
A busca por um recomeço digno em um novo país é um dos principais desafios enfrentados por migrantes e refugiados que chegam ao Brasil. Além das barreiras linguísticas e culturais, a inserção no mercado de trabalho formal representa uma das etapas mais críticas no processo de integração social desses indivíduos. Pensando em contribuir com essa realidade, a Universidade Salvador (UNIFACS), por meio do Centro de Serviço ao Migrante (CSM), lançou uma iniciativa transformadora que está abrindo portas no competitivo setor de telecomunicações para migrantes e refugiados residentes em Salvador e Lauro de Freitas.
Em parceria com a empresa PremCell, o Centro Aplicado de Direitos Humanos (CADH) e a Fundação Pan-Americana de Desenvolvimento (PADF), o projeto busca não apenas intermediar vagas de emprego, mas também criar um caminho sustentável para a autonomia financeira e a integração social plena desses profissionais. As oportunidades incluem contratação com carteira assinada sob o regime CLT para funções no setor de telecomunicações, especificamente para trabalho em altura, oferecendo estabilidade e direitos trabalhistas completos para os selecionados.
A iniciativa vem em um momento crucial, quando o Brasil experimenta um aumento no fluxo migratório e, simultaneamente, o setor de telecomunicações passa por expansão e modernização, demandando mão de obra qualificada e disposta a enfrentar os desafios específicos da área. Para os migrantes e refugiados, essa oportunidade representa muito mais que um emprego – é um passo decisivo para reconstrução de suas vidas e dignidade em solo brasileiro.
Como Funciona o Processo Seletivo para Migrantes no Setor de Telecomunicações
O processo seletivo da PremCell, intermediado pelo Centro de Serviço ao Migrante da UNIFACS, foi estruturado para ser acessível e considerar as particularidades da condição de migrantes e refugiados. Os interessados têm até o dia 23 de maio de 2025 para manifestar interesse, devendo comparecer presencialmente à sala do CSM, localizada no Campus Tancredo Neves, no bairro Caminho das Árvores, em Salvador.
O atendimento acontece de segunda a sexta-feira, no período da tarde, das 14h às 17h, permitindo flexibilidade para os candidatos. Durante esta primeira etapa, é fundamental que os interessados apresentem seus documentos pessoais e, se disponíveis, currículo, diplomas e certificados que comprovem qualificações anteriores. Esta documentação auxiliará na avaliação de competências e experiências prévias, mesmo que adquiridas em outros países.
Após a manifestação de interesse e análise inicial de documentos, os candidatos que atenderem aos requisitos básicos serão encaminhados para entrevistas com a empresa contratante. Esta etapa permite uma avaliação mais aprofundada do perfil comportamental e técnico, além de esclarecer detalhes sobre as funções a serem desempenhadas e condições de trabalho.
Perfil Buscado e Requisitos para as Vagas
A PremCell busca um perfil específico para as posições oferecidas, considerando as particularidades do trabalho no setor de telecomunicações. Os principais requisitos incluem:
- Ser do sexo masculino, com idade entre 18 e 45 anos
- Não apresentar medo de altura, condição essencial para o trabalho em torres e estruturas elevadas
- Ter disponibilidade para viagens, considerando a natureza do trabalho que pode exigir deslocamentos para manutenção e instalação de equipamentos em diferentes localidades
- Estar apto fisicamente para o exercício das funções, que podem demandar esforço físico e condições específicas de saúde
É importante destacar que não há exigência explícita de experiência prévia no setor de telecomunicações, o que amplia as possibilidades para migrantes que nunca atuaram na área, mas possuem disposição para aprender e se desenvolver profissionalmente. Essa característica é particularmente relevante, considerando que muitos refugiados e migrantes enfrentam dificuldades para comprovar experiências anteriores ou têm formação em áreas distintas.
