
Um olhar inédito sobre a história e a luta das escolas de samba
Na próxima quinta-feira, 5 de dezembro, às 21h, o Canal Brasil estreia o documentário “Não Vamos Sucumbir”, dirigido por Miguel Przewodowski. O filme revela os bastidores do Carnaval brasileiro, destacando a resistência cultural das escolas de samba diante de adversidades como a pandemia de Covid-19. Além disso, oferece uma análise histórica e sociopolítica sobre o impacto e a relevância desse evento no Brasil.
Uma jornada através do tempo e dos desafios do Carnaval
O documentário parte de um momento crítico: a suspensão do Carnaval em 2020, devido à pandemia. Entre os anos de incerteza e a retomada em 2022, “Não Vamos Sucumbir” documenta não apenas os preparativos técnicos e artísticos, mas também as tensões emocionais vividas por sambistas, carnavalescos e comunidades.
Porém, a obra vai além do contexto recente, explorando as raízes do Carnaval e o surgimento das escolas de samba. O filme destaca como essas organizações, ao longo de décadas, se tornaram agentes de transformação cultural e política no país.
Antônio Vieira, pesquisador responsável pela produção, conduziu uma extensa investigação para compor o roteiro. “A ideia era mostrar não só o Carnaval como espetáculo, mas também como resistência e símbolo da identidade brasileira”, afirma Vieira.
O papel do Carnaval como ato político
Um dos grandes marcos abordados no documentário é o desfile de 2019 da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, cujo enredo, “História para Ninar Gente Grande”, foi idealizado pelo carnavalesco Leandro Vieira. A apresentação desafiou narrativas históricas tradicionais ao exaltar figuras esquecidas ou marginalizadas do Brasil, ecoando o contexto político e social do período.
“O desfile de 2019 foi um divisor de águas. Ele resgatou vozes que estavam silenciadas, e isso mostrou o poder do Carnaval como ferramenta de questionamento e resistência”, destaca Miguel Przewodowski.
Essa perspectiva política permeia toda a narrativa do filme, reforçando o Carnaval como um espaço onde as vozes das comunidades periféricas ganham protagonismo.
Bastidores e histórias inéditas
Filmado entre 2020 e 2021, o documentário conta com cenas gravadas nos barracões das escolas de samba e em outros espaços de preparação do Carnaval. Além disso, apresenta entrevistas inéditas com personalidades do mundo carnavalesco, como os carnavalescos Leandro Vieira, Jack Vasconcelos e Rosa Magalhães (1947-2024).
A passista Ketula Mello e o escritor Luiz Antônio Simas também compartilham seus depoimentos. “O Carnaval é resistência. Mesmo nos momentos mais difíceis, como a pandemia, ele sobreviveu e continuará a existir como expressão cultural máxima do Brasil”, reflete Ketula.
Outro ponto alto do documentário é a recuperação de imagens de arquivo de acervos públicos e privados, que ajudam a contextualizar a trajetória das escolas de samba e sua evolução.
Entre memória e resistência cultural
Miguel Przewodowski destaca que a ideia inicial da produção era documentar os desfiles de 2021, mas a suspensão devido à pandemia transformou o foco do projeto. “A pausa imposta pela pandemia nos fez olhar para trás e entender melhor o que o Carnaval representa em termos históricos e culturais. Foi aí que decidimos incluir o resgate de memórias e depoimentos”, explica o diretor.
Além disso, o filme evidencia o impacto da pandemia na economia criativa e na vida dos trabalhadores envolvidos com o Carnaval, desde costureiras até artistas plásticos e músicos. “Cada um deles representa uma parte essencial desse gigantesco mosaico cultural”, enfatiza Antônio Vieira.
O legado de Rosa Magalhães
A participação da carnavalesca Rosa Magalhães, falecida em 2024, é outro destaque. Rosa, uma das maiores artistas do Carnaval brasileiro, compartilha no documentário reflexões sobre sua trajetória e o futuro das escolas de samba.
“Rosa nos mostrou como o Carnaval pode ser um veículo de arte sofisticada e engajamento político”, comenta Przewodowski. Sua presença no filme é uma homenagem à sua contribuição inestimável para o Carnaval.
Cultura e identidade em foco
O documentário também aborda como o Carnaval funciona como uma plataforma de resistência cultural em um país marcado por desigualdades sociais. A luta para manter viva essa tradição, mesmo diante de adversidades econômicas e políticas, é um dos principais temas explorados.
“O Carnaval é mais do que festa; é história, é luta e é arte. É uma manifestação que representa a alma brasileira”, sintetiza o escritor Luiz Antônio Simas.
Informações sobre a estreia
- Título: Não Vamos Sucumbir (2023)
- Duração: 92 minutos
- Classificação: Livre
- Direção: Miguel Przewodowski
- Estreia: Quinta-feira, 5 de dezembro, às 21h, no Canal Brasil
Com uma abordagem histórica, emocional e artística, “Não Vamos Sucumbir” promete envolver o público ao mostrar os bastidores do maior espetáculo da Terra e refletir sobre o que torna o Carnaval tão singular e poderoso.
Com imagens impactantes, entrevistas autênticas e uma narrativa envolvente, o documentário se posiciona como uma peça essencial para quem deseja compreender a essência e a relevância do Carnaval no Brasil contemporâneo.