Falar sobre saúde mental é algo que se faz cada vez mais necessário, e no mês de setembro, essa urgência ganha ainda mais força com o Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre a prevenção ao suicídio. Esse é um tema difícil, sensível e, por vezes, cercado de preconceitos. No entanto, também é um assunto que não pode mais ser ignorado.
Na minha experiência e observação, vejo que muitos de nós subestimamos a relação direta entre o corpo e a mente. Queremos separar as duas coisas como se o nosso bem-estar físico e mental fossem isolados, mas a verdade é que estão profundamente interligados. Um exemplo claro dessa conexão é o impacto dos exercícios físicos na prevenção de doenças mentais e até no combate a um dos maiores fantasmas da nossa sociedade: o suicídio.
A Atividade Física Vai Além do Corpo
Manter uma rotina de exercícios não faz bem só para o corpo, essa é a verdade. Eu sei que essa afirmação pode soar clichê, mas os benefícios vão muito além da estética, e isso precisa ser dito e repetido. Para quem está passando por problemas emocionais ou mentais, o impacto da prática regular de atividades físicas pode ser transformador. A médica Clarissa Rios, diretora técnica da franquia DoctorFit, compartilha da mesma opinião. Segundo ela, praticar exercícios é uma das ferramentas mais importantes no processo de recuperação de pessoas que sofrem de depressão e ansiedade.
Agora, vamos com calma. Não estou dizendo que o exercício físico é a cura definitiva ou que vai substituir o tratamento médico e psicológico. Longe disso! Mas ele pode, sim, ser um complemento poderoso. E, para quem já passou por momentos de crise, essa combinação pode ser o que faltava para sentir-se mais forte, mais confiante e com a mente mais leve.
A Ciência Confirma: O Exercício é Um Aliado
Para quem gosta de dados concretos, um estudo publicado na Journal of Affective Disorders mostrou que a atividade física regular está diretamente associada à redução dos sintomas de depressão e ansiedade, dois fatores de risco que podem levar ao suicídio. Isso significa que os exercícios podem atuar como uma intervenção preventiva, uma espécie de “vacina” contra esses transtornos. E eu preciso concordar com os especialistas: os exercícios fazem parte do tratamento, mas também da prevenção.
Sete Benefícios da Atividade Física Para a Saúde Mental
Agora, se você ainda não está convencido de que mexer o corpo é bom para a mente, aqui vai uma lista dos principais benefícios, que não só podem melhorar o seu humor, mas ajudar a salvar vidas.
- Melhora da Saúde Mental: Quando praticamos atividades físicas, nosso corpo libera endorfina e serotonina, substâncias que promovem bem-estar e felicidade. Isso ajuda a reduzir os sintomas de depressão e ansiedade, que estão frequentemente associados ao risco de suicídio.
- Redução do Estresse: Quem nunca se sentiu mais leve depois de uma boa caminhada ou treino? Clarissa Rios explica que as pessoas que se exercitam regularmente apresentam níveis mais baixos de cortisol, o hormônio do estresse. Isso ajuda a liberar as tensões acumuladas e a aliviar a sobrecarga emocional.
- Melhora da Autoestima: Uma das sensações mais gratificantes é ver o progresso em nossos treinos. Seja correr mais rápido ou levantar mais peso, essas pequenas conquistas podem fazer com que a pessoa se sinta no controle de sua vida e, de quebra, melhorar sua autoestima.
- Criação de Rotina: Para quem sofre com pensamentos suicidas, criar uma rotina estruturada pode oferecer uma sensação de estabilidade. Manter um cronograma de treinos pode ajudar a manter o foco e trazer um objetivo positivo à vida.
- Melhora nas Conexões Sociais: Muitos esportes e atividades físicas são feitos em grupos ou equipes. Isso facilita a criação de vínculos e pode gerar uma sensação de pertencimento, algo fundamental para quem está emocionalmente vulnerável.
- Combate ao Isolamento: Isolamento é uma característica comum em pessoas com pensamentos suicidas. A prática de atividades físicas em ambientes sociais pode, gradualmente, reverter esse comportamento e proporcionar um novo círculo social.
- Melhora no Sono: Para quem sofre de problemas emocionais, o sono muitas vezes é um dos primeiros afetados. Ao se exercitar, o corpo tende a se cansar de maneira saudável, ajudando a regular o ciclo do sono.
