas não é apenas uma tendência passageira. A meu ver, trata-se de uma necessidade real para quem quer se destacar em um mercado cada vez mais exigente e consciente. As empresas que priorizam ESG estão melhor posicionadas para conquistar a confiança dos consumidores, investidores e reguladores.
O futuro do agronegócio, sem dúvida, passará por uma transformação que valoriza tanto o crescimento econômico quanto o bem-estar social e ambiental. Isso não apenas melhora a competitividade das empresas, mas também garante que o Brasil continue a ser um líder mundial em sustentabilidade agrícola.
Com investimentos contínuos em inovação, pesquisa e desenvolvimento, acredito que a indústria de adjuvantes está pronta para liderar essa mudança. E o que é mais inspirador: essa liderança não vem apenas do desejo de lucrar, mas de fazer a coisa certa – para o planeta, para as pessoas e para o futuro do setor.
É uma transformação que nos faz pensar no amanhã, mas que, ao mesmo tempo, já está acontecendo aqui e agora. E, pessoalmente, fico muito feliz em ver esse movimento ganhar força. Afinal, todos nós temos a ganhar com um agronegócio mais sustentável e responsável!
Fonte: “Como o ESG está transformando a indústria dos adjuvantes”, de Leandro Viegas, Administrador, bacharel em Direito e CEO da Sell Agro.