O Papel da UNIFACS na Integração de Migrantes ao Mercado de Trabalho
O Centro de Serviço ao Migrante da UNIFACS representa uma iniciativa pioneira no contexto educacional baiano, demonstrando o compromisso da instituição com questões sociais que transcendem o ambiente acadêmico tradicional. Estabelecido como um espaço de acolhimento, orientação e apoio, o CSM desenvolve diversas ações voltadas à integração de migrantes e refugiados na sociedade brasileira.
A professora e internacionalista Rafaela Ludolf, coordenadora do CSM UNIFACS, destaca a importância fundamental do trabalho formal nesse processo de integração: “O trabalho é uma das principais portas para a integração social. Com essa parceria, conseguimos transformar acolhimento em oportunidade concreta, ampliando as chances de inserção profissional de migrantes e refugiados que buscam recomeçar suas vidas com dignidade”.
Esta visão reflete o entendimento de que a verdadeira inclusão vai além da regularização documental ou da assistência imediata. Ela passa necessariamente pela autonomia econômica e pela possibilidade de contribuir produtivamente com a sociedade anfitriã. Ao intermediar oportunidades de emprego formal, a UNIFACS não apenas auxilia migrantes individuais, mas contribui para a construção de uma sociedade mais diversa e inclusiva.
Além da intermediação de vagas, o CSM oferece outros serviços essenciais para migrantes e refugiados, como:
- Orientação sobre documentação e regularização migratória
- Apoio para revalidação de diplomas e certificados
- Cursos de português para estrangeiros
- Orientação jurídica em parceria com o curso de Direito da instituição
- Encaminhamento para serviços de saúde e assistência social
Esta abordagem holística reconhece que a inserção laboral está intrinsecamente conectada a outros aspectos da vida do migrante, formando um ecossistema de apoio que potencializa as chances de uma integração bem-sucedida.
O Setor de Telecomunicações como Caminho para Inclusão Profissional
O mercado de telecomunicações no Brasil apresenta características que o tornam particularmente receptivo à inclusão de trabalhadores migrantes. O setor passa por constante expansão e modernização, especialmente com a implementação de novas tecnologias como o 5G, que demanda a instalação e manutenção de um número crescente de antenas e equipamentos de transmissão.
Esta demanda contrasta com a escassez de profissionais dispostos a trabalhar em altura e com disponibilidade para viagens frequentes, criando um nicho de oportunidades para quem está disposto a aceitar esses desafios específicos. Para migrantes e refugiados, que frequentemente enfrentam barreiras para inserção em setores mais tradicionais, estas características representam uma vantagem competitiva.
O trabalho em telecomunicações também oferece potencial para desenvolvimento profissional progressivo. Embora possa iniciar com funções mais operacionais, o setor permite especialização técnica continuada e possibilidades de crescimento para funções de supervisão e coordenação. Considerando que muitos migrantes possuem formação técnica ou superior em seus países de origem, esta característica pode representar um caminho para recuperação de status profissional no médio prazo.
Adicionalmente, o setor é relativamente menos dependente de fluência perfeita no idioma português, especialmente para as funções operacionais, o que reduz uma das principais barreiras enfrentadas por migrantes recém-chegados. A natureza técnica do trabalho permite que habilidades práticas compensem eventuais limitações linguísticas iniciais.
