Dia Mundial da Segurança do Paciente: Uma reflexão sobre o cuidado seguro

Um olhar mais atento sobre a segurança do paciente

Hoje, 17 de setembro, é uma data especial, marcada pela celebração do Dia Mundial da Segurança do Paciente, um momento que nos convida a refletir sobre algo que deveria ser inerente ao atendimento médico: a segurança. A campanha deste ano, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), traz um tema fundamental: “Melhorando o diagnóstico para a segurança do paciente”, com o slogan “Faça certo, torne seguro”. E, francamente, essa temática não poderia ser mais relevante.

Eu, como observador desse complexo sistema de saúde, vejo o quanto a questão da segurança é muitas vezes negligenciada. Para quem está do outro lado, como paciente, é assustador pensar que uma simples consulta ou procedimento pode se transformar em uma experiência marcada por erros evitáveis. Segundo a OMS, os erros de diagnóstico são responsáveis por quase 16% dos danos evitáveis em serviços de saúde. Um número que, honestamente, não consigo deixar de achar chocante.

A dura realidade dos erros médicos

A OMS também destaca algo ainda mais alarmante: a cada minuto, cinco pessoas morrem no Brasil em decorrência de erros médicos, totalizando quase 55 mil mortes por ano. Agora, pare um minuto para refletir sobre isso. Cinco vidas são interrompidas, cinco histórias que poderiam ter um final diferente. E quando se soma esse dado aos 12% de pacientes que sofrem danos em contextos de atendimento médico, é claro que estamos lidando com um problema sério, que vai muito além de uma estatística fria.

A insegurança nos cuidados médicos é uma crise silenciosa que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Estudos indicam que quase metade dos danos causados por cuidados inseguros poderiam ser evitados. Isso me leva a pensar: onde estamos falhando? Será que a resposta está na sobrecarga dos profissionais de saúde? Na falta de estrutura adequada? Ou simplesmente na ausência de protocolos mais rígidos e eficientes?

Eu acredito que a resposta envolve um pouco de tudo isso. Afinal, a saúde é um sistema complexo, onde cada detalhe conta. E, no caso de erros médicos, a soma desses detalhes pode ser fatal.

O peso dos erros de medicação

Outro ponto que me chama bastante a atenção é o problema relacionado aos medicamentos. Globalmente, 1 em cada 20 pacientes sofre danos evitáveis causados por medicamentos. Isso é muito grave, principalmente quando consideramos que 53% desses danos ocorrem durante a fase de prescrição. Ou seja, o momento em que o médico deveria garantir que o tratamento está correto é justamente quando acontecem muitos dos erros.

Essa estatística revela, a meu ver, uma falha grave na forma como os sistemas de saúde estão organizados. Como podemos confiar em um sistema que comete tantos equívocos justamente naquilo que deveria ser a sua especialidade? Claro, os médicos não são robôs, e o ambiente hospitalar, muitas vezes, é caótico. Mas, ainda assim, o preço a ser pago por esses erros é alto demais.

O contexto brasileiro e o Programa Nacional de Segurança do Paciente

Aqui no Brasil, a situação também é preocupante. O Anuário de Segurança Assistencial Hospitalar, publicado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), pinta um quadro alarmante: cinco pessoas morrem a cada minuto por conta de erros médicos. E, sinceramente, isso é devastador.

Desde 2013, o Ministério da Saúde tem o Programa Nacional de Segurança do Paciente, que inclui uma série de protocolos destinados a evitar esses erros. Protocolos como a identificação correta do paciente, cirurgias seguras e a prevenção de úlceras por pressão são algumas das medidas básicas estabelecidas. No entanto, como em tantas outras áreas, o desafio está na implementação eficaz dessas práticas.

Não adianta apenas ter os protocolos, é preciso garantir que eles sejam seguidos à risca. Infelizmente, muitos estabelecimentos de saúde ainda falham em medir indicadores e acompanhar a adesão dos profissionais às práticas seguras. A falta de infraestrutura e a escassez de profissionais capacitados continuam a ser obstáculos sérios. E isso, mais uma vez, leva a um ponto de reflexão: o que estamos fazendo para mudar essa realidade?

