O Encontro Entre Gerações no Palco
Recentemente, tive o prazer de assistir ao espetáculo A Lista no Teatro Carlos Gomes, no coração do Rio de Janeiro. Desde os primeiros minutos, ficou claro que não estava apenas diante de uma peça teatral, mas de uma experiência emocionalmente rica, que mistura humor, drama e uma dose generosa de humanidade. A presença de Lilia Cabral, ao lado de sua filha Giulia Bertolli, cria uma conexão tão autêntica que faz o público se sentir parte da história.
Com texto de Gustavo Pinheiro e direção de Guilherme Piva, A Lista é mais do que uma obra teatral. Ela é um convite para refletirmos sobre afeto, solidão e o que significa viver em uma cidade tão intensa quanto o Rio de Janeiro.
A Peça e Sua Ligção com Copacabana
Quando penso em A Lista, a palavra-chave que me vem à mente é “Copacabana”. Não apenas por ser o bairro onde a trama se desenrola, mas pela maneira como ele é retratado: como uma verdadeira metáfora do Brasil. Copacabana é um lugar de contrastes, onde luxo e simplicidade coexistem, onde o passado e o presente se encontram a cada esquina. Gustavo Pinheiro, o autor, consegue captar essa essência com maestria. Sua vivência no bairro transparece em cada diálogo e situação.
Ao longo da peça, somos apresentados a duas vizinhas que, apesar de suas diferenças, encontram no outro um refúgio e uma forma de redenção. Essa dinâmica reflete a própria essência de Copacabana: um mosaico de histórias e personalidades que, juntas, criam algo maior do que a soma de suas partes.
Uma Montanha-Russa de Emoções
Guilherme Piva descreve o texto como uma “montanha-russa de emoções” — e ele tem razão. O roteiro de A Lista é cuidadosamente construído para levar o público do riso às lágrimas, muitas vezes em questão de minutos. Há algo profundamente humano na forma como a história transita entre o cômico e o trágico, refletindo as nuances da vida real.
A iluminação e o cenário também desempenham um papel crucial nesse processo. Cada cena é enriquecida por uma paleta de cores e uma disposição espacial que destacam os sentimentos em jogo. É como se cada elemento estivesse em harmonia para amplificar a narrativa, tornando-a ainda mais envolvente.
Os Bastidores e o Talento das Atrizes
Lilia Cabral, com sua vasta experiência e talento inegável, entrega uma performance memorável. Sua personagem é complexa, cheia de camadas que vão se revelando aos poucos. Ao seu lado, Giulia Bertolli prova que talento também é hereditário. A dinâmica entre as duas é tão natural que é impossível não se emocionar.
Nos bastidores, a equipe também brilha. Desde a direção de movimento de Marcia Rubin até os figurinos de J.C. Serroni, cada detalhe é pensado para complementar a experiência do público. É um lembrete de que o teatro é uma arte coletiva, onde cada membro da equipe contribui para o resultado final.
A Importância de Temporadas Populares
Um dos aspectos mais notáveis desta nova temporada de A Lista é seu caráter popular. Com ingressos a partir de R$40, a produção demonstra um compromisso em tornar o teatro acessível para um público mais amplo. Em uma época em que o acesso à cultura é muitas vezes limitado, iniciativas como essa são fundamentais.
Como Lilia Cabral destacou, apresentar-se no Rio de Janeiro tem um sabor especial. E eu não poderia concordar mais. Há algo único em assistir a uma peça que celebra a cidade no coração dela mesma. O Teatro Carlos Gomes, com sua história rica, é o palco perfeito para essa experiência.
Reflexões e Lições de Vida
No final das contas, A Lista é mais do que uma história sobre duas vizinhas. É uma celebração da comunicação, da empatia e do poder transformador do afeto. Em tempos em que o mundo parece cada vez mais dividido, peças como essa nos lembram da importância de encontrar pontos de conexão.
Se você tiver a oportunidade de assistir a A Lista, não deixe passar. Mais do que um espetáculo, é uma experiência que permanecerá com você muito tempo depois que as luzes do palco se apagarem.
