Realizar Turismo Sustentável vai além da escolha do destino; Confira dicas de especialistas para ter responsabilidade social, ambiental e cultural durante sua viagem
Nos últimos anos, o mundo registrou uma nova vontade, a de viajar e explorar áreas com um maior índice de natureza, seja com o turismo de aventura, turismo de base comunitária, voluntariado ou ecoturismo. Um dos dados que comprovam isso é o número de turistas que buscam a floresta Amazônica como destino: ele aumentou em mil por cento de 2021 para 2022, de acordo com dados do Governo do Estado.
“O Brasil, com a maior biodiversidade do planeta e uma cultura muito rica, tem tudo pra ser o maior destino de Turismo Sustentável do mundo. Para isso, precisamos também garantir que os brasileiros sejam os viajantes mais conscientes. São ações muitas vezes simples, mas que fazem toda a diferença para que a experiência seja incrível, não só para quem viaja, mas também para quem recebe e para o planeta”, destaca Daniel Cabrera, cofundador e diretor executivo da Vivalá – Turismo Sustentável no Brasil.
Outro número de destaque foi apresentado no Boletim do Turismo Doméstico Brasileiro, divulgado pelo Ministério do Turismo, que afirma que o ecoturismo foi o motivo da viagem de 25% das pessoas em 2021, número que cresceu, principalmente, em relação ao ano anterior (20%).
Uma das preocupações que surgem com o aumento no número de interessados é impactar positivamente, ou, no mínimo, não trazer impactos negativos para a área visitada e seus moradores. Muito mais do que apenas “jogar o lixo no lixo”, realizar uma expedição de turismo sustentável envolve uma série de ações e responsabilidades que vão desde o planejamento da experiência até o pós-viagem. Nesta época de Black Friday e com preços tentadores, o consumo consciente é de extrema importância na hora de fechar pacotes de turismo ou de realizar compras.
Dentre as boas práticas, é fundamental certificar-se de que as comunidades locais estão se beneficiando da atividade turística, bem como evitar o turismo de massa, que gera uma série de efeitos negativos, como a especulação imobiliária, a degradação do meio ambiente e a inflação do custo de vida.
Por fim, a opção por modelos de negócio insustentáveis, que buscam o menor preço a qualquer custo, ainda gera riscos ao viajante, que pode acabar transformando o que seria uma viagem dos sonhos em um pesadelo, como recentemente aconteceu com clientes de agências de turismo on-line.
Além de todos os benefícios que estar em contato com a natureza pode trazer, principalmente no alívio da ansiedade, o turismo sustentável está em conformidade com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que destaca a promoção do turismo sustentável, a criação de empregos decentes (ODS 8.9) e incentiva práticas que respeitem e promovam a cultura local e os produtos locais (ODS 12.b). Para estar de acordo com as diretrizes propostas pelos ODS e ser um viajante sustentável, não basta apenas visitar locais preservados, mas sim, agir de forma respeitosa e sustentável.
Ficou interessado em fazer uma viagem para biomas como a Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampas ou Mata Atlântica, conectando-se com a natureza e imergindo nas culturas locais? Então confira as dicas para que a experiência seja prazerosa e positiva, tanto para você, quanto para a área visitada e para a população local.
Como ser um viajante sustentável?
1 – Opte por cosméticos e produtos de higiene biodegradáveis e reutilizáveis: busque utilizar maquiagens e produtos veganos e cruelty free, além de pesquisar empresas que tenham preocupações ambientais e sejam engajadas na causa socioambiental. Para além da expedição, utilize cosméticos sustentáveis durante todo o ano, e incentive seus familiares e amigos.
2 – Confira regras de visitação: áreas protegidas, como parques, florestas, reservas ou terras indígenas, possuem regras próprias, como: não faça fogueiras em locais proibidos; não consuma bebidas alcoólicas onde não for permitido; mantenha o volume baixo para não perturbar a fauna ou não marque ou escreva nada nas árvores, pedras, placas ou qualquer bem natural ou do parque.
3 – Leve uma sacola de pano para servir de lixo temporário: não deixe nada além das suas pegadas e não leve nada além de boas memórias. Recolha todo o seu lixo e deixe as pedras, conchas, flores e todo o resto no lugar. Caso não leve a sacola, separe um bolso da mochila para descartar os itens.
4 – Respeite culturas distintas: respeite todas as crenças, religiões, sexualidades, culturas, idades e todas as características que nos tornam únicos. Não seja ou tenha atitudes racistas, machistas, homofóbicas, criminosas e preconceituosas. A diversidade é o que enriquece a experiência. Viajar é se abrir a novos mundos, novas realidades, conhecer pessoas de culturas diferentes e com ideias e visões de mundo diferentes.
5 – Siga as orientações dos guias e da comunidade local: eles conhecem a região melhor do que ninguém e estão preocupados com a sua segurança e bem-estar, por este motivo, siga sempre o que for repassado e não se afaste do grupo. Muitas das áreas não possuem sinal de internet ou telefone, além de terem animais e vegetação diferente do que o turista pode estar acostumado.
6 – Mantenha comunicação com a equipe: assédio e preconceitos são inaceitáveis e atitudes criminosas, seja por parte de viajantes, comunitários ou da equipe. Caso sofra ou presencie um caso de assédio, importunação ou preconceito, comunique imediatamente a equipe responsável pela expedição.
7 – Seja responsável com registro de imagens: lembre-se, fotos e vídeos são muito bem-vindos, mas é preciso bom senso. Não faça imagens de crianças desacompanhadas, pessoas com corpos expostos, em situações delicadas e constrangedoras ou que não deram consentimento para isso.
8 – Não alimente animais sem permissão: animais domésticos costumam ter donos. Se você quiser alimentá-los ou oferecer cuidados, lembre-se de consultar o dono ou, pelo menos, fale com seu guia ou com alguém da comunidade.
9 – Pesquise sobre a cultura local: antes de visitar uma comunidade tradicional, como indígena, ribeirinha, quilombola ou caiçara, busque se informar e entender mais sobre a sua cultura, idioma, costumes e crenças. Existem muitos filmes, livros, vídeos, influenciadores e materiais disponíveis sobre a cultura. Respeito é a base para uma viagem verdadeiramente enriquecedora.
10 – Pratique o consumo consciente: contrate serviços turísticos de profissionais e empresas comprometidos com as boas práticas de sustentabilidade, que tenham uma relação transparente e justa com seus fornecedores (principalmente pequenos empreendedores comunitários). Evite o consumismo exagerado, compre produtos e incentive as pequenas economias, optando por hospedagens e restaurantes locais, além de adquirir artesanato autêntico e produzido pela própria comunidade e ter vivências turísticas que respeitem e valorizem a cultura regional.
Uma excelente opção é consultar a relação de empresas B certificadas. O Sistema B atua desde 2006 certificando empresas que atendem a altos padrões de desempenho socioambiental, responsabilidade e transparência. Elas também estão legalmente comprometidas em beneficiar não apenas os acionistas, mas todas as partes interessadas do negócio — trabalhadores, clientes, comunidades e meio ambiente. Consulte as empresas certificadas no diretório global.
Algumas pequenas regras fazem toda a diferença na hora de ser um viajante realmente sustentável. Lembre-se: todo turismo pode e deve adotar práticas de sustentabilidade, mesmo quando não acontece em meio à natureza ou junto às comunidades tradicionais. Leve os bons costumes para todos os seus destinos.