O papel fundamental das famílias e pacientes

Agora, quando falamos sobre segurança no atendimento, não podemos deixar de lado o papel que os próprios pacientes e seus familiares podem desempenhar. A verdade é que a responsabilidade pelo cuidado não é exclusivamente dos profissionais de saúde. Pacientes e seus familiares podem, e devem, ser agentes ativos nesse processo. Afinal, quem melhor do que eles para observar e relatar mudanças no quadro clínico ou apontar algo que não parece estar certo?

É crucial que haja uma comunicação clara entre os médicos e os pacientes. No entanto, isso nem sempre acontece. No Brasil e em muitos outros países, especialmente os de baixa e média renda, os pacientes muitas vezes não têm a chance de expressar plenamente suas preocupações. Já presenciei inúmeras vezes pacientes sendo interrompidos durante as consultas, o que leva a diagnósticos equivocados ou incompletos. A falta de diálogo é um dos principais vilões aqui.

Uma boa solução que algumas instituições têm adotado é o processo de acreditação. A acreditação hospitalar estabelece protocolos e procedimentos para minimizar falhas e garantir a segurança do paciente. É um processo voluntário, mas essencial para que as instituições de saúde ofereçam um atendimento de qualidade.

A acreditação hospitalar no Brasil

No Brasil, poucas instituições de saúde estão de fato acreditadas. Das mais de 380 mil organizações cadastradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), apenas 1.712 possuem acreditação por metodologias nacionais ou internacionais. Isso é uma quantidade mínima, considerando o tamanho do nosso sistema de saúde.

A Organização Nacional de Acreditação (ONA) é a principal responsável por conduzir esse processo aqui no Brasil. Dos mais de 1.300 certificados emitidos pela ONA, 424 são destinados a hospitais. Isso é importante porque um hospital acreditado precisa seguir protocolos rigorosos que garantem maior segurança para os pacientes.

No entanto, fico me perguntando: por que tantas instituições ainda não buscam a acreditação? Será uma questão de custos? Ou talvez uma falta de interesse em seguir regras mais rígidas? Seja como for, é fundamental que haja mais incentivos e, talvez, até mesmo exigências legais para que todas as instituições busquem essa certificação.

A segurança do paciente nos cursos de medicina

Outro ponto que eu considero crucial é a preparação dos futuros médicos. Nos cursos de medicina, a segurança do paciente já é um tema abordado em algumas faculdades de destaque, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esses tópicos são essenciais, pois preparam os profissionais para lidar com os desafios da segurança no atendimento desde o início de suas carreiras.

No entanto, ainda há muito a ser feito. Muitas faculdades ainda não incorporaram esses conteúdos de forma abrangente em suas grades curriculares. Para mim, é fundamental que todos os médicos saiam da universidade com uma compreensão sólida sobre a importância da segurança do paciente. Afinal, uma formação completa faz toda a diferença na hora de salvar vidas.

Algumas dicas para você contribuir com a segurança do paciente

Para quem está se perguntando o que pode fazer para ajudar, deixo aqui algumas sugestões:

  1. Informe-se – Conhecer mais sobre segurança do paciente é o primeiro passo. Quanto mais você souber, mais poderá cobrar por um atendimento de qualidade.
  2. Questione – Nunca tenha medo de fazer perguntas ao seu médico. Se algo não parece certo, é importante esclarecer.
  3. Acompanhe – Se você está cuidando de alguém, esteja sempre atento a sinais de que algo pode estar errado.
  4. Divulgue – Falar sobre o assunto é fundamental. Quanto mais pessoas souberem da importância da segurança no atendimento, maior será a pressão para mudanças.

Conclusão

Ao refletir sobre o Dia Mundial da Segurança do Paciente, o que fica claro para mim é que a segurança no atendimento deve ser uma prioridade para todos: profissionais de saúde, instituições e pacientes. São muitas as vidas que podem ser salvas com a implementação correta de protocolos, a capacitação dos médicos e, principalmente, com uma comunicação eficaz entre todos os envolvidos no processo de cuidado.

A campanha deste ano nos lembra da importância de um diagnóstico preciso e oportuno. E isso só será possível se todos estivermos comprometidos com a segurança do paciente.

Se você quer saber mais sobre o assunto e como melhorar sua experiência de cuidado, confira as informações no site da Organização Mundial da Saúde e procure por iniciativas locais que promovam a segurança do paciente.

Vamos juntos construir um sistema de saúde mais seguro para todos.

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