
Queimadas
Emergência Climática: O Novo Normal?
As mudanças climáticas têm moldado o cotidiano de milhões de brasileiros, trazendo à tona recordes preocupantes de eventos climáticos extremos. Em novembro, Salvador testemunhou o dobro da média histórica de chuvas para o mês em apenas uma semana, segundo a Climatempo. O acumulado de 219,5 mm gerou caos na capital baiana, com deslizamentos de terra, risco de desabamentos e comunidades inteiras em alerta.
Essa tempestade é apenas um exemplo recente da crescente vulnerabilidade do Brasil frente à emergência climática, uma questão que exige ação coordenada, recursos adequados e planejamento robusto para mitigar seus impactos.
Bahia Sob Risco: A Resposta à Chuva Extrema
Com chuvas intensas ameaçando áreas vulneráveis, Salvador acionou todas as 14 sirenes instaladas em regiões de risco. As comunidades de Mamede, Bom Juá, Irmã Dulce, Mangabeira, Calabetão, entre outras, receberam alertas preventivos. Essa mobilização reflete um esforço para salvar vidas, mas também expõe os desafios estruturais enfrentados pela cidade.
Eventos como esse não são isolados na Bahia. Entre 2021 e 2022, chuvas devastadoras levaram 47 cidades do estado a declarar situação de emergência. Apesar disso, especialistas alertam para a necessidade de maior preparação.
“Os desastres climáticos estão se tornando mais frequentes, e precisamos de respostas rápidas e coordenadas para proteger vidas e reduzir os danos”, afirma Ana Clara Fonseca Guilherme, especialista em Logística Humanitária.
Emergências Climáticas pelo Brasil
Além das tempestades na Bahia, o Brasil enfrenta crises em outras regiões. Dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM) indicam que 55% do território nacional sofre com queimadas, enquanto 10% dos municípios estão em situação de emergência ou calamidade.
As queimadas já afetaram mais de 531 municípios até setembro, impactando cerca de 10 milhões de pessoas diretamente ou indiretamente, seja pela exposição ao fogo, seja pelos efeitos da fumaça. No Norte, a seca tem prejudicado populações ribeirinhas, enquanto enchentes no Sul causaram desabastecimento e deslocamentos forçados no início do ano.
Essas crises climáticas não apenas ameaçam vidas, mas também trazem desafios sociais e econômicos. Deslocamentos, falta de acesso a serviços básicos como saúde e educação, e desabastecimento de alimentos e água potável são algumas das consequências diretas.
Planejamento e Resposta: O Papel da Logística Humanitária
Diante da gravidade da situação, a logística humanitária emerge como uma ferramenta crucial para lidar com desastres climáticos. Diferente da logística tradicional, que foca no lucro, a humanitária prioriza o alívio do sofrimento e a garantia de direitos básicos para populações vulneráveis.
“A gestão de crises precisa ser profissionalizada porque as mudanças climáticas vieram para ficar. Meu protocolo humanitário foi desenvolvido para responder a essas demandas”, explica Ana Clara, que coordenou respostas a desastres como os de Mariana e Brumadinho.
Uma das ferramentas centrais em seu protocolo é o método 5W2H, que organiza ações de maneira clara e eficiente ao responder perguntas essenciais: o que fazer?, por que fazer?, quem será responsável?, onde e quando agir?, como realizar? e quanto custará?
Essa abordagem permite que gestores ajam com mais segurança e rapidez, garantindo que recursos cheguem onde são mais necessários.
Ações Necessárias: Mobilização e Investimento
Apesar dos esforços, os desafios permanecem. Municípios e estados carecem de recursos suficientes para enfrentar crises climáticas de maneira independente. A liberação de recursos federais, de forma ágil e eficiente, é indispensável para ações emergenciais.
“Tanto municípios quanto estados precisam ser objetivos ao decretar situações de emergência para que o reconhecimento pela União seja rápido”, enfatiza Ana Clara.
Além disso, é essencial uma maior integração entre governos, empresas e a sociedade civil para garantir respostas coordenadas e eficazes.
Um Futuro Incerto
Com as mudanças climáticas projetadas para se intensificar, a frequência e a gravidade dos desastres naturais tendem a crescer. A urgência por ações estruturadas, investimento em infraestrutura e a implementação de protocolos como o 5W2H são mais do que recomendados – são imperativos.
O Brasil, embora não esteja na rota de furacões, enfrenta um novo normal onde enchentes, queimadas e secas extremas estão cada vez mais presentes. Cabe às lideranças agir rapidamente para mitigar os impactos e proteger as populações mais vulneráveis.
Saiba Mais
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