
Quando falamos sobre o futuro do planeta, é impossível ignorar o papel crucial das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) no cenário global. Essas contribuições são como os compromissos pessoais que cada país faz para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e enfrentar a crise climática. E, confesso, enquanto escrevo este artigo, sinto uma mistura de esperança e preocupação. Por quê? Porque, embora tenhamos avançado muito desde o Acordo de Paris, ainda há um longo caminho a percorrer.
O Que São as NDCs e Por Que Elas Importam?
As NDCs representam o coração do Acordo de Paris, um pacto histórico firmado em 2015 por quase 200 países com o objetivo de limitar o aquecimento global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais. Cada nação signatária se comprometeu a apresentar sua própria meta de redução de emissões, conhecida como Contribuição Nacionalmente Determinada. Essas metas são revisadas periodicamente, garantindo que os países não apenas cumpram seus compromissos iniciais, mas também aumentem sua ambição ao longo do tempo.
André Ferretti, gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, resume bem a importância das NDCs : “Elas devem apontar caminhos e avanços em relação ao compromisso assumido no Acordo de Paris e também ajustes de rota, quando necessário”. Isso significa que as NDCs não são estáticas; elas precisam evoluir conforme as circunstâncias globais mudam.
O Prazo de Entrega e a Realidade Atual
Até o dia 10 de fevereiro, as nações signatárias deveriam ter enviado suas NDCs atualizadas à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). No entanto, muitos países ainda estão atrasados. Segundo Ferretti, “infelizmente, a grande maioria tende a não cumprir o prazo e não há punição prevista para essas situações”. Embora isso possa parecer frustrante, ele ressalta que “é fundamental que mandem o quanto antes”. Afinal, essas contribuições servem como base para as negociações internacionais e ajudam a moldar políticas climáticas mais eficazes.
O alerta de Ferretti ganha ainda mais peso quando consideramos os dados recentes sobre o aquecimento global. Ele destaca que “o ano de 2024 foi o mais quente já registrado, 2023 foi o segundo maior, e janeiro de 2025 já bateu o recorde histórico para esse mês”. Esses números não são apenas estatísticas frias; eles refletem desastres climáticos e eventos extremos que afetam milhões de pessoas ao redor do mundo.
O Caso do Brasil: Uma Liderança Crucial
Falando em liderança, o Brasil tem desempenhado um papel central nas discussões climáticas globais. Em novembro de 2024, durante a COP29 realizada em Baku, no Azerbaijão, o governo brasileiro entregou sua NDC atualizada para 2035. A nova meta é ambiciosa: o país se compromete a reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035, em comparação aos níveis de 2005. Essa meta está alinhada ao Plano Nacional sobre Mudanças do Clima (Plano Clima), que será o principal guia das ações climáticas do Brasil nos próximos dez anos.
Como alguém que acompanha de perto os esforços climáticos do Brasil, fico impressionado com a clareza e a ambição dessa nova NDC . Ela não apenas reflete o compromisso do país com a sustentabilidade, mas também reconhece a importância da preservação da Amazônia e da biodiversidade nacional. É um passo significativo, especialmente considerando que o Brasil sediará a COP30 em Belém (PA) em novembro deste ano.
A COP30: Um Momento Decisivo
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas promete ser um marco histórico. Com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicando a presença de mais de 40 mil participantes, incluindo cerca de 7 mil membros da chamada “família COP”, o evento será uma oportunidade única para discutir temas cruciais como:
- Redução das emissões de gases de efeito estufa;
- Adaptação às mudanças climáticas;
- Revogação do Plano Internacional de Financiamento Climático;
- Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono;
- Preservação das florestas e da biodiversidade;
- Justiça climática e impactos sociais;
- Relação entre oceano e clima.
Esses tópicos não são apenas itens de agenda; eles representam os pilares de um futuro sustentável. E, como cidadãos do mundo, todos nós temos um papel a desempenhar nessa jornada.
Reflexões Pessoais Sobre as NDCs e o Futuro
Enquanto escrevo este artigo, penso em como as NDCs podem parecer distantes para muitas pessoas. Afinal, elas são documentos técnicos, cheios de números e metas. Mas, para mim, elas simbolizam algo muito maior: a esperança de que podemos construir um mundo melhor. Cada meta definida, cada compromisso assumido, é um passo rumo a um futuro onde nossos filhos e netos possam viver em harmonia com o planeta.
Claro, sabemos que os desafios são enormes. O atraso na entrega das NDCs , a falta de punição para os países que não cumprem seus compromissos e os recordes de temperatura são lembretes constantes de que ainda temos muito trabalho pela frente. No entanto, prefiro enxergar o copo meio cheio. O fato de tantos países estarem dispostos a revisar suas metas e aumentar sua ambição é, para mim, um sinal de que estamos no caminho certo.
Conclusão: Um Chamado à Ação
As NDCs são mais do que documentos oficiais; elas são promessas que os países fazem ao planeta e às futuras gerações. Embora o cenário atual seja desafiador, acredito firmemente que podemos superar esses obstáculos. Precisamos pressionar nossos líderes para que cumpram seus compromissos, incentivá-los a serem mais ambiciosos e, acima de tudo, agir localmente para apoiar as iniciativas globais.
Se você, assim como eu, acredita que o futuro pode ser melhor, então vamos juntos torcer para que as NDCs continuem a evoluir e a inspirar mudanças reais. Afinal, o destino do nosso planeta está em nossas mãos.