
Minimamente invasiva e transformadora: a nova abordagem do SUS para cirurgias oncológicas
O Sistema Único de Saúde (SUS) deu um importante passo nesta quinta-feira (5) ao incorporar a videolaparoscopia em sua Tabela de Procedimentos, uma vitória histórica para a saúde pública e um marco no tratamento oncológico no Brasil. A medida foi oficializada pela Portaria GM/MS Nº 5.776, assinada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, e publicada no Diário Oficial da União.
Essa inclusão, amplamente comemorada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), promete revolucionar o cuidado aos pacientes, trazendo avanços na eficiência dos tratamentos e na recuperação dos pacientes submetidos a cirurgias.
O Que É a Videolaparoscopia e Por Que Importa?
A videolaparoscopia é uma técnica de cirurgia minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões e câmeras para realizar procedimentos internos. Diferente da cirurgia aberta tradicional, que exige cortes maiores e maior tempo de recuperação, esta modalidade reduz em até 35% o período de internação e acelera o retorno às atividades normais.
Segundo Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO, a adoção dessa tecnologia é “um avanço mais que significativo para o SUS e para os pacientes oncológicos”. Ele complementa: “Estamos vivendo a história. Este é um dos momentos mais importantes da saúde pública no Brasil.”
Além disso, o procedimento minimiza complicações pós-operatórias, reduz a dor e melhora significativamente o bem-estar geral dos pacientes. Também oferece benefícios estéticos com cicatrizes menos visíveis, o que tem impacto direto na autoestima e na qualidade de vida.
Um Processo de Quatro Anos
O caminho para essa conquista começou em 2020, com a criação de um grupo de trabalho pelo Conselho Consultivo da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (CONSINCA). O cirurgião Alexandre Ferreira Oliveira, diretor científico da SBCO e presidente da entidade entre 2019 e 2021, explica que o processo exigiu “muito esforço e aproximação”, mas resultou em uma vitória para o país inteiro.
A inclusão abrange procedimentos essenciais como gastrectomia, colectomia, esofagogastrectomia, histerectomia, pancreatectomia do corpo caudal e laparotomia. Segundo Ferreira, “é o melhor dos desfechos possíveis, um marco na cirurgia oncológica do Brasil”.
Impacto no Tratamento Oncológico
Os números ressaltam a relevância da cirurgia no tratamento do câncer. Cerca de 60% dos pacientes oncológicos são tratados inicialmente com procedimentos cirúrgicos, e esse número sobe para 80% ao longo do plano terapêutico, considerando cirurgias curativas ou paliativas.
Mais do que uma opção de tratamento, a cirurgia adequada no momento certo é frequentemente a principal ferramenta para a cura do câncer. Além disso, nove em cada dez diagnósticos envolvem algum tipo de procedimento cirúrgico para coleta de material para biópsia.
“Este é um direito fundamental da pessoa com câncer. Com a videolaparoscopia, o SUS dá um passo gigantesco na oferta de tratamentos mais modernos e eficazes para a população brasileira”, afirma Rodrigo Pinheiro.
Economia e Benefícios Sistêmicos
A adoção da videolaparoscopia também promete aliviar a pressão financeira sobre o SUS. A redução no tempo de internação, nas reinternações e nas complicações pós-operatórias significa economia de recursos. Além disso, o retorno mais rápido ao trabalho reduz os custos previdenciários associados ao afastamento de pacientes.
Esses benefícios têm sido corroborados por estudos apresentados pela SBCO, que destacam o impacto positivo tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde como um todo.
Um Futuro Promissor para a Cirurgia Oncológica no Brasil
A inclusão da videolaparoscopia no SUS é mais do que uma vitória técnica; é uma mudança estrutural que demonstra o compromisso do governo e da comunidade médica com o avanço da saúde pública. Para Alexandre Ferreira Oliveira, “esse é o início de uma nova era, onde a tecnologia e a ciência caminham lado a lado para beneficiar quem mais precisa”.
Ao oferecer técnicas modernas e minimamente invasivas para todo o país, o SUS reafirma seu papel como um sistema de saúde universal e de qualidade, capaz de atender às demandas do século XXI.
Com essa conquista, pacientes oncológicos em todo o Brasil podem olhar para o futuro com mais esperança, confiando em um sistema que trabalha incansavelmente para oferecer o melhor cuidado possível.