Retração no setor acende alerta, mas há esperança de recuperação no fim do ano
Bares e restaurantes registraram uma leve retração de 0,2% nas vendas durante outubro, segundo o Índice Abrasel-Stone. Em uma análise mais ampla, os números mostram que a queda acumulada no setor, em comparação ao mesmo período de 2023, chegou a 1,2%. O principal vilão apontado para essa desaceleração foi o aumento expressivo nos custos operacionais, especialmente os relacionados à carne bovina e à energia elétrica, insumos essenciais para a operação dos estabelecimentos.
Cenário Econômico: Custos Crescentes e Inflação Controlada
Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) destacam aumentos significativos nos preços de itens fundamentais ao setor. Em outubro, as carnes tiveram uma alta de 5,81%, enquanto a energia elétrica residencial registrou aumento de 4,74%. Por outro lado, a inflação acumulada no setor de alimentação fora do lar ficou em 4,13% no ano, abaixo dos 5,08% registrados para alimentos em geral.
Essa diferença ilustra os esforços dos empresários em segurar reajustes para não perder clientela, mesmo diante de custos crescentes. “Os bares e restaurantes vêm absorvendo parte significativa dos aumentos para evitar uma redução mais acentuada na demanda. Isso demonstra o compromisso do setor em manter-se competitivo e acessível, mesmo em um cenário de inflação crescente. No entanto, essa estratégia também coloca pressão sobre a saúde financeira dos estabelecimentos”, explica Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.
Variações Regionais: Quem Ganhou e Quem Perdeu
A análise por estados, realizada pelo Índice Abrasel-Stone, revela um cenário heterogêneo. O Piauí liderou as quedas nas vendas, com uma retração mensal de 6,7%, seguido pela Paraíba (6,3%) e pelo Maranhão (5,1%). No acumulado anual, a situação foi ainda mais desafiadora para o Piauí, com uma queda de 7,5%, seguido pelo Maranhão (6,5%) e Mato Grosso do Sul (5,8%).
Apesar do panorama adverso, algumas regiões apresentaram resultados positivos. Roraima foi destaque no mês, com um crescimento de 1,0%. Em uma perspectiva anual, Alagoas (6,60%), Tocantins (4,70%), Roraima (4,0%), Rio Grande do Sul (2,90%) e Pará (0,60%) registraram avanços, indicando resiliência em meio às dificuldades.
“Os resultados de outubro acendem um alerta para desafios que o setor ainda enfrenta, como a dificuldade no repasse de custos. Apesar disso, estamos otimistas para o último trimestre.”
— Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.
Perspectivas para o Fim do Ano: Uma Luz no Horizonte
A chegada do fim de ano, com as festividades e o pagamento do 13º salário, traz esperanças para uma recuperação no setor. O último trimestre historicamente representa um período de aquecimento nas vendas, especialmente para bares e restaurantes que aproveitam o aumento no consumo durante as celebrações.
“Estamos confiantes de que o movimento de fim de ano trará um fôlego importante para os negócios. O balanço final de 2024 tem tudo para ser positivo, desde que consigamos manter a clientela e equilibrar os custos”, afirma Solmucci.
Apoio ao Setor: Medidas de Resiliência
Os empresários têm buscado estratégias para lidar com o cenário adverso. Entre elas, destacam-se renegociações de contratos de fornecimento, ajustes nos cardápios para priorizar itens mais acessíveis e o uso de tecnologia para otimizar operações. A parceria com a Stone, que fornece dados detalhados sobre o desempenho do setor, também tem auxiliado na tomada de decisões.
Conclusão: O Desafio da Resiliência
O desempenho de bares e restaurantes em outubro reflete os desafios enfrentados por um setor crucial para a economia brasileira. A alta nos custos operacionais, somada à dificuldade de repassar esses aumentos ao consumidor, exige resiliência e criatividade dos empresários.
Enquanto estados como Piauí e Maranhão lidam com quedas expressivas, outros, como Roraima e Alagoas, mostram que há espaço para crescimento mesmo em um cenário adverso. Com o otimismo depositado no período festivo, a expectativa é que o setor consiga reverter parte das perdas e fechar o ano de 2024 com resultados positivos.
O que se vê, portanto, é um setor em busca de equilíbrio, determinado a superar os obstáculos e manter sua relevância na vida dos brasileiros.