Um Fenômeno Econômico em Alta e Sua Relação com as Famílias Brasileiras
Nos últimos anos, um fenômeno econômico conhecido como reduflação tem ganhado destaque no Brasil. Para quem ainda não está familiarizado com o termo, trata-se de uma prática onde empresas reduzem a quantidade de produtos nas embalagens sem alterar os preços, criando a ilusão de estabilidade nos custos para o consumidor. Esse comportamento impacta diretamente famílias de menor renda, especialmente porque atinge itens da cesta básica ou relacionados aos hábitos cotidianos.
De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o poder de compra do brasileiro médio diminuiu 3,78% em 2023 por conta da reduflação . Como jornalista que acompanha de perto os desafios econômicos enfrentados pelas famílias brasileiras, vejo nesse fenômeno um alerta importante sobre a necessidade de maior transparência no mercado e conscientização dos consumidores.
O Que é Reduflação e Por Que Ela Preocupa?
A reduflação pode ser definida como a redução do conteúdo de um produto, enquanto o preço permanece inalterado. Essa estratégia tem sido amplamente adotada em diversas indústrias, sobretudo na alimentícia e de higiene pessoal, onde a diversidade de embalagens facilita a implementação dessa prática. Segundo Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT, “o impacto da reduflação é sentido diretamente no bolso do consumidor, que paga o mesmo valor por menos produto. Essa prática tem sido cada vez mais comum e prejudica o poder de compra da população” [1].
O que chama atenção nesse cenário é a capacidade das empresas de camuflar essa mudança. Muitos consumidores não percebem imediatamente a diferença, pois a embalagem mantém o mesmo design e formato, mas com menos conteúdo. Isso cria uma falsa sensação de estabilidade nos preços, quando, na verdade, o custo-benefício está sendo corroído.
Estudo do IBPT Revela Impactos Significativos
Para entender melhor os efeitos da reduflação , o IBPT realizou um estudo detalhado utilizando dados coletados pelo aplicativo Citizen IBPT, uma ferramenta gratuita desenvolvida para controle financeiro pessoal. O aplicativo permite que usuários registrem e analisem notas fiscais, gerando uma base de dados rica para estudos econômicos [2].
Um dos exemplos mais marcantes identificados pelo estudo foi observado no mercado de milho para pipoca. Tradicionalmente vendido em embalagens de 500g, muitas marcas passaram a oferecer apenas 400g, sem ajuste proporcional no preço. Essa redução representa uma reduflação de 20%, impactando diretamente o poder de compra dos consumidores. “Com o Citizen IBPT, conseguimos realizar estudos detalhados e precisos sobre o impacto da inflação e da reduflação no dia a dia dos consumidores”, explicou Amaral [3].
Além disso, o estudo destacou os efeitos psicológicos e comportamentais da prática. A reduflação não só afeta o bolso, mas também a confiança do cliente nas marcas e no mercado. “Essa prática pode iludir o consumidor, que muitas vezes não percebe imediatamente a redução na quantidade de produto”, observou Amaral [4].
Dicas para Combater a Reduflação
Diante desse cenário, o IBPT oferece algumas orientações para ajudar os consumidores a se protegerem da reduflação . Uma das principais recomendações é ficar atento às informações sobre quantidade e preço por unidade de medida nas embalagens. Além disso, verificar se o estabelecimento segue a Lei Nº 14.181 de julho de 2021, que obriga a informação clara sobre os preços por unidade de medida, é fundamental [5].
Como alguém que já experimentou os efeitos da reduflação ao fazer compras no supermercado, posso dizer que essas dicas são extremamente úteis. Comparar preços e quantidades, além de exigir transparência dos fabricantes e varejistas, são medidas essenciais para minimizar os impactos dessa prática. “O estudo do IBPT evidencia a necessidade de maior fiscalização e transparência no mercado, além de uma maior conscientização por parte dos consumidores”, conclui Amaral [6].
O Papel do IBPT na Fiscalização e Conscientização
Fundado em 1992, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) tem se destacado como uma entidade pioneira no debate sobre temas tributários e econômicos no Brasil. Com o objetivo inicial de congregar estudiosos das ciências jurídica, contábil, social e econômica, o IBPT se tornou referência na análise do complexo sistema tributário do país [7].
Além de promover a conscientização tributária, o instituto investe continuamente em tecnologia e capacitação de sua equipe para viabilizar pesquisas e estudos. O Citizen IBPT, por exemplo, é uma ferramenta crucial para o monitoramento e análise do consumo, proporcionando dados valiosos para combater a reduflação e proteger os direitos dos consumidores.
Reflexões Finais: O Futuro da Reduflação no Brasil
Ao analisar os dados e reflexões apresentados pelo IBPT, fica claro que a reduflação é um fenômeno que merece atenção redobrada. Embora seja uma prática que beneficia as empresas ao manter suas margens de lucro, ela prejudica diretamente o consumidor, especialmente aqueles de menor renda.
Como jornalista, acredito que a solução para esse problema passa por uma combinação de maior fiscalização governamental, transparência por parte das empresas e conscientização dos consumidores. Ferramentas como o Citizen IBPT desempenham um papel crucial nesse processo, fornecendo dados precisos e acessíveis para que todos possam tomar decisões mais informadas.
Enquanto isso, cabe a nós, consumidores, ficarmos atentos e questionarmos práticas que comprometam nosso poder de compra. Afinal, o peso do nosso bolso deve refletir o valor real do que estamos levando para casa.
Referências
[1] Amaral, Gilberto Luiz do. Declaração sobre o impacto da reduflação no poder de compra. Disponível em: www.ibpt.org.br .
[2] Citizen IBPT: Ferramenta gratuita para controle financeiro pessoal. Disponível em: citizen.ibpt.org.br .
[3] Amaral, Gilberto Luiz do. Explicação sobre o uso do Citizen IBPT no estudo da reduflação .
[4] Efeitos psicológicos da reduflação no consumidor.
[5] Lei Nº 14.181 de julho de 2021. Disponível em: www.planalto.gov.br .
[6] Amaral, Gilberto Luiz do. Conclusão sobre a necessidade de fiscalização e transparência.
[7] Sobre o IBPT. Disponível em: www.ibpt.org.br .
