
As chuvas fortes que têm afetado o Brasil recentemente não são apenas um evento climático temporário, mas um sinal de que estamos diante de uma mudança de paradigma nas condições climáticas, com tempestades mais intensas e frequentes. A chegada de uma frente fria, que trouxe chuvas fortes para 23 estados brasileiros, é um exemplo claro de como o clima tem se comportado de maneira imprevisível. Essa situação, que gerou alertas de alagamentos e deslizamentos de terra, também expôs fragilidades estruturais, como a rede elétrica do país, que continua vulnerável aos efeitos das tempestades. Neste artigo, vou discutir o impacto dessas chuvas intensas e como a modernização da infraestrutura elétrica, especialmente com redes subterrâneas, pode ser uma solução crucial para enfrentarmos os desafios que se avizinham.
O Impacto das Chuvas no Brasil: Desafios e Consequências
Quando as chuvas fortes chegaram ao Brasil nesta semana, elas não trouxeram apenas o transtorno do mau tempo, mas também uma série de consequências diretas para a vida da população. Desde segunda-feira (6), as precipitações afetaram diversas regiões, com destaque para as áreas Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste. A intensidade das chuvas foi tão grande que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alertas de risco de alagamentos e deslizamentos, especialmente no litoral do Sul e do Sudeste do país.
Essa frente fria que trouxe chuvas intensas gerou um verdadeiro caos em algumas regiões. No litoral sul de estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, por exemplo, um alerta laranja foi emitido devido ao “perigo” iminente de alagamentos e deslizamentos de terra. As chuvas, com precipitações entre 30 e 60 mm/h ou até 100 mm por dia, exigiram uma resposta rápida das autoridades. Em outros estados, como Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais e Bahia, as chuvas intensas e os ventos fortes causaram apagões, quedas de árvores e interrupções no fornecimento de energia elétrica.
O que mais me preocupa é o impacto que esses eventos climáticos têm em áreas fundamentais da vida urbana, como os sistemas de transporte, o comércio e os serviços essenciais, como hospitais. Como destacou o deputado federal Marcelo Crivella, a crise vai além dos problemas imediatos causados pelas chuvas; estamos falando de perdas significativas em áreas como alimentos que se deterioram devido a falta de energia, pessoas presas em elevadores por conta de apagões e famílias ilhadas em áreas alagadas.
A Vulnerabilidade da Infraestrutura Elétrica: O Grande Problema
Um dos principais problemas que surgem quando o clima se torna mais severo, como vimos nas últimas chuvas, é a vulnerabilidade da nossa infraestrutura elétrica. No Brasil, menos de 1% da rede elétrica é subterrânea, o que significa que a maior parte das cidades depende de fios aéreos, extremamente suscetíveis a danos causados por ventos fortes e outros efeitos climáticos. São Paulo, por exemplo, possui apenas 60 quilômetros de cabos subterrâneos, enquanto o Rio de Janeiro e Belo Horizonte contam com apenas 11% e 2% de redes subterrâneas, respectivamente.
Esse modelo de rede aérea já mostrou que tem suas limitações. Durante as chuvas intensas, quando há ventos fortes ou quedas de árvores, as redes aéreas ficam expostas a quedas de fios, incêndios e apagões que afetam toda a população. Como resultado, temos visto um aumento nos riscos de falhas no fornecimento de energia elétrica, o que agrava ainda mais a situação das famílias e das empresas.
Se olharmos para outras cidades ao redor do mundo, como Londres, Paris e Nova York, veremos que o cenário é bem diferente. Lá, os sistemas de rede elétrica subterrânea estão em funcionamento há mais de um século. Londres começou a enterrar seus fios no século XIX, enquanto Nova York já possui 71% de sua rede subterrânea. Essa diferença é um reflexo da urgência com que as cidades ao redor do mundo entenderam a necessidade de modernizar sua infraestrutura elétrica.
Redes Subterrâneas: A Solução para um Futuro Mais Seguro
A discussão sobre a implementação de redes subterrâneas não é algo novo no Brasil. O próprio deputado Marcelo Crivella, em seu Projeto de Lei nº 37/2011, já apontava a necessidade de obrigar as concessionárias a substituir redes aéreas por subterrâneas em cidades com mais de 100 mil habitantes. Infelizmente, esse projeto foi arquivado, mas as circunstâncias atuais mostram que talvez já seja tarde demais para não dar atenção a essa questão.
A substituição de redes aéreas por subterrâneas tem inúmeros benefícios. O principal deles é a maior segurança. Redes subterrâneas são muito menos suscetíveis a quedas de árvores, ventos fortes e outros problemas climáticos. Além disso, elas também ajudam a reduzir os furtos de energia, um problema que afeta muitas cidades brasileiras. O sistema subterrâneo também é mais eficiente, o que significa que a população não precisará enfrentar apagões e quedas de energia com a frequência que ocorre hoje.
Claro, há um custo envolvido na implementação desse tipo de sistema, especialmente em grandes cidades como São Paulo. A Prefeitura estima que apenas a região central da cidade demandaria investimentos de cerca de R$ 20 bilhões. No entanto, o deputado Crivella argumenta que esses gastos são um investimento a longo prazo, já que os benefícios, como a prevenção de apagões e a redução de danos, superam amplamente os custos iniciais.
Para mim, isso é uma questão de visão de futuro. Se conseguirmos modernizar a infraestrutura elétrica, não só estaremos preparados para enfrentar os desafios climáticos mais extremos, mas também melhoraremos a qualidade de vida das pessoas. A questão da segurança, a redução de perdas e a maior eficiência do sistema elétrico são argumentos irrefutáveis de que as redes subterrâneas devem ser uma prioridade para o Brasil.
O Papel das Autoridades e a Necessidade de Agir Agora
Como a crise energética e os desastres causados pelas chuvas intensas têm mostrado, a falta de infraestrutura moderna é um problema urgente. Com a previsão de mais tempestades e eventos climáticos extremos nos próximos anos, não podemos mais esperar para tomar ações concretas. Precisamos urgentemente de um sistema de distribuição elétrica mais moderno e resiliente.
A resposta para isso está, sem dúvida, na implementação de redes subterrâneas. As autoridades precisam entender que, embora o custo inicial seja elevado, o impacto positivo a longo prazo será imenso. Além de melhorar a segurança, as redes subterrâneas também ajudam a tornar o fornecimento de energia mais eficiente e confiável, o que é crucial em um mundo cada vez mais dependente de eletricidade para suas atividades cotidianas.
É fundamental que o debate sobre a modernização da infraestrutura elétrica ganhe mais força. A sociedade civil, os gestores públicos e as concessionárias de energia precisam trabalhar juntos para encontrar soluções que permitam que o Brasil se torne mais resiliente às mudanças climáticas e aos desafios que elas impõem. A crise energética que estamos vivenciando pode ser uma oportunidade de repensar e reformular o nosso modelo de distribuição de energia.
Conclusão: Um Futuro Mais Seguro e Sustentável
Em resumo, as chuvas intensas que estão afetando o Brasil são um reflexo do que está por vir: um clima mais imprevisível e tempestuoso, que exige respostas adequadas. A modernização da infraestrutura elétrica, com a implementação de redes subterrâneas, é uma solução que, embora desafiadora, é essencial para a segurança e a eficiência do sistema de distribuição de energia do Brasil. Precisamos agir agora, para que possamos garantir um futuro mais seguro, resiliente e sustentável para as próximas gerações.