Uma Ferramenta, Mas Não a Única Solução
Ainda que eu esteja aqui destacando o poder dos exercícios, é importante ressaltar que o exercício físico não é uma solução mágica. Ele deve ser combinado com outras ferramentas de prevenção, como uma rede de apoio (família e amigos), acompanhamento psicológico e, em casos de depressão severa ou risco iminente de suicídio, tratamento médico. A própria Clarissa Rios é enfática ao dizer que o exercício é apenas uma parte do processo.
É algo que não podemos negligenciar. É comum que as pessoas pensem que, ao iniciar uma rotina de exercícios, todos os problemas emocionais vão desaparecer. No entanto, o exercício físico deve ser visto como um componente de um tratamento mais amplo, e não como um substituto de terapias e medicamentos, especialmente para quem está em uma situação crítica.
A Campanha Setembro Amarelo: Uma Conscientização Necessária
Enquanto discutimos as vantagens da prática esportiva, é crucial lembrar que estamos falando sobre Setembro Amarelo, uma campanha vital para a prevenção ao suicídio. No Brasil, essa campanha começou oficialmente em 2015, mas sua importância cresce a cada ano. É um esforço nacional para conscientizar as pessoas, quebrar tabus e, acima de tudo, salvar vidas.
A Origem e o Simbolismo do Setembro Amarelo
A cor amarela foi escolhida para representar a campanha por simbolizar a felicidade e a esperança. A inspiração veio de uma história real nos Estados Unidos, onde um jovem que tirou a própria vida era conhecido por seu carro amarelo, que ele adorava. Seus amigos e familiares começaram a distribuir fitas amarelas como forma de conscientizar sobre o suicídio, e a ideia acabou se espalhando para outras partes do mundo.
Por que Precisamos Falar Sobre o Suicídio?
O suicídio ainda é um tabu enorme. Muitas vezes, as pessoas têm medo de falar sobre o assunto, achando que isso pode incentivar alguém a cometer o ato. Porém, estudos mostram que é exatamente o contrário. Falar abertamente sobre o suicídio pode ajudar a identificar pessoas que estão sofrendo em silêncio e oferecer o apoio necessário.
Além disso, precisamos combater o estigma. O suicídio não é sinal de fraqueza ou covardia, como muitos ainda acreditam. Ele está profundamente relacionado a questões de saúde mental, e é aí que entra a importância de tratamentos, apoio emocional e, claro, a prática de exercícios físicos como parte desse pacote.
Como Você Pode Participar do Setembro Amarelo?
A campanha Setembro Amarelo é aberta à participação de todos. E isso pode acontecer de várias maneiras:
- Divulgar informações nas redes sociais: Quanto mais pessoas souberem sobre o suicídio e como prevenir, mais vidas podemos salvar.
- Participar de eventos e palestras: Muitas cidades organizam caminhadas, palestras e rodas de conversa sobre o tema. Vale a pena conferir o que está acontecendo na sua região.
- Buscar ajuda profissional: Se você está enfrentando dificuldades emocionais, não hesite em procurar um psicólogo ou psiquiatra.
- Oferecer apoio a quem precisa: Às vezes, tudo o que uma pessoa em crise precisa é de alguém que a ouça sem julgamentos.
Fique de Olho nos Sinais
Por mais que seja difícil falar sobre o suicídio, estar atento aos sinais pode fazer toda a diferença na vida de alguém. Se você notar que uma pessoa está mais isolada, fazendo comentários sobre desapego, com mudanças bruscas de humor ou mostrando falta de interesse em atividades que antes gostava, essas podem ser bandeiras vermelhas.
Onde Buscar Ajuda?
Caso você ou alguém que você conheça esteja passando por um momento de crise, lembre-se de que há diversos recursos disponíveis. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e funciona 24 horas por dia. Você pode ligar para o número 188 ou acessar o site oficial da campanha.
Conclusão: O exercício físico pode ser uma peça importante no quebra-cabeça da prevenção ao suicídio. Ele não é uma solução completa, mas combinado com outras formas de tratamento, pode ajudar as pessoas a se sentirem mais fortes, felizes e conectadas com o mundo ao redor. Precisamos continuar falando sobre o suicídio, incentivando hábitos saudáveis e, acima de tudo, oferecendo apoio uns aos outros.
Se quiser saber mais sobre o Setembro Amarelo, você pode acessar aqui.