Benefícios da Inclusão de Migrantes no Mercado Formal
A iniciativa da UNIFACS e parceiros produz impactos positivos que se estendem muito além dos benefícios imediatos para os migrantes contratados. Analisando em múltiplas dimensões, é possível identificar como a integração laboral de refugiados e migrantes gera valor para diferentes stakeholders:
Para os Migrantes e suas Famílias:
- Estabilidade financeira e acesso a direitos trabalhistas
- Possibilidade de envio de remessas para familiares em seus países de origem
- Desenvolvimento de novas habilidades profissionais
- Ampliação de redes de contatos sociais e profissionais
- Fortalecimento da autoestima e sentimento de pertencimento
Para as Empresas:
- Diversificação da força de trabalho com profissionais de diferentes backgrounds culturais
- Acesso a talentos com formações internacionais e perspectivas inovadoras
- Preenchimento de vagas em setores com escassez de mão de obra local
- Ganho reputacional associado a práticas de responsabilidade social
- Potencial para expansão de negócios aproveitando conhecimentos de mercados internacionais
Para a Sociedade:
- Redução da dependência de programas assistenciais
- Aumento da base de contribuintes para a previdência social
- Enriquecimento cultural e diversificação do tecido social
- Diminuição de vulnerabilidades sociais associadas ao desemprego
- Criação de modelos de integração que podem ser replicados em outras regiões
Para a Economia Regional:
- Aumento do consumo local decorrente da inclusão de novos trabalhadores formais
- Preenchimento de lacunas em setores estratégicos como telecomunicações
- Contribuição para a dinamização da economia local
- Potencial para atração de investimentos em áreas com mão de obra qualificada disponível
Esta análise multidimensional evidencia como programas de inclusão laboral de migrantes podem funcionar como catalisadores de desenvolvimento econômico e social, gerando benefícios que se amplificam muito além do impacto individual imediato.
Programas de Inclusão Laboral no Brasil e no Mundo
A iniciativa da UNIFACS se insere em um contexto mais amplo de programas de inclusão de migrantes no mercado de trabalho. Comparando com outras experiências nacionais e internacionais, é possível identificar tendências, desafios e oportunidades para aprimoramento contínuo.
No cenário internacional, países com maior tradição em acolhimento de refugiados como Alemanha, Canadá e Suécia desenvolveram programas estruturados de integração laboral. A experiência alemã com o programa “Integration through Qualification” (Integração através da Qualificação), por exemplo, demonstrou como a combinação de treinamento linguístico específico para o ambiente de trabalho, reconhecimento de qualificações estrangeiras e parcerias com empresas pode acelerar significativamente a inserção profissional.
No Brasil, iniciativas como o Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados (PARR), desenvolvido pela EMDOC em parceria com o ACNUR e empresas privadas, tem demonstrado resultados significativos na inserção de refugiados em diferentes setores econômicos. De forma similar, o projeto Empoderando Refugiadas, idealizado pela ONU Mulheres, tem focado especificamente na inclusão de mulheres refugiadas no mercado de trabalho.
A experiência da UNIFACS se diferencia pelo foco setorial específico em telecomunicações e pela forte ancoragem institucional em um centro universitário, o que potencialmente permite maior integração com atividades de pesquisa, ensino e extensão. Esta característica pode contribuir para o desenvolvimento de metodologias inovadoras de integração laboral baseadas em evidências científicas e para a formação de profissionais mais sensíveis à temática migratória.
Por outro lado, ao comparar com experiências internacionais mais consolidadas, identifica-se oportunidades para expansão do programa em aspectos como:
- Desenvolvimento de treinamentos técnicos específicos pré-contratação
- Criação de programas de mentoria com profissionais já estabelecidos no setor
- Ampliação do escopo para inclusão de mulheres migrantes, atualmente não contempladas pelo perfil específico das vagas disponíveis
- Estabelecimento de métricas de acompanhamento de longo prazo para avaliar retenção e progressão de carreira
Perguntas Frequentes Sobre o Processo Seletivo para Migrantes
Quais documentos são necessários para participar do processo seletivo?
Para manifestar interesse nas vagas, os migrantes e refugiados devem comparecer ao Centro de Serviço ao Migrante da UNIFACS portando seus documentos pessoais (como Protocolo de Refúgio, RNM, ou outros documentos que comprovem situação migratória regular). Adicionalmente, caso possuam, é recomendado apresentar currículo, diplomas e certificados de qualificações anteriores. Não é necessário ter documentação específica do setor de telecomunicações, já que treinamentos podem ser oferecidos aos selecionados.
É necessário ter experiência prévia no setor de telecomunicações?
