Um Longa-Metragem que Desafia e Encanta
A estreia de Marianna Brennand no universo dos longas-metragens de ficção tem sido nada menos que um fenômeno. O filme “Manas” não só conquistou o prêmio máximo da Giornate Degli Autori no Festival de Veneza, mas também deixou uma marca indelével na trajetória da diretora e no cinema brasileiro. Este reconhecimento internacional é o reflexo do impacto profundo que o filme teve no público e no júri do festival.
Um Grande Reconhecimento para um Trabalho Arrojado
O aclamado “Manas” teve sua primeira sessão mundial na última segunda-feira (2), no Festival de Veneza. A recepção calorosa do público foi apenas um prenúncio da grande conquista que viria. Na sexta-feira (6), o filme de Marianna Brennand levou para casa o prestigioso GDA Director’s Award, o principal prêmio da Giornate Degli Autori. Este prêmio é concedido ao melhor longa-metragem da mostra e é uma prova do talento e inovação que Brennand trouxe ao seu trabalho.
A diretora, visivelmente emocionada, expressou sua alegria: “Estou transbordando de felicidade e emoção. Esse prêmio é importante para mim como diretora, para toda a equipe brilhante que fez esse filme, para todas as ‘manas’ do Pará, do Brasil e do Mundo.” Brennand fez questão de ressaltar que o prêmio representa a força e a coragem do cinema brasileiro, assim como a determinação de sua protagonista em confrontar e desafiar a violência.
A Importância do GDA Director’s Award
O GDA Director’s Award, selecionado por um júri presidido pela cineasta Joanna Hogg e composto por ex-participantes do programa 27 Times Cinema, destaca obras que se destacam pela visão autoral e inovação. Além da honra de ganhar o prêmio, o filme recebeu uma bonificação de € 20.000, destinada a promover sua circulação internacional. Esta é uma oportunidade significativa para um filme que busca expandir sua audiência e impactar mais pessoas ao redor do mundo.
“Acabei de assistir à deliberação do júri e a conexão deles com o filme foi palpável. Eles reconheceram a importância cinematográfica de ‘Manas’ e a delicadeza com que a história foi contada,” compartilhou Marianna. A diretora destacou a sensibilidade com que o filme aborda temas tão complexos e a necessidade de contar histórias que precisam ser ouvidas.
O Desafio de Retratar a Realidade com Sensibilidade
“Manas” é uma narrativa poderosa sobre Marcielle/Tielle (interpretada pela estreante Jamilli Correa), uma jovem de 13 anos da Ilha do Marajó, que enfrenta a violência e a opressão que regem sua vida e de sua comunidade. A história aborda a exploração sexual infantil e a violência doméstica, temas profundamente desafiadores.
Marianna Brennand iniciou a pesquisa para o filme ao tomar conhecimento de casos de exploração sexual em sua região. Embora inicialmente planejasse fazer um documentário, ela abandonou a ideia devido à dificuldade de abordar esses temas de forma ética. A diretora explicou: “No início da pesquisa, me deparei com uma questão ética muito séria. Era inaceitável para mim como documentarista colocar à frente da câmera crianças, adolescentes e mulheres para recontarem situações de abuso. Seria cometer mais uma violência contra elas.” A transição para a ficção permitiu que Brennand abordasse a dor e o sofrimento de forma mais sensível e impactante.
A Magia do Elenco e a Direção
O elenco de “Manas” é um dos pilares que sustentam o sucesso do filme. A estreante Jamilli Correa, que interpreta Marcielle, trouxe uma autenticidade impressionante ao seu papel. Marianna Brennand elogia a atriz: “Eu sempre brinco que ela foi atriz em vidas passadas. A Jamilli é uma força da natureza. Ela tem um silêncio preenchido que imprime na tela muitas nuances e uma inteligência cênica impressionante.” Ao lado de Correa, nomes como Dira Paes, Fátima Macedo e Rômulo Braga complementam o elenco, trazendo profundidade e realismo aos seus papéis.
Dira Paes, em particular, recebeu destaque por sua interpretação da policial Aretha, um papel inspirado em figuras reais como o delegado Rodrigo Amorim e Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante. Brennand destaca: “A Dira sempre foi um farol para mim, uma mulher que me inspira pelo seu ativismo e uma das grandes atrizes brasileiras.”
A Produção e o Impacto Internacional
“Manas” é uma produção da Inquietude, com coprodução de Globo Filmes, Canal Brasil, Pródigo e Fado Filmes (Portugal), e com apoio de VideoFilmes e Maria Carlota Bruno (Brasil). A colaboração internacional e o suporte de instituições como o Programa Ibermedia demonstram o impacto e a relevância global do filme.
Além de seu prêmio no Festival de Veneza, o filme já recebeu o Emerging Filmmaker Award (Sam Spiegel International Film Lab) e está programado para distribuição no Brasil pela Bretz Filmes. Esta visibilidade é crucial para um filme que aborda temas tão importantes e universais.
Sobre Marianna Brennand e a Inquietude
Marianna Brennand, nascida em Brasília, 1980, é uma cineasta comprometida com a preservação e a narrativa de histórias relevantes e invisibilizadas. Com uma carreira que começou no documentário e agora se expande para a ficção, Brennand traz uma visão única e corajosa ao cinema brasileiro.
A Inquietude, a produtora fundada por Brennand e Carolina Benevides, é conhecida por seus documentários impactantes e agora dá um passo significativo com “Manas”. A empresa continua a desenvolver projetos que exploram e celebram a diversidade cultural e social.
Conclusão
“Manas” é mais do que um filme; é um testemunho da força e resiliência das mulheres e da coragem necessária para enfrentar a opressão. A vitória no Festival de Veneza é um reconhecimento merecido para Marianna Brennand e toda a equipe envolvida. É uma obra que não só ilumina a realidade de sua protagonista, mas também lança luz sobre questões universais que precisam ser discutidas.
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