Mapa de Chacinas no Norte e Nordeste do Brasil: A Violência Invisível que Persiste

Levantamento revela panorama alarmante de homicídios em massa no Brasil

Um estudo inédito conduzido pela Rede Liberdade em parceria com a Clínica de Direitos Humanos do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) lança luz sobre a escalada da violência nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A pesquisa, intitulada “Mapa de Chacinas: regiões Norte e Nordeste”, documenta 489 episódios de chacinas ocorridos entre 1988 e 2023, resultando em 2.117 mortes até 28 de setembro de 2023. A análise foi submetida à Organização das Nações Unidas (ONU) como parte de um esforço para ampliar a visibilidade internacional da crise.

Estados com maior incidência de homicídios em massa

Os dados do levantamento destacam três estados como os mais afetados por homicídios em massa: Bahia, Ceará e Pará.

  • Bahia: Registrou o maior número de casos, com 104 chacinas, das quais 46 ocorreram na capital, Salvador.
  • Ceará: Documentou 75 episódios, sendo 24 deles em Fortaleza.
  • Pará: Apresentou 69 casos, com 22 ocorrências em Belém.

A pesquisa revela que 38,4% das chacinas ocorreram em zonas urbanas, 45,4% em áreas rurais e 16,2% em regiões intermediárias. O ano de 2015 foi marcado pelo maior número de eventos, totalizando 64, enquanto 2017 destacou-se pelo número de vítimas, com 382 mortes.

“Omissão persistente das autoridades”

Amarílis Costa, diretora-executiva da Rede Liberdade, avalia os dados como reflexo de um padrão de violência estrutural. “Há uma violência direcionada e uma omissão persistente das autoridades em proteger essas comunidades. Esse cenário exige uma resposta urgente e um comprometimento do Estado”, enfatizou.

A pesquisa também aponta que as chacinas atingem desproporcionalmente populações negras, quilombolas e indígenas, reforçando um padrão de seletividade nos homicídios. Embora faltem dados oficiais detalhados sobre o perfil racial das vítimas, estima-se que a maioria dos casos ocorre em territórios majoritariamente negros.

Impacto nas comunidades vulneráveis

Rodrigo Portela, consultor e um dos pesquisadores do estudo, sublinha a precariedade enfrentada pelas comunidades afetadas. “Este estudo mostra que comunidades inteiras permanecem desprotegidas, e o Estado falha em oferecer políticas de reparação para as famílias das vítimas”, pontua.

O levantamento também destaca que a falta de monitoramento unificado e de responsabilização agrava a invisibilidade dessas chacinas. Sem informações detalhadas — como idade, raça e condição social das vítimas —, a compreensão da magnitude do problema fica comprometida.

A evolução da cobertura e lacunas históricas

A década de 1990 foi marcada por uma subnotificação dos casos devido à limitação de registros, baseados principalmente em fontes secundárias e reportagens jornalísticas. Somente a partir de 2011, com o uso mais frequente do termo “chacina” na mídia, foi possível consolidar uma base de dados mais abrangente.

Essa falta de dados oficiais não apenas dificulta a análise histórica, mas também impede uma resposta efetiva às comunidades impactadas. Segundo o estudo, a ausência de estatísticas específicas é sintomática de um “apagamento” das vítimas. “O dado mais importante que se obteve é o de apagamento dessas vítimas, que serve para a manutenção de um projeto de destruição material de corpos e populações julgados como descartáveis e supérfluos”, conclui o relatório.

O que precisa mudar: monitoramento e segurança pública

Frente a esse cenário, os autores do levantamento recomendam ações concretas para reverter o quadro. Entre as principais sugestões estão:

  1. Criação de um banco de dados oficial e unificado: A falta de informações detalhadas impede a formulação de políticas públicas eficientes.
  2. Investimento em políticas de reparação: Garantir suporte às famílias das vítimas e proteção às comunidades vulneráveis.
  3. Fortalecimento das estruturas de segurança pública: Implementar medidas que priorizem a proteção de populações historicamente marginalizadas.

A diretora Amarílis Costa reforça a urgência de ações concretas. “Sem mudanças estruturais, a violência continuará se perpetuando, ceifando vidas e desestabilizando comunidades inteiras.”

Conclusão: Um chamado à ação

O “Mapa de Chacinas: regiões Norte e Nordeste” apresenta um alerta urgente sobre a necessidade de mudanças sistêmicas para enfrentar a violência estrutural no Brasil. A persistência de homicídios em massa nessas regiões evidencia não apenas a precariedade das políticas de segurança pública, mas também o abandono de comunidades inteiras pelo poder público. A resposta a essa crise demanda uma mobilização ampla e coordenada que envolva governo, sociedade civil e instâncias internacionais.

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