A Conferência Mundial de Radiocomunicações de 2023 (CMR-23), promovida pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), trouxe à tona uma série de desafios e oportunidades para a indústria de telecomunicações móveis na América do Norte. Os resultados da conferência, realizada em novembro de 2023, sublinharam questões cruciais relacionadas ao espectro, que desempenha um papel vital no avanço da tecnologia 5G e na preparação para o futuro da 6G. Recentemente, a 5G Americas, a voz que representa a 5G e além para as Américas, divulgou um white paper intitulado “Espectro na América do Norte: O Impacto da CMR-23”, que oferece uma visão aprofundada sobre os desafios e as soluções ideais para o avanço da 6G no subcontinente.
O Espectro: Um Recurso Crítico
O papel do espectro nas telecomunicações não pode ser subestimado. Para que as redes móveis evoluam e atendam às crescentes demandas de conectividade, é necessário garantir que o espectro esteja disponível em quantidade e qualidade suficientes. No entanto, como destacou Viet Nguyen, Vice-Presidente de Relações Públicas e Tecnologia da 5G Americas, “O espectro identificado para telecomunicações móveis internacionais na América do Norte está fortemente sobrecarregado, com desafios significativos relacionados à coexistência e realocação de serviços incumbentes, particularmente em bandas como 3,1-3,45 GHz e 7,125-8,4 GHz.” Esses desafios são uma chamada para a ação e revelam a urgência em lidar com a escassez de espectro.
A CMR-23 e o Futuro da Tecnologia
A CMR-23 ressaltou a necessidade de novos usos exclusivos de bandas de espectro harmonizadas internacionalmente. Essas bandas são essenciais para o avanço das tecnologias 5G e para o desenvolvimento das futuras tecnologias 6G. As decisões tomadas durante a conferência têm um impacto direto na capacidade, cobertura e desempenho geral das redes móveis da região.
As bandas de espectro discutidas, como 3,3-3,4 GHz, 3,6-3,8 GHz e 10-10,5 GHz, são vitais para a evolução das redes móveis. A disponibilidade e alocação adequada desses espectros são fundamentais para o progresso das redes, permitindo melhorias significativas em capacidade e cobertura. Além disso, as frequências da banda média superior são vistas como as mais promissoras para as implantações econômicas de 6G. Em particular, a faixa de frequência de 7,125-15,35 GHz é identificada como a mais adequada para atender às demandas futuras devido ao seu equilíbrio entre capacidade e cobertura.
O Desafio dos EUA na Alocação de Espectro
Embora os avanços da UIT sejam um passo importante, os Estados Unidos enfrentam um desafio significativo. A alocação atual de espectro de faixa média nos EUA está defasada em relação aos seus concorrentes globais. De acordo com as principais associações de telecomunicações, os EUA estão classificados em 13º lugar entre os 15 principais mercados globais em termos de espectro licenciado de faixa média. Esse posicionamento desfavorável pode levar a uma escassez crítica de até 520 MHz até 2027, se medidas não forem tomadas.
Brian Daly, Fellow da AT&T e Vice-Presidente Assistente de Padrões e Alianças Industriais, destaca a gravidade da situação, afirmando: “O espectro é o oxigênio para a nossa indústria e a América do Norte pode estar em déficit em breve, se comparado a outros países do mundo. A colaboração entre governos, indústria e órgãos internacionais é essencial para garantir que o espectro identificado na CMR-23 esteja disponível sob condições regulatórias adequadas.” É um alerta importante que não pode ser ignorado, pois a falta de espectro pode comprometer o desenvolvimento contínuo da tecnologia e a competitividade da região.
A Necessidade de Colaboração e Planejamento
A colaboração entre diferentes setores é fundamental para garantir que a América do Norte mantenha sua liderança em tecnologia sem fio. Alexander Brock, Vice-Presidente Sênior de Estratégia e Parcerias da Rogers, enfatiza: “À medida que as demandas por conectividade móvel aumentam, os atores da indústria devem colaborar para manter a liderança da América do Norte em tecnologia sem fio. Garantir espectro suficiente é investir no futuro da América do Norte e atender às crescentes necessidades de consumidores e empresas.” A mensagem é clara: o futuro das telecomunicações da região depende da capacidade de todos os envolvidos trabalharem juntos para resolver esses desafios.
Além disso, é crucial preparar-se para a próxima conferência, a CMR-27, por meio de estudos e planejamento regulatório. Karri Kuoppamaki, Vice-Presidente Sênior de Tecnologias Avançadas e Emergentes, ressalta: “É crucial preparar-se para a CMR-27 por meio de estudos e planejamento regulatório para garantir espectro para as futuras tecnologias, assegurando a liderança contínua da América do Norte nas telecomunicações globais.” Este planejamento antecipado é essencial para garantir que a região não apenas acompanhe, mas lidere as inovações tecnológicas futuras.
Sobre a 5G Americas
A 5G Americas é uma associação setorial que representa os principais provedores de serviços e fabricantes do setor de telecomunicações. Com uma missão voltada para o desenvolvimento completo das capacidades da tecnologia sem fio LTE e sua evolução além da 5G, a 5G Americas desempenha um papel crucial na promoção do desenvolvimento das redes, serviços, aplicativos e dispositivos sem fio em toda a região das Américas. Com sede em Bellevue, Washington, a 5G Americas está à frente do desenvolvimento da 5G para as Américas e trabalha para fomentar uma comunidade conectada e sem fio. Para mais informações, visite o site para o Brasil www.brechazero.com.br. Também é possível seguir a 5G Americas no Twitter (@5GA_Brasil) e acompanhar o grupo no LinkedIn (5G Americas – Latin America & Caribbean).
Os membros do Conselho de Administração da 5G Americas incluem empresas de renome como Airspan Networks Inc., Antel, AT&T, Ciena, Cisco, Crown Castle, Ericsson, Liberty Latin America, Mavenir, Nokia, Qualcomm Incorporated, Samsung, Rogers Communications, T-Mobile US, Inc., e Telefónica. A presença dessas empresas destaca a importância da colaboração e do compromisso da indústria com o avanço contínuo das tecnologias de telecomunicações.
Conclusão
À medida que a tecnologia 5G se consolida e se prepara para a chegada da 6G, é evidente que a América do Norte enfrenta desafios significativos no que diz respeito à alocação e gestão do espectro. A CMR-23 destacou a necessidade de ação coordenada para enfrentar esses desafios e garantir que a região continue a liderar o desenvolvimento das tecnologias móveis. A colaboração entre governos, indústria e órgãos internacionais será essencial para garantir que a América do Norte possa não apenas atender às demandas atuais, mas também se preparar para as futuras inovações tecnológicas. Com planejamento adequado e ações proativas, a região pode assegurar seu papel de liderança global nas telecomunicações.