Não é exigida experiência prévia específica no setor de telecomunicações. A empresa busca candidatos que atendam aos requisitos básicos (homens entre 18 e 45 anos, sem medo de altura e com disponibilidade para viagens) e estejam dispostos a aprender. Habilidades técnicas ou experiências em áreas correlatas, como construção civil, eletricidade ou instalações, podem ser consideradas diferenciais, mas não são pré-requisitos obrigatórios.
Há possibilidade de crescimento profissional na empresa após a contratação?
Sim, o setor de telecomunicações oferece possibilidades de desenvolvimento profissional progressivo. Inicialmente, os contratados podem começar em funções mais operacionais, mas com a aquisição de experiência e qualificações adicionais, existem oportunidades para avançar para posições técnicas especializadas, supervisão e coordenação de equipes. A empresa valoriza o desenvolvimento interno de talentos e oferece treinamentos contínuos para seus colaboradores.
Migrantes de quais nacionalidades podem participar do processo seletivo?
O programa é aberto a migrantes e refugiados de qualquer nacionalidade, desde que estejam em situação regular no Brasil e residam nas regiões de Salvador ou Lauro de Freitas. Não há restrições quanto à origem nacional, sendo valorizada a diversidade cultural que diferentes nacionalidades podem trazer ao ambiente de trabalho.
Como funciona a remuneração e os benefícios oferecidos nas vagas?
As vagas oferecidas são com carteira assinada sob o regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o que garante todos os direitos trabalhistas previstos na legislação brasileira. Isso inclui salário compatível com a função, férias remuneradas, 13º salário, FGTS e cobertura previdenciária. Adicionalmente, os contratados recebem benefícios como vale-transporte, vale-refeição e plano de saúde, conforme política da empresa. Os detalhes específicos sobre valores de remuneração e pacote completo de benefícios são apresentados durante a entrevista com a empresa.
Construindo Pontes para a Integração Social através do Trabalho
A iniciativa desenvolvida pela UNIFACS em parceria com a PremCell, o CADH e a PADF representa um exemplo concreto de como instituições de diferentes setores podem colaborar para criar soluções efetivas aos desafios da integração de migrantes e refugiados. Ao focar na inserção no mercado formal de trabalho, o programa ataca um dos aspectos mais cruciais e transformadores do processo de adaptação em um novo país.
O trabalho formal não apenas proporciona estabilidade financeira, mas também confere dignidade, pertencimento e perspectivas de futuro. Para muitos migrantes e refugiados, conseguir um emprego com carteira assinada representa um marco divisor em sua trajetória no Brasil – o momento em que deixam de ser apenas “estrangeiros” para se tornarem participantes ativos e contribuintes da sociedade que os acolheu.
O setor de telecomunicações, com sua expansão constante e demanda específica por profissionais dispostos a trabalhar em altura e com mobilidade geográfica, apresenta-se como um nicho estratégico para essa integração. As características técnicas das funções, menos dependentes de fluência perfeita no idioma e com potencial para capacitação progressiva, criam um ambiente propício para o desenvolvimento profissional de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Para os migrantes interessados em aproveitar esta oportunidade, o prazo para manifestação de interesse se estende até 23 de maio de 2025, com atendimento presencial no Campus Tancredo Neves da UNIFACS, de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h. Informações adicionais podem ser obtidas pelo Instagram @centrodeservicoaomigrante ou pelo WhatsApp (71) 98395-5216.
Esta iniciativa demonstra que, quando há compromisso institucional e parcerias estratégicas, é possível transformar o desafio da integração de migrantes em oportunidades de desenvolvimento para todos os envolvidos – os próprios migrantes, as empresas, as instituições educacionais e a sociedade como um todo. O trabalho, como porta de entrada para a integração social plena, representa não apenas um direito fundamental, mas um caminho efetivo para a construção de uma sociedade mais inclusiva, diversa e acolhedora.
Se você é migrante ou refugiado em Salvador ou Lauro de Freitas e busca uma oportunidade de emprego formal no setor de telecomunicações, compareça ao Centro de Serviço ao Migrante da UNIFACS até 23 de maio e dê o primeiro passo para sua inserção profissional no Brasil!